Integração entre unidades da Unesp possibilita estudos sobre camarões

Universidade Estadual Paulista conta com parceria entre campi no estudo de espécies marinhas e de água doce em São Paulo

ter, 09/07/2019 - 20h09 | Do Portal do Governo

O Laboratório de Biologia de Camarões Marinhos e Dulcícola (Labcam), da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Bauru, promove diversas atividades ligadas ao estudo do animal e conta com a participação de 13 estudantes de graduação e pós-graduação.

Criado em 2005, o espaço é referência em pesquisas que buscam levantar a biodiversidade das espécies, compreender a dinâmica populacional e analisar o desenvolvimento embrionário, ações que geram informações preciosas para a pesca e a preservação ecológica dos crustáceos.

O grupo de pesquisadores da Unesp analisa os animais, o que ajuda a compreender mudanças na biodiversidade de rios e mares brasileiros. “A maioria dos exemplares de interesse comercial, como o camarão-rosa, pelos nossos estudos, confirmamos que o defeso hoje está adequado para essas espécies”, explica à TV Unesp o professor Rogério Caetano da Costa, coordenador do laboratório.

“Já para o camarão sete-barbas, achávamos que existia apenas uma espécie. Agora, são duas. Estamos identificando essa nova espécie para termos mais estudos e sabermos como elas se comportam no ambiente. Em termos de abundância, esse recurso pesqueiro é o terceiro do Estado de São Paulo”, completa o docente.

Diversidade

Desde a graduação em Ciências Biológicas, Régis Pescinelli encontrou nos camarões um objeto de estudo tão fascinante que segue com as pesquisas até no doutorado. Ele é aluno do programa de pós-graduação em Zoologia da Unesp em Botucatu e estuda a diversidade de uma das espécies encontradas em Cananeia, no litoral paulista.

O estudante busca identificar, por exemplo, a distribuição dos exemplares no local, se existe competição entre os indivíduos, a maturidade sexual dos machos e fêmeas, a relação com o meio ambiente e as estruturas corporais das larvas.

“Minha pesquisa tem grande importância porque os camarões em estudo ainda são pouco analisados no Brasil. Sobre uma das espécies, o camarão Alpheus brasileiro, redescrita em 2012, um ano antes de eu ingressar no mestrado, não havia nenhum tipo de informação acerca da ecologia ou do comportamento dela. Todos os resultados obtidos são referências inéditas a respeito da biologia dessas espécies”, ressalta o doutorando Régis Pescinelli à TV Unesp.

Natural de Sergipe para fazer doutorado na Unesp, Rafael Santos já descreveu uma espécie inédita na literatura brasileira. O aluno ressalta que a coleta das amostras é o primeiro passo do desafio. “Instalamos armadilhas artificiais nos mergulhos. A partir desse momento, retiramos o substrato e encontramos as espécies associadas. Coletamos as fêmeas com ovos e trazemos ao laboratório, onde iniciamos o processo de cultivo, até o momento da eclosão dos ovos”, relata.

“A partir daí, retiramos as larvas e fazemos o processo de desenho, no qual identificamos, dentro dessas estruturas, quais são os aspectos que separariam uma espécie da outra”, acrescenta Rafael Santos.

Conquistas

De acordo com o aluno de pós-graduação em Zoologia Caio Nogueira, uma das principais conquistas das pesquisas com camarões é permitir o equilíbrio entre a pesca econômica e a preservação das espécies. “Antigamente, houve os colapsos dos estoques pesqueiros. Desde então, as pesquisas do nosso grupo de pesquisa e de outros pelo Brasil auxiliaram para manejar a duração do período da pesca”, diz o estudante.

O coordenador do Labcam ressalta, ainda, a importância da parceria entre as unidades da Unesp para a formação dos pesquisadores. Ligados ao programa de pós-graduação em Botucatu, os profissionais desenvolvem a parte prática no laboratório em Bauru. O intercâmbio favorece o conhecimento.

“Eles têm uma grande oportunidade de melhorar a formação por meio de outras disciplinas. Hoje, o aluno formado aqui tem uma maior especialidade na área de biodiversidade e da ecologia das populações, mas, em contato com outros laboratórios, eles têm a possibilidade de aumentar suas linhas de pesquisa”, finaliza o docente Rogério Caetano da Costa.