Fauna será monitorada no Trecho Sul do Rodoanel

Acordo nesse sentido foi firmado entre a Dersa e o Museu de Zoologia da USP

qui, 16/08/2007 - 15h30 | Do Portal do Governo

A execução do Trecho Sul do Rodoanel, iniciada em maio, é um passo importante do Governo do Estado no sentido de aliviar o trânsito em torno da Capital. Mas é um passo que precisa ser dado da forma mais equilibrada possível, reassentando moradores e levando em conta a questão ambiental. Um dos caminhos adotados para cumprir com este último ponto foi selado na semana passada, quando a Dersa assinou um acordo com o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP).

Na sexta-feira, 10, o presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.), Thomaz de Aquino Nogueira Neto, firmou um convênio com a universidade para o monitoramento da fauna na área do Trecho Sul do Rodoanel. O acordo tem por objetivo acompanhar a movimentação de espécies de cinco grupos diferentes na região. Os relatórios vão dar a dimensão do impacto que a obra causa à fauna – além de servir de alerta para possíveis intervenções.

Dez estudantes do curso de biologia da USP  trabalharão no projeto. Serão cinco duplas que vão observar a presença de mamíferos, peixes, aves, répteis e borboletas nas localidades de Embu, Pedroso, Jaceguava e Bororéia. A idéia é verificar se a população aumenta ou diminui durante a construção do anel rodoviário.

Na prática, os estudantes não precisam contar os animais um por um. Uma das metodologias que utilizam para estimar a população de um determinado animal em uma região é monitorar a freqüência em determinados pontos. “Vamos instalar o que chamamos de armadilhas de pegadas”, explica Mario de Vivo, especialista do Museu de Zoologia da USP.

Ao contrário do que se poderia imaginar, as tais armadilhas não têm nada de danosas. Elas não passam de pequenas caixas de madeira com um metro quadrado de área fincadas no solo com uma lâmina de areia por cima. Os animais andam por cima delas e deixam suas pegadas. O que se faz então é observar por vários dias seguidos se a movimentação se alterou. Menos animais pode significar uma mudança em seus hábitos ocorrida pelo excesso de barulho, trepidações no solo ou escassez de água.

Segundo Vivo, não custa lembrar que a tendência, numa obra dessa envergadura, é que a fauna se adapte às condições do ambiente depois do primeiro impacto. Digamos, por exemplo, que em determinada área havia uma população de 100 passarinhos. Logo que a obra se inicia, boa parte deles sairá de lá. Com o tempo, porem, eles se acostumam com a movimentação e retornam ao habitat.

Ele ainda observa que o monitoramento atende aos condicionamentos impostos pelo licenciamento ambiental da obra. Mensalmente um relatório é escrito e encaminhado ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis).

Rodoanel

No dia 28 de maio, em Mauá, o governador José Serra acionou a máquina que deu o início simbólico aos trabalhos da nova rodovia que vai atravessar sete municípios paulistas.

O trecho a ser construído tem 61,4 quilômetros de extensão – da rodovia Régis Bittencourt, em Embu, à Avenida Papa João XXIII, em Mauá. Serão 57 quilômetros de pista em diversas cidades e 4,4 quilômetros de via em Mauá. A estrada vai passar pelas cidades de Itapecerica da Serra, São Bernardo do Campo, Santo André e Ribeirão Pires.

Tão logo concluído e integrado ao Trecho Sul, o Rodoanel vai promover uma diminuição de 43% no fluxo de caminhões na Marginal do Rio Pinheiros e de 37% na Avenida dos Bandeirantes. “Pode-se imaginar o alívio que isso vai trazer para o trânsito na Capital e na Grande São Paulo”, disse o governador ao dar início às obras.

Novos parques serão criados em torno da rodovia, o que vai elevar em cinco vezes a área verde preservada. Para a construção do Rodoanel está prevista a remoção de 212 hectares de vegetação. Em contrapartida, o plantio compensatório de árvores nativas será realizado em 1.016 hectares. “Haverá um ganho ambiental”, resumiu o governador José Serra na solenidade realizada em Mauá. As áreas preservadas incluem regiões da Várzea do Embu-Mirim, Jaceguava, Itaim, Varginha e Boroé.

Outro aspecto que os técnicos da Dersa levaram em consideração é a proximidade das tribos indígenas de Barragem e Krukutu. Apesar de não haver registro de nenhum impacto por parte de órgãos oficiais (dados os oito quilômetros que separam a rodovia das tribos), o órgão resolveu ampliar os territórios indígenas em 100 hectares – cada um passou de 25 para 125 hectares.

Manoel Schlindwein