‘Emílio Ribas’ participa de ação mundial inédita de prevenção ao vírus HTLV

Monumentos e prédios públicos de SP serão iluminados em vermelho no dia 10 de novembro

sex, 09/11/2018 - 17h17 | Do Portal do Governo

 

 

Neste sábado, 10 de novembro, monumentos e prédios públicos da capital – como a Ponte Estaiada, Monumento às Bandeiras, a Faculdade de Medicina da USP e a Secretaria de Estado da Saúde, entre outros –, serão iluminados com a cor vermelha, em ação inédita para alertar a população sobre a importância da prevenção e tratamento contra o vírus HTLV (Vírus T-Linfotrópico Humano), “primo desconhecido” do HIV.

A iluminação faz parte da primeira ação internacional “World HTLV Day” e é uma iniciativa do Instituto de Infectologia Emílio Ribas em parceria com a Sociedade Internacional de Retrovirologia (IRVA) e com os principais grupos de pesquisa mundial em HTLV, além de ONGs de portadores do vírus.

Vários eventos e iluminações de prédios e monumentos históricos estão previstos em diversos países, sobretudo nas cidades sede dos grupos envolvidos, como o Cristo Redentor e Castelo da Fiocruz, no Rio de Janeiro, University Library and City Hall, em Leuven, na Bélgica, Kagoshima e Tokyo, no Japão, Londres e Paris, entre outros.

O Ambulatório de HTLV do Emílio Ribas, unidade da Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo, é um dos pioneiros do Brasil e referência nacional do tratamento há mais de 20 anos.

O HTLV atinge células de defesa do organismo e pode ocasionar leucemia, linfoma e doenças neurológicas, em parte dos portadores. A infecção pode não apresentar sintomas ou apresentá-los de forma genérica, como dores lombares e fraqueza nos membros inferiores, o que pode retardar o diagnóstico. Por isso, assim como outras ISTs, a prevenção é a principal medida de combate à doença.

“As medidas preventivas incluem o uso de preservativo masculino ou feminino nas relações sexuais, bem como o não compartilhamento de seringas, agulhas ou outros objetos cortantes. A amamentação para portadores do vírus é contraindicada, e há triagem para doações de sangue, pois a transmissão pode ocorrer por via sexual, sanguínea e de mãe para filho, inclusive pelo aleitamento materno”, explica o neurologista do Emílio Ribas, Augusto César Penalva de Oliveira.

Em 1980, o HTLV foi o primeiro retrovírus humano causador de doença infecciosa e neoplásica descrito no mundo, do mesmo grupo do HIV, porém, menos conhecido. “É importante que se dissemine a informação sobre este vírus na sociedade e amplie o controle das suas formas de transmissão. Chamar a atenção sobre o tema é objetivo da iluminação desses locais no próximo dia 10 de novembro”, complementa o especialista.

 O HTLV-1 É endêmico em diversas regiões do mundo, tais como partes da África, América do Sul e Central, Caribe, Ásia e Melanésia. Estima-se que há de 15 a 20 milhões de pessoas infectadas no mundo, sendo 800 mil especificamente no Brasil, país com maior número de indivíduos com o vírus.

Estudo feito pelo Emílio Ribas com pacientes de São Paulo mostram que o risco de transmissão vertical (parto) é de 7%, aumentando para 25% com amamentação por período maior que 3 meses. Na transmissão sexual, verificou-se que 68,2% das parceiras de homens infectados também eram portadores do vírus; já a proporção de parceiros infectados foi de 44% em relação às de mulheres infectadas.

Ambulatório de HTL do ‘Emílio Ribas’

O Ambulatório de HTLV do Instituto de Infectologia Emílio Ribas é um dos pioneiros no país e, nas mais de duas décadas de funcionamento, já passa dos 1000 pacientes em seguimento.

É coordenado pelo Grupo de Neurociências do Instituto, em cooperação com o Instituto de Medicina Topical da FMUSP, compõem o NAP (Núcleo de Apoio à Pesquisa)-Retrovirologia da USP, um dos grupos de destaque internacional da pesquisa em HTLV, configurando protagonismo para o São Paulo.

Conta com uma equipe multiprofissional formada por infectologista, neurologista, hematologista, oftalmologista, dermatologista, dentistas, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e nutricionistas. As equipes prestam assistência aos portadores do HTLV 1-2 através de atendimento e aconselhamento às pessoas que vivem com o vírus. O tratamento é direcionado de acordo com a doença relacionada.