Estado vai dobrar capacidade de produção de energia com bagaço da cana

O objetivo é passar dos atuais 2 mil megawatts para 4 mil megawatts

sex, 18/05/2007 - 9h25 | Do Portal do Governo

O Estado com a maior área plantada de cana de açúcar no Brasil, São Paulo se prepara para atingir mais uma grande marca: dobrar a capacidade de produção de energia por meio do bagaço da cana de açúcar a médio prazo. Com 4,2 milhões de hectares plantados, os paulistas são responsáveis por 72,4% da produção nacional de etanol e líderes nas exportações brasileiras do setor com US$ 5,65 bilhões em vendas externas somente em 2006.

Desta vez, o feito será aumentar dos atuais 2 mil megawatts provindos do bagaço, para 4 mil megawatts num período de quatro anos. Com o montante, é possível abastecer nove milhões de residências. E passo inicial rumo a esse objetivo foi formalizado na tarde de quarta-feira, 16, durante o primeiro encontro da Comissão paulista de Bioenergia, na secretaria de Desenvolvimento.

À mesa, secretários estaduais com a missão de orientar a produção de energia limpa e renovável no Estado. Uma das atribuições da comissão é cuidar do planejamento de diversas atividades em solo paulista, como a do setor sucro-alcooleiro.

“Foi um encontro muito produtivo porque discutimos diversos assuntos. É uma oportunidade para socializarmos as informações”, avalia José Goldenberg, o presidente da Comissão de Bioenergia e ex-secretário do Meio Ambiente de São Paulo. Goldenberg informou que em duas semanas, técnicos das secretarias envolvidas no projeto voltam a se encontrar para atualizar as informações.

A meta é num prazo de seis meses apresentar ao governador José Serra o plano de ação das entidades da administração direta e indireta necessários ao desenvolvimento da bioenergia. O documento deve nortear os rumos para garantir a produção, transporte, distribuição e uso de fontes renováveis de energia em todo Estado.

“Com as dificuldades enfrentadas pelos projetos de grande porte para geração hidrelétrica, a cogeração com bagaço de cana pode dar uma grande contribuição para reduzir o risco de faltar energia a curto prazo”, defende a secretária de Saneamento e Energia, Dilma Seli Pena. “As dificuldades para seu avanço já estão sendo equacionadas”, completa Dilma, que fez uma exposição durante o encontro.

Transporte

Além do bagaço da cana, outra pauta da reunião foi a possibilidade de uma parceria entre o governo estadual e a iniciativa privada para construção de um alcoolduto ligando Ribeirão Preto à Capital. O projeto inicial foi apresentado pelo secretário dos Transportes, Mauro Arce, e busca reduzir os custos do produto com o transporte.

Ainda durante o encontro, o secretário do Meio Ambiente, Francisco Graziano, fez uma explanação sobre os investimentos do Estado em pesquisas para melhorar os métodos de colheita e plantio da cana de açúcar. Graziano apresentou um cronograma com a previsão de mecanização da colheita pelo interior do Estado nos próximos anos. “Somente com a pesquisa poderemos manter a nossa área plantada e otimizar a quantidade da produção. A sugestão do governador é aumentar a produção com o mesmo espaço”, esclareceu José Goldenberg.

O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique de Brito Cruz, comentou que São Paulo tem projeto em parceria com a iniciativa privada de R$ 100 milhões para aplicar em pesquisas. “Estamos na iminência de ver a Fapesp lançar esse projeto em breve. Será um reforço importante”, avaliou Goldenberg.

Histórico

O uso do bagaço da cana como fonte de energia faz parte da história do setor sucro-alcooleiro. Contudo, as iniciativas para o aproveitamento dessa fonte são recentes. Nos anos 70, as caldeiras queimavam bagaço com uma eficiência da ordem de 68%, com baixa pressão e baixo aproveitamento térmico.

Em meados dos anos 90, porém, o setor já era auto-suficiente devido à co-geração, com algumas usinas possuindo equipamento de alta pressão, com maior aproveitamento térmico.

Desde então, o desenvolvimento de novas tecnologias permitiu a expansão do negócio, de forma que as usinas passassem a comercializar a produção excedente.

Cleber Mata