Estudo da USP revela que pessoas idosas que praticam musculação caminham melhor

No Brasil, 30% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano

seg, 01/02/2010 - 9h00 | Do Portal do Governo

Idosas que fazem academia dão passos mais rápidos, largos e distantes do chão. A prática da musculação contribui para que o andar dessas mulheres seja mais parecido com o das jovens. Esses são os resultados de um estudo da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, do qual participaram 14 mulheres, com 61 anos em média. O trabalho teve tanta repercussão que foi publicado recentemente na revista britânica Clinical Biomechanics.

A pesquisa indica que elas melhoraram aspectos do andar relacionados ao risco de quedas, como a distância do pé ao chão. Os estudiosos acreditam que, provavelmente, os resultados valem também para os homens.

O professor Carlos Ugrinowitsch, da EEFE, foi um dos orientadores do estudo de mestrado da fisioterapeuta Leslie Persche, realizado na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele fez a maior parte das análises estatísticas. Leslie recebeu orientação de André Rodacki, da UFPR e colaboração de Gleber Pereira, da Universidade Positivo (também do Paraná).

Filmagem 

A pesquisa originou o projeto Efeitos de diferentes programas de atividade física em parâmetros relacionados ao risco de queda em idosos. A iniciativa une pesquisadores da USP, UFPR e Universidade Cruzeiro do Sul e faz parte do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (Procard), que visa a formar recursos humanos qualificados.

Na velhice, o risco de quedas aumenta porque a pessoa passa a ter dificuldades de integrar as informações dos órgãos dos sentidos e perde muita massa muscular. A perda, mais acentuada nos músculos que controlam a postura, começa aos 30 anos, mas tem efeitos sérios depois dos 60. Os músculos são formados por fibras tipo 1 e 2. Com o envelhecimento, o corpo perde as fibras tipo 2, que se contraem mais rapidamente, geram mais força e resistem menos à fadiga. Sobram as fibras tipo 1, com características opostas, e a gordura ocupa o lugar dos músculos.

As 14 mulheres avaliadas na pesquisa fizeram musculação três vezes por semana, durante quatro meses, com aumento gradual dos pesos. Antes e depois do treino, os pesquisadores filmaram o modo de andar de cada uma delas e usaram um programa de computador para descrever as alterações nos seus movimentos.

Mais força 

O treinamento de força nas mulheres reverteu as mudanças da marcha relacionadas à idade. Elas conseguiram andar mais rápido e dar passos mais largos. Os pesquisadores verificaram que agora os passos delas elevam mais os pés do chão, o que diminuiu tropeços. As passadas apresentam frequência média semelhante à de mulheres jovens. “A musculação provavelmente aumentou a força e a velocidade das fibras tipo 1 restantes”, explica Ugrinowitsch.

O fortalecimento causou melhora no andar, mesmo que as participantes não tenham aprendido técnicas para isso. Segundo Ugrinowitsch, o resultado contraria a ideia de alguns especialistas da área. Eles acreditam que os mais velhos começavam a andar em um padrão senil de forma consciente, depois que se sentiam mais fracos.

No Brasil, 30% dos idosos caem ao menos uma vez no ano, segundo dados de 2001, divulgados pelo Conselho Federal de Medicina. As quedas estão entre as causas de 12% de todas as mortes de idosos. Entre os hospitalizados devido a quedas, o risco de morte depois da hospitalização varia de 15% a 50%.

Além de melhorar o caminhar das pessoas mais velhas, a musculação traz benefícios gerais para o corpo. Para começar a praticá-la, é necessário que faça exame médico para avaliar o coração e os vasos sanguíneos. É imprescindível procurar orientação de um profissional de educação física.

Da Agência Imprensa Oficial e da USP