Embaixadores da USP voltam à escola

Idéia é mostrar que mostrar a outros jovens que o acesso à universidade é possível

qui, 16/08/2007 - 11h45 | Do Portal do Governo

Onze ex-alunos da Escola Estadual Andronico de Mello voltaram à unidade de ensino da Vila Sônia (zona oeste de São Paulo) na noite do dia 6, em missão diplomática. A visita foi numa data especial: parte do lançamento da segunda etapa do Programa Embaixadores da USP, iniciada em junho com a participação de 380 calouros da universidade oriundos da rede pública.

A iniciativa consiste em convidar os novos alunos da USP, que cursaram o ensino médio em instituições públicas, a retornarem às suas escolas para mostrar a outros jovens que o acesso à universidade é possível para todos e passar informações sobre a instituição.

A escola de ensino médio não foi escolhida como palco da cerimônia por acaso. Com 20 ex-alunos aprovados no último vestibular da Fuvest é campeã nesse mérito entre as da rede pública. Uma das estudantes que compõem esse grupo é Talita Jacone, de 19 anos. Como ingressante no curso de letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da universidade neste ano e embaixadora da USP subiu ao palco para falar sobre sua experiência. “É grande a satisfação voltar aqui à escola e dar uma força aos alunos que querem entrar na USP. Muitos têm o sonho de estudar na faculdade, mas pensam que é impossível; que só pessoas de alta renda financeira conseguem. Não é assim”, garantiu.

É justamente essa mudança de visão que o programa propõe, por ter sido constatado na universidade que muitos jovens formados no ensino médio da rede pública consideram não ter condições de concorrer com os da rede particular. “Por meio de seus exemplos e da familiaridade que mostram como intelectos vitoriosos da instituição, esses universitários estimulam seus colegas a acreditar mais do que tudo em suas possibilidades, estimulam-nos a enfrentar os seus próprios desafios, a se preparar devidamente para o vestibular e a buscar, com determinação, o ideal de ingressar numa universidade pública como a USP”, avaliou a reitora da universidade, Suely Vilela. 

Diferencial – Suely comemorou o êxito que os números referentes à iniciativa indicam. Informa que a medida, conjugada às outras ações do Programa de Inclusão da USP (Inclusp), resultou no aumento de 12% no número de alunos da rede pública que obtiveram sucesso no último vestibular. Foram 2.719. E, até agora, 1.136 aderiram ao programa dos embaixadores. Para atuar, recebem orientação, ajuda de custo (de R$ 50 para quem é da capital e R$ 100 para estudantes da Grande São Paulo e do interior) e material de apoio.

A secretária de Estado da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, destacou que a escola pública pode e deve ser boa. “A Andronico de Mello demonstrou, pelo número de ingressos na USP, que realizou um bom trabalho”.

A diretora da escola, Solange Ferrari, considera que o corpo docente empenhado, comprometido e preocupado em preparar alunos para o vestibular é o diferencial. “Nossos alunos são bastante interessados”, frisou. Também estiveram presentes ao evento os pró-reitores Sedi Hirano e Selma Garrido Pimenta e diretores de algumas unidades da USP. 

Confiança – A segunda etapa do programa Embaixadores da USP neste semestre é embalada principalmente por uma razão: Ampliar o potencial de ação, visto que a primeira ocorreu no período da greve na USP e não houve como alcançar a quantidade de alunos desejada.Os onze embaixadores começaram a atuar logo após a cerimônia de lançamento. Visitaram as salas de aula da escola e passaram o recado com empolgação. “Estamos aqui para mostrar a vocês o outro lado, o de que é possível entrar na USP e que o que faz a diferença é acreditar. A gente já esteve sentado nessas mesmas cadeiras em que vocês estão”, lembrou a aluna de pedagogia Giulianny Leal Russo, de 25 anos. E contou sua história: por não acreditar que podia passar na universidade pública, nem tentou, e fez antes uma particular. Só depois que terminou o curso de fonoaudiologia e percebeu que tinha interesse em trabalhar com educação é que criou coragem de tentar a USP. “A diferença é confiar, revela. 

Incentivos e benefícios  – Weder Castilho, 19 anos, aluno da Escola Politécnica, diz que desde o primeiro ano do ensino médio sonhava estudar na USP e teve incentivo da escola para correr atrás. Aderiu ao Programa por considerar ótima oportunidade de estimular os outros a buscar o melhor. Assim como ele, Talita Jacone tinha o sonho de estudar na universidade, mas achava impossível. “Foi na Andronico que fui alertada de que não era uma opção só para os alunos das escolas particulares e mudei meu pensamento”, recorda.

Ao visitar as antigas salas de aula, os embaixadores informam também sobre os métodos de estudos, falam como é a universidade e descrevem os benefícios e incentivos oferecidos. Entre eles, estão a moradia estudantil ou o vale-transporte para quem mora longe, auxílio refeição para quem estuda em período integral (a refeição custa R$ 1,90 para os demais estudantes da USP), bolsa de iniciação científica para quem quer trabalhar e bônus de 3% nas notas dos alunos de escolas públicas na primeira e segunda fases do vestibular. Outro ponto destacado é a isenção da taxa de vestibular. Se a renda familiar por pessoa for de até R$ 456 mensais, a Fuvest não cobra a tarifa de R$ 100.

Simone de Marco

Da Agência Imprensa Oficial