Entre as 30 espécies de ipês que existem, o ipê roxo da espécie Tabebuia impetiginosa, ou ipê-roxo-bola, é o primeiro a florir no município de São Paulo, no período de inverno. A florada dos ipês, tanto do roxo, amarelo, branco ou rosa está ligada a disponibilidade de água. Após um longo período de escassez hídrica, a planta se prepara para florir. Por esse motivo que o ipê marca a chegada da estação. Antes de florir, o ipê perde todas as suas folhas para reservar energia e inicia a florada que é a fase de reprodução da planta. Quanto mais violenta a seca, maior a quantidade de flores.
O Projeto Pomar , da Secretaria de Meio Ambiente, cultiva nas margens do Rio Pinheiros, em média 40 exemplares de ipê que estão plantados em definitivo há seis anos e apresentam floradas singelas há dois anos, porque ainda são muito novos. Se observarmos pela cidade, como na Rua da Consolação, os ipês plantados antecipam a florada quando comparados aos existentes em parques, como no Parque Villa-Lobos e em outras áreas verdes, devido à impermeabilidade do solo .
Conforme o biólogo Alexandre Soares, do Projeto Pomar, outro motivo para a antecipação da florada é que este outono está com a temperatura 2 graus centígrados mais elevada do que os anos passados. O clima mais quente colaborou para que as flores nascessem em maio e, provavelmente, conforme a sensibilidade das flores ao vento, permanecerão até meados de agosto e setembro, combinando com a florada do ipê branco.
O ipê roxo-bola atinge cerca de 8 a 12 metros de altura e com 300 anos, seu tronco pode chegar até a 90 centímetros de diâmetro. “Ele não tem aquelas raízes que estouram calçadas e é uma planta de crescimento moderado que dificilmente atingirá a rede elétrica. Por isso é uma árvore ótima para a arborização de ruas, além de ser, como o ipê-amarelo, a flor símbolo do Brasil”, disse Alexandre.
Essa árvore ocorre somente na América do Sul, principalmente na Mata Atlântica, florestas de altitude e no cerrado. A madeira do ipê é considerada nobre ou de lei, sendo pesada, dura e resistente ao ataque de insetos, como cupim. Antigamente, a madeira era muito utilizada na construção civil, em escadas, casas, assoalhos e também para a confecção de bolas de boliche e bocha. Com a exploração desenfreada, a planta foi desaparecendo do seu ambiente natural ; porém, experiências com o plantio de eucaliptos, que crescem rápido, a madeira dos ipês foi sendo substituída por madeiras de reflorestamento, conhecidas como “ecologicamente corretas”. Árvores com floradas como o ipê , são mais utilizados com finalidades ornamentais e paisagismo, não mais para o aproveitamento da madeira.
A planta produz grande quantidade de sementes, que são aladas, carregadas pelo vento, que germinam em poucos dias, possibilitando que nasçam outros ipês em volta, mas com a taxa de crescimento moderada. A maturação dos frutos ocorre de setembro a novembro, época que coincide com o início das chuvas, quando as sementes da espécie já tem umidade suficiente para germinar e se desenvolver bem.
Silvia Regina Borges
Da Secretaria do Meio Ambiente