Frei Galvão agora é santo, o primeiro 100% brasileiro

Ele teria curado pessoas com doenças graves com suas famosas pílulas

sex, 11/05/2007 - 11h20 | Do Portal do Governo

Do Estadao.com

O papa Bento XVI canonizou, nesta sexta-feira, o frei Galvão, o primeiro santo 100% brasileiro, diante de 1 milhão de pessoas no Campo de Marte, em São Paulo. O processo de reconhecimento da santidade durou 69 anos.

Frei Antônio de Sant´Anna Galvão nasceu em Guaratinguetá, cidade do Vale do Paraíba do Estado de São Paulo e ficou popularmente conhecido pelas “pílulas de frei Galvão”, que são até hoje distribuídas gratuitamente.

A cerimônia contou com a presença dos cerca de 400 bispos brasileiros todos em branco, no palco ao lado do papa Bento XVI. O papa teve a saudação de d. Odilo Scherer, novo bispo da Arquidiocese de São Paulo. A cerimônia de canonização do beato frei Galvão, teve a narrativa de sua história por d. José Saraiva, prefeito da Congregação da Causa dos Santos, responsável pelo setor no Vaticano que comprovou seus milagres.

Em seu discurso, que durou mais de meia hora, Bento XVI ressaltou sobre Frei Galvão as qualidades de prudência e sabedoria, além da capacidade de acolher zelosamente os pobres e doentes. “O carisma franciscano, evangelicamente vivido, produziu frutos significativos através do seu testemunho de fervoroso adorador da Eucaristia, de prudente e sábio orientador das almas que o procuravam e de grande devoto da Imaculada Conceição de Maria, de quem ele se considerava filho e perpétuo escravo.”

O papa disse que a “fama de sua imensa caridade não tinha limites” e que o exemplo do “santo de Guaratinguetá” deve ser seguido pelos católicos.

Bento XVI saudou toda a comunidade franciscana, em especial as monjas concepcionistas do Mosteiro da Luz, que “irradiam a espiritualidade e o carisma do primeiro brasileiro elevado à glória dos altares”.

A missa de canonização de frei Galvão tem dois aspectos especiais: foi rezada no país de origem do santo – o que é raro – e na língua local, em vez de latim. Só o rito de conclusão foi feito em latim.

Além de consagrar frei Galvão como santo, a celebração apresentou aos fiéis uma relíquia de frei Galvão: o pequeno pedaço de um de seus ossos.

De Guaratinguetá, cidade natal do primeiro santo brasileiro, vieram cerca de 500 pessoas.

Milagres

O processo de canonização do frei Galvão teve início em 1938 e foi retomado somente em 1991, quando o arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, nomeou como postuladora – algo como uma representante da candidatura no Vaticano – a irmã Célia Cadorin.

No total, são cinco passos para a canonização. A Igreja Católica tem 6.700 santos.

O processo até a canonização foi longo. O trabalho de beatificação foi iniciado em 1938. Para tornar-se beato, é necessário que o Vaticano reconheça um milagre atribuído ao postulante. Para tornar-se santo, é preciso um segundo milagre.

No caso de frei Galvão, o primeiro milagre ocorreu em 1990. Uma menina de São Paulo estava internada em uma UTI e já havia sido desenganada pelos médicos. Curou-se sem explicação. Com fé, sua família havia pedido a cura a frei Galvão. O Vaticano reconheceu o milagre e beatificou o frade em 1998.

O segundo milagre veio em 1999. Uma gravidez de altíssimo risco, que tinha tudo para ter as piores conseqüências para a mãe e para o bebê, terminou praticamente sem problemas. Entretanto, a criança nasceu com uma doença grave. O menino se curou logo em seguida, também sem explicação. É por causa desse milagre que frei Galvão será elevado ao status de santo.

Nos dois casos, as pessoas envolvidas tomaram as famosas “pílulas de frei Galvão”, pequenos papéis enrolados com uma oração em latim considerados milagrosos. As pílulas começaram a ser entregues pelo próprio frade. Ele as deu a uma mulher que sofria de fortes dores nos rins. Logo após ingerir os papeizinhos, o sofrimento passou.