Especialistas internacionais em primatas visitam área de proteção ambiental em SP

Iniciativa buscou avaliar a situação dos animais que vivem na região, entre eles, o muriqui-do-sul, ameaçado de extinção

qua, 29/01/2020 - 9h33 | Do Portal do Governo
DownloadDivulgação/Fundação Florestal

A Fundação Florestal promoveu, em 22 de janeiro, uma expedição à Área de Proteção Ambiental (APA) Barreiro Rico, em Anhembi, no interior do Estado, da qual participaram diversos especialistas e pesquisadores em primatologia. Entre eles, estiveram presentes dois dos maiores do mundo: o primatólogo Russell A. Mittermeier, diretor de Conservação da Global Wildlife Conservation, e a antropóloga Karen Strier, presidente da Sociedade Internacional de Primatologia.

Também integraram a comitiva representantes da Operação Primatas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O objetivo da expedição foi reencontrar as cinco espécies de primatas presentes na APA Barreiro Rico, especialmente o muriqui-do-sul, e propor ações para a proteção da unidade de conservação.

A região possui uma das mais ricas faunas de primatas de São Paulo e já registrou a ocorrência das espécies: muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides), bugio-ruivo (Alouatta guariba), macaco-prego (Sapajus), sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) e sauá ou guigó (Callicebus nigrifrons). A maioria dessas espécies é ameaçada de extinção devido a desmatamento, incêndios e caça predatória.

Durante a visita, o grupo conseguiu avistar muriqui-do-sul, sagui-da-serra-escuro, macaco-prego e o bugio-ruivo, espécies que não eram vistas há algum tempo na região.

DownloadDivulgação/Fundação Florestal

Debate

Depois da expedição, foi realizado um debate sobre a necessidade de conhecer melhor a Estação Ecológica Barreiro Rico, que fica dentro da APA Barreiro Rico, localizar e quantificar os primatas que lá vivem; como assegurar, em médio prazo, a proteção do habitat dos primatas; como fazer a conectividade das florestas da região, para que corredores de florestas garantam a sobrevivência dos primatas; e, sobretudo, como envolver a comunidade, prefeituras e proprietários rurais para melhorar a proteção desses animais.

Russell A. Mittermeier classificou o encontro como momento histórico. “Vai mudar completamente o futuro da conservação de primatas no Estado, principalmente para o muriqui-do-sul, mas também para as outras onze espécies de primatas que vivem aqui, inclusive vários ameaçados de extinção e, em especial, o mico-leão-preto [Leontopithecus chrysopygus], endêmico em São Paulo”, salientou.

As palavras foram endossadas por Karen Strier. “Reunir esses especialistas vai contribuir para demonstrar a importância do Barreiro Rico para a conservação da biodiversidade com foco no muriqui-do-sul e os demais primatas”, destacou.

Pela importância na preservação da fauna, flora e rios da região, a Fundação Florestal tornou as unidades de Barreiro Rico um polo da Operação Corta-Fogo, de acordo com Rodrigo Levkovicz, diretor-executivo da instituição.

A prevenção de incêndio, inclusive com a contratação de maquinário para a construção de aceiros (faixas ao longo das cercas onde a vegetação foi completamente eliminada da superfície do solo) é um dos focos de ação, com a finalidade de prevenir a passagem do fogo para a área de vegetação, evitando-se assim queimadas ou incêndios nas estradas. Também está na pauta a instalação de hospedagens para pesquisadores na Estação Ecológica.

APA Barreiro Rico

A APA Barreiro Rico, situada no município de Anhembi, foi criada em 2006 e possui 292 hectares. Ela tem como principal finalidade a proteção de valiosos remanescentes de floresta estacional semidecidual e enclaves de cerrado, que abrigam espécies emblemáticas da flora (peroba-rosa, pau-marfim, jatobá, copaíba, guarita), onça-parda, irara, veado, lobo-guará e centenas de espécies de aves, além dos primatas.

O espaço está circundado por amplos remanescentes florestais, configurados em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e áreas de Reservas Legais inseridas em propriedades privadas. Na última década, a região sofreu com inúmeros incêndios florestais, ocasionando perdas significativas de biodiversidade.