IPT, ITA e Fapesp estudam forma de utilizar energia que vem do lixo

Projeto estuda destinação limpa do lixo residencial, industrial e hospitalar, gerando energia suficiente para realimentar processo

sex, 18/05/2007 - 21h28 | Do Portal do Governo

No futuro, o lixo urbano poderá iluminar residências. Para que esta previsão se concretize, pesquisadores do IPT e do ITA, com apoio da Fapesp, unem esforços num projeto que estuda o tratamento do lixo municipal, hospitalar e industrial para produção de energia.

O processo formulado utiliza plasma gasoso (gás aquecido por descarga elétrica, com temperaturas muito elevadas, acima das obtidas na combustão) como fonte de calor para converter energia elétrica em energia térmica para gaseificar o lixo. Introduzido no reator a plasma, o lixo se degrada e gaseifica gerando gases menos poluentes do que os obtidos em processos usuais de tratamento de resíduos, como em aterros sanitários ou incineração.

Antonio Carlos da Cruz, pesquisador envolvido no projeto, destaca que a maior vantagem do processo está na eficiência para resolver o problema do lixo. “Primeiramente, ainda consideramos a reciclagem como método mais eficaz para a economia de energia; mas para os materiais que não podem mais ser reciclados esta é, na nossa visão, a melhor maneira de lidar com o problema.”

O pesquisador explica que os aterros sanitários geram gás carbônico (CO2) e metano e que este segundo gás é ainda pior que o primeiro como causador do efeito estufa. “O efeito de um litro de metano equivale ao prejuízo de 21 litros de CO2. Este processo que estudamos ainda produz CO2, mas já está livre dos malefícios do metano”, exemplifica.

Além disso, o processo, por utilizar temperaturas mais elevadas, dificulta a formação de dioxinas (as substâncias mais tóxicas conhecidas) geradas nos processos térmicos para tratamento de resíduos, principalmente na incineração. O novo método traria a vantagem de fundir e tornar inertes os materiais inorgânicos presentes no lixo, sem gerar cinzas e propiciando o reaproveitamento das sobras na fabricação, por exemplo, de pisos.

Os pesquisadores envolvidos neste projeto informam que o estudo ainda não determinou qual será a margem exata da produção de energia. Porém, que mesmo que a energia gerada supra somente a energia necessária para realimentar o processo, já será um avanço, ajudando a dar um fim adequado ao lixo, que é atualmente um dos grandes problemas ambientais. A previsão é de que o processo de plasma acrescente de 15% a 20% da energia já contida no lixo. Além da parceria entre o IPT e o ITA com apoio da FAPESP, o projeto tem a participação da empresa MultiVácuo, que pretende comercializar a tecnologia. Hoje, um reator específico encontra-se em fase de desenvolvimento e, segundo a previsão dos pesquisadores, se tornará uma unidade-piloto em dezembro de 2007.

Da Assessoria de Imprensa do IPT

(R.A.)