Fábricas de Cultura auxiliam na transformação de comunidades em SP

Unidades na capital paulista contam com atividades gratuitas, como oficinas e ateliês, para jovens entre 8 e 21 anos

sex, 27/07/2018 - 20h31 | Do Portal do Governo

Com dez unidades na capital paulista, o Governo do Estado, por meio das Fábricas de Cultura, oferece oportunidades de transformação para os moradores das regiões atendidas. Os espaços são destinados à formação artística e cultural de cidadãos entre 8 e 21 anos, com instalações nas zonas norte, leste e sul de São Paulo.

Sob responsabilidade da Secretaria da Cultura do Estado, as Fábricas se destacam por desenvolver atividades e cursos gratuitos em áreas como música, dança, teatro, circo, foto, vídeo, desenho, grafite, DJ e capoeira, entre outros.

Os prédios contam com bibliotecas que apresentam uma variedade de livros, filmes, jornais, revistas, jogos, espaço para estudo e pesquisa, acesso à internet, além de contações de histórias e bate-papo com escritores. Estúdios de gravação e captação de áudio também apresentam os trabalhos da equipe técnica profissional.

A comunidade da região da Brasilândia, na zona norte da capital, aproveita os ateliês, oficinas e encontros que ocorrem durante o semestre e também no período de férias escolares. Com isso, desde junho de 2014, o espaço representa um dos locais de fortalecimento de ações dos moradores, ao integrar as famílias dos participantes, instituições de ensino, organismos sociais e entidades parceiras.

Formação

Morador da Brasilândia desde os seis anos de idade, Lucas Luiz da Silva, conhecido como Lucas Francês, é arte-educador da Fábrica de Cultura. Aos 35 anos, o professor leciona capoeira e danças brasileiras na zona norte. O primeiro contato dele com a unidade foi quando ele buscou uma cessão de espaço para dar aulas.

Desde 2015, Lucas Luiz da Silva ministra conteúdos de capoeira e observa a evolução na formação dos jovens. “Aqui é um trabalho de aprendizagem de várias questões da vida. Está sempre cheio de alunos, com muita alegria. Trata-se de uma mudança extrema, pois antes não tinha nada por aqui”, enfatiza o educador.

O professor morou na França em 2003, país em que conduz uma organização não governamental que realiza trabalhos sociais com 50 aprendizes. Na Brasilândia, a associação de dança atende 40 jovens.

Diversidade

Um dos exemplos de transformação que contou com auxílio da Fábrica de Cultura é o de Weslley de Jesus Araujo, de 21 anos, monitor da unidade da Brasilândia, nascido e criado na região. A história dele com o local começou ao participar de um ateliê de violão, quando tinha 17 anos.

“Assim que o prédio foi aberto, eu quis conhece-lo. Fiz o curso de música e várias atividades na biblioteca. Elaborei o meu currículo na Fábrica para alguns processos seletivos e iniciei as atividades aqui como Jovem Aprendiz. Recebi o convite para participar da seleção de monitor e fui aprovado”, explica o monitor.

“Eu e meus amigos não fazíamos nada na região. Com a Fábrica, aprendemos a aceitar a diversidade, pois o círculo de amizade era mais fechado. O espaço uniu todos os bairros”, completa Weslley de Jesus Araujo.

Oportunidades

Os estúdios de gravação são uma das principais atrações da unidade. Artistas de diversos estilos musicais usam as instalações e têm o auxílio de profissionais especializados. “Temos agenda com dois meses de espera”, revela o técnico de som Izaías Feitoza de Amorim, integrante da equipe da Fábrica da Brasilândia.

Morador de Parada de Taipas, também na zona norte, Fabrício Amaro da Silva, conhecido como Irmão Amaro, com 22 anos, realizou a primeira gravação de um rap no local. O músico ressaltou a importância da iniciativa. “Movimenta a comunidade e incentiva a cultura. É um meio de ajudar os moradores. Gostei da estrutura”, diz.

Um dos colaboradores que aproveitou oportunidades oferecidas pela Fábrica de Cultura é o eletricista Cristiano Luiz Miguel, de 39 anos. Criado no jardim Damasceno, também na região da Brasilândia, ele iniciou as atividades em dezembro de 2013, antes mesmo de o prédio ser inaugurado.

“Eu era faxineiro, porteiro e conheci a Fábrica. Cheguei como ajudante geral. Sabia fazer de tudo, mas não tinha como comprovar. Consegui concluir o Ensino Médio e estudei o curso técnico de eletricidade”, relata o profissional. “Este local é a minha extensão. Costumo dizer que fui gratificado com emprego, valorização, respeito e incentivo para crescer em todas as áreas. Sou feliz hoje com a minha responsabilidade”, acrescenta. Atualmente, a filha de Cristiano participa das atividades do programa, também na Brasilândia.

Rede

Vale destacar que cinco unidades são gerenciadas pela Poiesis – Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura (Brasilândia, Jaçanã, Capão Redondo, Vila Nova Cachoeirinha e Jardim São Luís), nas zonas norte e sul. Outros cinco espaços (Vila Curuçá, Sapopemba, Itaim Paulista, Parque Belém e Cidade Tiradentes), na zona leste, têm a administração da Organização Social de Cultura Catavento.

Para Fernando de Paula Soares, supervisor de Articulação e Difusão Cultural da Fábrica de Cultura da Brasilândia, o espaço apresenta benefícios na formação dos frequentadores. “É uma imagem de ponte, de ligar a região com o que ocorre no mundo. Amplia o repertório cultural das pessoas. Temos o desafio de quebrar barreiras”, afirma.

Criado na Vila Nossa Senhora do Retiro, na zona norte, ele trabalhava em um equipamento cultural da região e se inscreveu para uma vaga na biblioteca do prédio. Após um período de trabalho, Fernando de Paula Soares foi convidado para atuar como assistente de articulação e difusão cultural, assumindo a supervisão em 2017.

Ao todo, as Fábricas de Cultura das zonas sul e norte ofereceram mais de 10 mil atividades em 2017, com o público total superior a 814 mil. Foram mais de 13 mil alunos matriculados em ateliês e trilhas no ano passado.