Integração entre polícias e ação social reduz homicídios em Diadema

Uma das ações foi a organização dos conselhos de segurança comunitária, integrados pela PM, comunidade e município

sáb, 12/05/2007 - 15h45 | Do Portal do Governo

O soldador José Andrade, 49 anos, conhece bem Diadema, na Grande São Paulo, onde mora há 30 anos. Do passado, não guarda boas recordações, porque em 1997 seu primo foi morto por “dedurar quem fazia coisa errada”. Na época, o seu bairro, Caema, era formado por favelas. Hoje, há conjuntos habitacionais, iluminação e saneamento.

“Diminuíram significativamente o número de homicídios e a cidade está mais segura. Se houver assalto, chamo a polícia e o criminoso é pego”, avisa Andrade. Ele elogia o entrosamento da guarda municipal com as polícias Civil e Militar. Em 1999, considerando homicídios cometidos, dados da Secretaria de Segurança Pública apontavam Diadema como a cidade mais violenta do Estado. Cinco anos depois, ficou na 22ª colocação.

O Ministério da Saúde avalia os locais onde mais ocorreram mortes violentas. Em 2000, Diadema estava em 7º lugar. Quatro anos depois, despencou para a 38º posição. Em 1999, a prefeitura registrou 374 homicídios. Mais de um por dia. No ano seguinte, 271. Os assassinatos diminuíram para 79 no ano passado. Nos três primeiros meses de 2007, ocorreram 15 homicídios e quase todos foram esclarecidos.

Paz – O tenente-coronel Paulo Roberto Cicereli, comandante do 24º Batalhão da PM de Diadema, explica que a redução deve-se à integração das polícias Civil, Militar, prefeitura, Judiciário, Ministério Público e comunidade. Todos atuam para levar a paz aos cidadãos. Uma das ações para conter o caos foi a organização dos conselhos de segurança comunitária, integrados por representantes da PM, comunidade e município. “Nos encontros mensais, são identificados os problemas de cada bairro”, relata o comandante.

Das reuniões surgem reivindicações sociais – melhoria de saneamento básico, mais policiamento em certos locais, onde existem rachas de carros ou pontos de drogas. Cada esfera atua para solucionar o caso.

“Há sete anos, a população não reclamava da violência, pois a auto-estima era baixa”, recorda a secretária de Defesa Social da cidade, Regina De Luca Miki. “Para agir, era necessário conhecer os números e o local dos crimes, por que e quem cometeu”, explica, acrescentando que, então, a prefeitura passou a receber dados mais detalhados da polícia Civil, retirados do sistema eletrônico de informações criminais Infocrim.

Mediação de conflitos – “Descobrimos que o cidadão tinha contato familiar ou interpessoal com quem morria e matava”, informa Regina. Como a violência ocorria em até um quilômetro da residência, foi criada a mediação de conflitos. “Conversamos e incentivamos os moradores a tornar a convivência mais pacífica no bairro”, explica.

Segundo a secretária, 80% dos homicídios ocorriam por motivos fúteis: dívida, barulho, cachorro, pisão no pé ou olhadela na namorada. Sessenta por cento dos assassinatos foram em bares. Em julho de 2002, foi promulgada a lei municipal para fechamento dos botecos a partir das 23 horas. Todo dia, técnicos e soldados da PM percorrem os 70 quilômetros da cidade para fiscalizar o cumprimento da lei.

Desde 2002, dos 4,8 mil bares de Diadema, 15 foram lacrados, pois funcionavam após o horário determinado, apesar de reincidência de multa. “Segurança é um problema complexo e devemos dar prioridade à educação, ao saneamento, à iluminação, à saúde e ao lazer”, frisa a secretária de Defesa Social.

Exemplo disso é o Projeto Adolescente Aprendiz, com atividades culturais e artesanais para adolescentes de 14 e 15 anos. Mais de 10,2 mil já foram atendidos. “A ação desperta sentimentos de cidadania e visão de futuro. Disputamos a garotada com o tráfico de drogas”, salienta Regina.Leia também:

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Viviane Gomes

Da Agência Imprensa Oficial