Instituto de Ciências Biomédicas da USP homenageia professor emérito

Congregação da unidade da Universidade de São Paulo destacou trajetória e relevância de Erney Felício Plessmann de Camargo

ter, 28/08/2018 - 8h37 | Do Portal do Governo

Na última semana, a Congregação do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) homenageou o professor emérito da unidade Erney Felício Plessmann de Camargo, durante uma reunião temática. Vale destacar que o docente foi um dos responsáveis pela criação de um núcleo avançado de pesquisa da USP na cidade de Monte Negro, em Rondônia.

“Não são os prédios e laboratórios sofisticados que fazem uma universidade, mas sim as pessoas. Por isso, é sempre importante destacar os docentes que forjaram esta universidade e que a ajudaram a se consolidar no cenário mundial. São pessoas como o professor Erney que, com seu trabalho, fazem da USP o que ela é”, ressalta o reitor Vahan Agopyan.

“Mais do que celebrar um trabalho de 30 anos na Amazônia brasileira, o evento homenageia a trajetória e a contribuição feita pelo professor ao longo de mais de 40 anos de vida acadêmica, que enche de orgulho não apenas a USP, mas o Estado de São Paulo e o Brasil”, enfatiza o diretor do ICB, Luis Carlos de Souza Ferreira.

Discípulo

Ex-reitor da USP e atual secretário de Estado da Saúde, Marco Antonio Zago lembrou que, como discípulo do professor Samuel Pessoa, Erney de Camargo herdou duas características: o amor pela parasitologia e a facilidade de somente dar atenção aos verdadeiros problemas.

“Erney pode ser listado entre os cientistas que compõem a elite brasileira da protozoologia; seus trabalhos e os de seus discípulos e colaboradores abarcam um amplo espectro do conhecimento envolvendo a biologia, a evolução e a filogenia de tripanosomídeos, plasmódios e vetores como Anopheles. Inevitavelmente, esse tipo de estudo, quando feito por um médico, leva ao interesse pelos pacientes, pelos habitantes e pelas comunidades. Em especial as comunidades de regiões rurais ou de regiões isoladas, como a Amazônia”, afirma Marco Antonio Zago.

O professor Erney Felício Plessmann de Camargo iniciou seu discurso agradecendo a presença de tantos amigos e colegas que participaram do evento. “Essa homenagem é para todo o ICB e a todos nós que, em determinado momento, contribuímos para o desenvolvimento da USP”, diz. Também fez questão de mencionar a influência que teve em relação ao professor Samuel Pessoa, na Faculdade de Medicina, que se indignava com o descaso com a saúde e as más condições de vida da população brasileira, especialmente na zona rural.

Trajetória

O docente emérito obteve graduação em Medicina pela USP e iniciou a carreira acadêmica no Departamento de Parasitologia da Faculdade de Medicina. Os primeiros trabalhos foram sobre a bioquímica de protozoários parasitas, em colaboração com Luiz Hildebrando. O primeiro estudo independente, publicado em 1964, tratou do crescimento e diferenciação do Trypanosoma cruzi, sendo até hoje citado na literatura científica internacional.

Em 1964, junto com outros pesquisadores, foi demitido da Faculdade de Medicina por razões políticas, tendo que emigrar para os Estados Unidos, onde permaneceu por cinco anos na Universidade de Wisconsin.

Após retornar ao Brasil, Erney de Camargo ingressou, em 1970, na Escola Paulista de Medicina, onde colaborou com o professor Luiz Rachid Trabulsi na reorganização do Departamento de Microbiologia e Parasitologia. Em 1985, retornou à USP como professor Departamento de Parasitologia do ICB.

Após as homenagens ao docente, ocorreu a abertura da exposição “ICB-USP na Amazônia”, instalada no saguão do prédio do instituto. ´RE importante frisar quer a mostra é composta por três ambientes: Rio Azul, com imagens da fotógrafa e bióloga Alessandra Fratus; Essência da Amazônia, exposição multimídia com imagens de Cecília Bastos e reportagem de Valéria Dias; e Hõbetarentxi (malária, na língua indígena Ashaninka), com imagens realizadas pelos pesquisadores Rodrigo Medeiros e Jamile Dombrowski.

Gratuita e aberta de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h, a exposição pode ser visitada no seguinte endereço: Av. Prof. Lineu Prestes, 2.415 – Cidade Universitária – São Paulo – SP.