Educação: USP promove curso para educadores comunitários da cidade de São Paulo

Neste ano, a formação é direcionada a 1,2 mil professores da rede municipal de ensino

qua, 07/06/2006 - 15h32 | Do Portal do Governo

A escola precisa romper as paredes e utilizar o bairro como espaço de educação. Essa afirmação resume a idéia de cidade educadora, difundida no mundo inteiro, inclusive em vários municípios do Brasil. Na capital paulista, a prefeitura lançou o ProjetoSão Paulo é uma Escola, com a idéia de transformar áreas e equipamentos públicos em espaços de aprendizagem. Para coordenar a iniciativa dentro de cada escola, foi criada a função de educador comunitário. A Universidade de São Paulo (USP) entra na parceria como formadora desses profissionais.

“Começamos no ano passado com o primeiro projeto, na zona leste, onde trabalhamos com 360 professores. Como o resultado foi positivo, estendemos para todo o município, em 2006”, conta o coordenador do programa, Ulisses Araújo. Neste ano, segundo Araújo, 1,2 mil professores da rede municipal estão participando do aprendizado.

O curso de formação de educador comunitário é ministrado por oito professores da Faculdade de Educação da USP e da USP Leste, e mais 30 mestrandos e doutorandos. As duas principais propostas são ajudar a formar o olhar do educador para o entorno da escola e inserir esse conhecimento, que está no cotidiano, no currículo, de forma transversal e interdisciplinar.

“A nossa formação é para que o profissional seja um gestor da relação da escola com o bairro”, explica o coordenador. Isso seria feito por meio da criação de um Fórum Escolar de Educação Comunitária, no qual o educador se reuniria com professores da escola e membros da comunidade para propor projetos de articulação.

Teoria e prática 

O curso é gratuito e destina-se a professores cujos projetos para serem educadores comunitários foram aprovados pelos conselhos das escolas. É dividido em três módulos de 40 horas: os professores terão uma aula teórica, aos sábados, e oficinas práticas sobre o seu conteúdo, às segundas-feiras. No final de cada módulo são realizados seminários que reúnem os 1,2 mil participantes.

“Abordamos assuntos importantes como a formação mais conceitual, que trata, por exemplo, da transversalidade, interdisciplinaridade e geografia da cidade. Há a parte prática, como o trabalho de treinar o olhar dos participantes para o entorno da escola. Isso permitirá identificar situações específicas – vulnerabilidade, por exemplo”, conta Araújo. Segundo ele, esses conteúdos específicos trabalham com situações que abrangem ética e cidadania. Outros temas apresentados no curso são manifestações artísticas, corporais e lúdicas, todas relacionadas ao entorno da escola.

“Explicamos como organizar o gerenciamento da relação entre escola e entorno e como transformar isso em projetos pedagógicos na sala de aula”, afirma o coordenador. O benefício para a sociedade é a transformação da educação, para que ela atenda aos objetivos principais de construção da cidadania. A finalidade desta iniciativa também é o resgate da cidade, ou seja, conhecê-la e ter olhar diferenciado para a sua história.

No terceiro módulo, a coordenadora do projeto, Sonia Castelar, leva os 1,2 mil participantes ao Pátio do Colégio, marco zero de São Paulo. No final de cada módulo, os professores analisam o curso. Araújo diz que em conseqüência das avaliações positivas, foi aberta uma segunda turma neste ano. “Com as sugestões, aprimoramos as estratégias e a forma de trabalho, mas o conteúdo não mudou muito”, destaca.

Giulia Camillo

Da USP Online