Disseminação de culturas agrícolas é tema de aulas na Etec de Andradina

Prática para obter produtos sem modificação genética recebe destaque na unidade da região de Araçatuba, no oeste paulista

seg, 23/07/2018 - 18h44 | Do Portal do Governo

Na Escola Técnica Estadual (Etec) Sebastiana Augusta de Moraes, em Andradina, no interior paulista, a disseminação das culturas agrícolas crioulas ganha espaço na sala de aula. Os temas ligados à soberania alimentar para moradores do campo também integram os conteúdos na unidade.

Vale destacar que a dispersão das culturas agrícolas crioulas é uma prática adotada para obter produtos sem modificação genética. O projeto, liderado pelo professor Leandro Barradas Pereira, conta com a parceira a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), ligadas à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado.

É importante frisar que a iniciativa, inserida na disciplina de Agricultura Orgânica do curso técnico de Agronegócio, surgiu em 2014, por meio do resgate de espécimes locais. As sementes usadas no trabalho ficam armazenadas na unidade Apta de Ilha Solteira.

Plantio

A plantação é feita na Etec, o que permite aos estudantes e moradores de áreas rurais dominar as questões ligadas ao plantio e à colheita. “Temos variedades de milho, feijão, arroz, mandioca e adubos verdes, como crotalárias e mucunas”, ressalta o docente Leandro Barradas Pereira. “De posse dessas sementes nas propriedades, os alunos obtêm autonomia, pois essas culturas fornecem a base da alimentação”, acrescenta.

Além disso, a iniciativa permite que a escola desempenhe um papel social importante, ao funcionar como um centro de pesquisa e preservação cultural. As sementes são consideradas um bem público e carregam informações sobre o ecossistema e os povos nativos que as mantiveram intactas durante gerações.

Para conduzir as atividades, um grupo de professores da Etec buscou sementes na própria região de Araçatuba, na Apta e no Vale do Ribeira, em comunidades quilombolas. Eles procuraram materiais conhecidos como crioulos, isto é, nativos, sem modificação genética, e disseminados regionalmente.

Descobertas

As culturas do tipo podem fazer frente a algumas imposições da agroindústria. A título de exemplo, no caso do milho, a quase totalidade (99%) da produção nacional é transgênica. Na unidade de Andradina, as descobertas são compartilhadas com pequenos agricultores.

Como resultado, verifica-se o protagonismo dos alunos como guardiões e disseminadores dos grãos, tubérculos e cereais mais apropriados para o cultivo nas regiões, bem como mais saúde e variabilidade nutricional para as famílias.

O próximo passo do trabalho é implantar uma câmara para a conservação das espécies testadas e produzidas na escola, consolidando a unidade como referência e o primeiro banco de sementes crioulas em uma escola estadual de São Paulo.

“A agropecuária precisa ser mais sustentável. O trabalho com sementes crioulas é de base e deve ser propagado. Nosso papel é oferecer as técnicas adequadas para que isso possa acontecer”, analisa Raquel Fabbri, uma das coordenadoras de projetos do Centro Paula Souza.