Estudos sobre o material genético, como o DNA e o RNA, são conduzidos pelo Laboratório Multiusuários Centralizado em Genômica Funcional Aplicada à Agropecuária e Agroenergia, sediado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de são Paulo (USP).
O espaço firma parcerias que contribuem para as pesquisas médicas na área conhecida como ciências ômicas, ligadas a análises de DNA (genômica), RNA (transcriptômica), proteínas (proteômica) e metabólitos (metabolômica).
Vale destacar que o A.C.Camargo Cancer Center é uma das instituições de pesquisa que tem utilizado as ferramentas ômicas no diagnóstico, tratamento, ensino e pesquisa do câncer. A empresa possui uma ampla experiência em genômica e transcriptômica, com a maior parte dos projetos desenvolvidos nesse campo.
“De uma maneira geral, proteômica e metabolômica ainda são setores pouco explorados na instituição. No momento, estamos em fase de inserção dessas tecnologias a partir de uma colaboração com o Laboratório Multiusuários da Esalq, coordenado pelo professor Carlos Alberto Labate”, explica a biomédica Elisângela de Jesus Silva, pós-doutoranda no grupo de pesquisa da Patologia Investigativa do A.C.Camargo Center.
Benefícios
De acordo com a biomédica, os principais benefícios do uso de estratégias ômicas em cancerologia estão ligadas ao estudo dos mecanismos moleculares responsáveis pelo surgimento do câncer e progressão da doença, além da busca de biomarcadores diagnósticos. Além disso, por meio de prognósticos, é possível predizer se haverá resposta a tratamentos para vários tipos de tumores.
“A ideia é que a futura utilização dos conhecimentos para a clínica médica possa contribuir para o desenvolvimento da medicina personalizada, trazendo maior expectativa de sobrevivência e melhor qualidade de vida para pacientes oncológicos”, completa Elisângela de Jesus Silva.
Segundo a pesquisadora, a integração das auxiliará na análise de biomarcadores de valor clínico significativo, incluindo a predição de resposta à imunoterapias. “Até o momento, enviamos ao Laboratório Multiusuários da Esalq apenas amostras de câncer de pênis para realização de um teste piloto”, revela.
Odontologia
Outra área beneficiada com os estudos que utilizam as ciências ômicas é a odontologia. “As ferramentas vieram para ficar, embora o acesso em termos de custo e as dificuldades na análise sejam particularmente impactantes. A facilidade de varrer inúmeros genes é fascinante e permite uma visão muito mais global no contexto”, diz o professor Ricardo Coletta, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O professor já participou de atividades no Centro de Genômica Funcional, coordenado pelo professor Luiz Lehmann Coutinho e que também faz parte do Laboratório Multiusuários da Esalq. O docente ressalta a competência da equipe e a vantagem de os alunos acompanharem o processamento de análise das amostras.
O pesquisador cita que um dos resultados que o grupo de pesquisa conseguiu obter foi descrever mutações novas em casos de fibromatose, doença caracterizada pelo crescimento do tecido conjuntivo, e de oligodontia não-sindrômica, anomalia dentária envolvendo a ausência de seis ou mais dentes permanentes.
“Estamos analisando os dados de outras doenças. No caso da espectrometria de massas, já descrevemos vários marcadores com potencial prognóstico. Contudo, muito ainda tem que ser realizado antes de levá-los à prática clínica, seja como marcadores ou alvos terapêuticos para o câncer oral”, explica o professor Ricardo Coletta.
Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Laboratório Multiusuários Centralizado em Genômica Funcional Aplicada à Agropecuária e Agroenergia fica na Esalq, no campus da USP em Piracicaba, no interior paulista. O espaço realiza atendimento a demandas de várias instituições, como universidades e empresas.
