Estudante encontra espécies desconhecidas no Projeto Pomar

Monografia desenvolvida no projeto possibilitou a descoberta de duas espécies - uma rã e um tipo de lagarto

ter, 14/08/2007 - 9h04 | Do Portal do Governo

Quem imagina que entre às margens do rio Pinheiros e uma das mais movimentadas avenidas do país não há condições propícias para o desenvolvimento ambiental está enganado. No Projeto Pomar, em 2006, o então estudante e atual biólogo Felipe Biazon Vizioli, em sua monografia sobre répteis e anfíbios no projeto, descobriu duas espécies que não se sabia da sua existência na cidade de São Paulo.

Uma das espécies é uma pequena rã, denominada cientificamente de Elachistocleis, de aproximadamente 2,5 centímetros de comprimento. A outra é um tipo de lagarto sem patas e com cerca de 40 centímetros. “São espécies difíceis de encontrar porque vivem enterrados”, diz Felipe.

Apesar da surpreendente descoberta, ele lembra que ainda não é possível afirmar que essas duas espécies estão se reproduzindo no projeto, vez que foi encontrado apenas um exemplar da rã e dois do lagarto sem patas. “É um trabalho inicial, ainda precisa de mais estudos para provar que essas espécies estão de se reproduzindo aqui”.

Felipe acredita em três possibilidades da procedência desses animais. Podem ter vindo do Parque Burle Marx, da Represa Billings – via margem do rio – , ou através do substrato utilizado no implante do projeto. Segundo ele, antes do início do Projeto Pomar, provavelmente os animais vinham até o local, mas morriam por não encontrar um ambiente propício.

Além de animais desconhecidos, Felipe encontrou outras espécies de animais em maior abundância. No total, ele encontrou 14 espécies, sendo oito de répteis e seis de anfíbios, e algumas delas eram vistas diariamente. “Eu não esperava encontrar essa quantidade e variedades de espécies”, afirma.

Para algumas espécies, de acordo com o autor da monografia, há claras evidências de reprodução no Projeto Pomar, vez que foram encontrados ninhos e ovos. Já com relação a outras espécies, a simples abundância já evidencia a reprodução no local. Animais como Teiú, um tipo de lagarto, e pererecas foram encontrados rotineiramente.

A existência de anfíbios no Projeto Pomar são um bom sinal. Isso porque esse tipo de animais são considerados bioindicadores, ou seja a presença de anfíbios sinaliza meio ambiente mais equilibrado. Isso ocorre pois são espécies que se reproduzem na água mas que na fase adulta vivem na terra, de maneira que dependem de equilíbrio hídrico e terrestre. Além disso, como suas peles são mais permeáveis e fazem respiração cutânea, tais animais são mais sensíveis à poluição.

O símbolo do Projeto Pomar, a palmeira Jerivá é um dos motivos da sobrevivência de espécies. Conforme Felipe, a perereca e a “lagartixa doméstica” (que, apesar do nome, é exótica e oriunda inicialmente da África) costumam se esconder em meio à planta.

O estudo de Felipe durou um ano e quatro meses e se concentrou na região do Rio Pinheiros, entre as pontes do Morumbi e João Dias. Esse trecho foi escolhido, pois é onde começou o Projeto Pomar, portanto mais avançado. No entanto, ele ressalva que se “pesquisarmos nos outros pontos, podemos encontrar diversas outras coisas interessantes”.

Alexandre Soares, biólogo responsável pelo Projeto, lembra que o “Pomar também é um local de pesquisa”. Ele ressalta que cerca de 7 mil estudantes visitam o local anualmente. “Vem muita gente aqui, desde crianças até estudantes em nível de pós-graduação”.

Além de pesquisa, Alexandre Soares lembra que o Pomar também conta com um trabalho voluntário nas segundas-feiras à tarde e as quartas pela manhã. A idéia é ensinar as pessoas técnicas de plantio e poda.

As visitas podem ser agendadas por telefone no número 5892-2655.

Da Secretaria do Meio Ambiente

(J.H.)