Meio Ambiente: Ipês roxos florescem na Marginal do Rio Pinheiros

Projeto Pomar cultiva nas margens do Rio Pinheiros, em média, 40 exemplares de ipê que estão plantados em definitivo há seis anos

ter, 13/06/2006 - 15h36 | Do Portal do Governo

Entre as 30 espécies de ipês que existem, o ipê roxo da espécie Tabebuia impetiginosa, ou ipê-roxo-bola, é o primeiro a florir no município de São Paulo, no período de inverno. A florada dos ipês, tanto do roxo, amarelo, branco ou rosa está ligada a disponibilidade de água. Após um longo período de escassez hídrica, a planta se prepara para florir. Por esse motivo que o ipê marca a chegada da estação. Antes de florir, o ipê perde todas as suas folhas para reservar energia e inicia a florada que é a fase de reprodução da planta. Quanto mais violenta a seca, maior a quantidade de flores.

O Projeto Pomar , da Secretaria de Meio Ambiente, cultiva nas margens do Rio Pinheiros, em média 40 exemplares de ipê que estão plantados em definitivo há seis anos e apresentam floradas singelas há dois anos, porque ainda são muito novos. Se observarmos pela cidade, como na Rua da Consolação, os ipês plantados antecipam a florada quando comparados aos existentes em parques, como no Parque Villa-Lobos e em outras áreas verdes, devido à impermeabilidade do solo .

Conforme o biólogo Alexandre Soares, do Projeto Pomar, outro motivo para a antecipação da florada é que este outono está com a temperatura 2 graus centígrados mais elevada do que os anos passados. O clima mais quente colaborou para que as flores nascessem em maio e, provavelmente, conforme a sensibilidade das flores ao vento, permanecerão até meados de agosto e setembro, combinando com a florada do ipê branco.

O ipê roxo-bola atinge cerca de 8 a 12 metros de altura e com 300 anos, seu tronco pode chegar até a 90 centímetros de diâmetro. “Ele não tem aquelas raízes que estouram calçadas e é uma planta de crescimento moderado que dificilmente atingirá a rede elétrica. Por isso é uma árvore ótima para a arborização de ruas, além de ser, como o ipê-amarelo, a flor símbolo do Brasil”, disse Alexandre.

Essa árvore ocorre somente na América do Sul, principalmente na Mata Atlântica, florestas de altitude e no cerrado. A madeira do ipê é considerada nobre ou de lei, sendo pesada, dura e resistente ao ataque de insetos, como cupim. Antigamente, a madeira era muito utilizada na construção civil, em escadas, casas, assoalhos e também para a confecção de bolas de boliche e bocha. Com a exploração desenfreada, a planta foi desaparecendo do seu ambiente natural ; porém, experiências com o plantio de eucaliptos, que crescem rápido, a madeira dos ipês foi sendo substituída por madeiras de reflorestamento, conhecidas como “ecologicamente corretas”. Árvores com floradas como o ipê , são mais utilizados com finalidades ornamentais e paisagismo, não mais para o aproveitamento da madeira.

A planta produz grande quantidade de sementes, que são aladas, carregadas pelo vento, que germinam em poucos dias, possibilitando que nasçam outros ipês em volta, mas com a taxa de crescimento moderada. A maturação dos frutos ocorre de setembro a novembro, época que coincide com o início das chuvas, quando as sementes da espécie já tem umidade suficiente para germinar e se desenvolver bem.

Silvia Regina Borges

Da Secretaria do Meio Ambiente