Em workshop, Instituto Agronômico apresenta oportunidades a produtores de macadâmia

Evento, realizado no município de Campinas na última terça-feira (10), reuniu empreendedores e companhias do setor

sex, 13/12/2019 - 14h20 | Do Portal do Governo
DownloadDivulgação/Agricultura e Abastecimento

O primeiro workshop “Macadâmia – Contribuições para o desenvolvimento da cadeia produtiva no Estado de São Paulo” foi realizado nesta terça-feira (10), na sede do Instituto Agronômico (IAC), em Campinas. O IAC é um instituto de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado.

Na ocasião, foram apresentados dados sobre a produção brasileira, agregação de valor na cadeia, exportação, assim como aspectos fitossanitários da cultura e adubação de pomares. Os 74 participantes vieram de várias localidades de São Paulo, mas também de Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.

Segundo os organizadores do evento, há carência de mais informações sobre a macadâmia, uma nogueira com enorme potencial de comercialização em várias áreas e que vem crescendo paulatinamente em produção.

Organizado pela pasta, o evento teve como coordenadores as pesquisadoras Graciela Sobierajski, do IAC, Silene Freitas e Terezinha Fernandes Franca, do Instituto de Economia Agrícola, também vinculado à Secretaria, e Edwin Montenegro, assessor técnico da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

“O Instituto Agronômico é o único na área da pesquisa nacional que vem trabalhando com a adaptação da macadâmia às condições brasileiras, com melhoramento genético e testes de progênie, daí o grande interesse dos produtores em participar”, explica Graciela Sobierajski. Segundo a pesquisadora, a partir do evento e com o apoio da pasta, há a pretensão de tornar essas capacitações mais frequentes e realizadas em parceria com a Câmara Setorial da Macadâmia, formada há dois anos.

Potencial

Na abertura, Edwin Montenegro frisou o potencial comercial da macadâmia e a possibilidade de ser cultivada em áreas de restauração ambiental e por pequenos produtores que podem iniciar o cultivo intercalar a outras culturas.

“Trata-se de uma poupança para o futuro, com garantia de retorno econômico, já que há vários usos possíveis para a macadâmia, seja no produto in natura ou processado para produção de óleo, farinhas, cosméticos, entre outros”, afirma Edwin Montenegro.

O assessor técnico confirmou, ainda, o empenho da Secretaria de Agricultura e Abastecimento para atuar em todas as fases,  “do plantio ao prato”, indo desde a pesquisa voltada às variedades, à formação de mudas, ao controle de pragas e doenças, tema do Instituto Biológico, passando pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) demonstrando o potencial de crescimento, ao Instituto de Tecnologia dos Alimentos (Ital) na questão das várias formas de processamento da macadâmia até o comércio.

Características

Rica em gorduras insaturadas, proteínas, fibras, antioxidantes, vitaminas E e do complexo B, zinco, potássio, manganês, ferro, cobre e selênio, essa oleaginosa pode auxiliar na diminuição de doenças cardiovasculares, no nível de colesterol no sangue e até mesmo na prevenção de alguns tipos de câncer.

As empresas beneficiadoras demonstram otimismo com o mercado. Atualmente, segundo Pedro Toledo-Piza, representante da maior beneficiadora de São Paulo, a QueenNut Macadâmia, existem três grandes empresas do ramo no Brasil, três de médio porte e outras 19 de micro e pequeno porte, todas com capacidade ociosa e prontas para ampliar a produção.

O representante, que participou do evento junto com vários agricultores, atende o produtor desde a produção e venda de mudas no viveiro até a exportação para vários países, entre eles, China e Estados Unidos. “Posso afirmar que o mercado é muito promissor no Brasil e no mundo”, disse Pedro Toledo-Piza, ao lado de outro representante de uma beneficiadora de Piraí (RJ), Luis Tavares, também presente no evento.

Para as beneficiadoras e para os produtores, cerca de 70% dos participantes do workshop, São Paulo está à frente das pesquisas desde que a nogueira macadâmia foi introduzida no Brasil na década de 1930. Ana Lúcia Sabino, de Juiz de Fora (MG), é produtora há 12 anos, tem 30 hectares cultivados, dos quais 24 em produção.

“Meu marido e eu pretendemos aumentar a área e continuar investindo. Estou aqui, assim como outros produtores de Minas Gerais, em busca de novidades. Há muita carência de informações e vou para onde elas estiverem disponíveis”, salienta Ana Lúcia Sabino.

Capacitação

A busca por capacitação também é o caso do produtor de Piracaia (SP), Rossildo Faria de Oliveira, que investiu 40 hectares de terra no cultivo da macadâmia. “Estava em busca de uma cultura que, além de comercial, oferece um alimento saudável e encontrei a macadâmia”, enfatiza o produtor.

Para Edwin Montenegro, São Paulo tem condições ideais de clima para o desenvolvimento da macadâmia. “Por aqui, passa o Trópico de Capricórnio, assim como pelos principais países produtores, África do Sul e Austrália. Temos boas condições para desenvolvimento do cultivo e temos a pesquisa. O produtor paulista pode pensar na macadâmia como uma grande alternativa para as áreas onde houve, por exemplo, redução da cana-de-açúcar”, exemplifica.

O Brasil responde por apenas 2% da produção mundial de nozes macadâmia, mas vem crescendo a área nos últimos dez anos. São Paulo é responsável por 50% desse montante: em 2018, a produção atingiu 59.300 toneladas.