CPTM retira mais de 10 mil sacos de lixo ao longo de suas seis linhas

É todo tipo de sujeira, jogada por comunidades moradoras à margem dos trilhos e por passageiros

qui, 16/10/2008 - 8h47 | Do Portal do Governo

A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) contabilizou até o início desse mês 10.199 sacos, de 100 litros cada, cheios de lixo, e 140 pneus, retirados da beira dos trilhos de suas seis linhas. Do total, 1,65 mil sacos foram de lixo reciclável (plásticos, papelão, vidro e latinhas de bebidas). O número se aproxima dos 10.221 sacos e dos 298 pneus recolhidos no ano passado. Esse é o resultado da Operação Frente contra a Dengue, iniciada em 2007, com intuito de evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti. 

O engenheiro Silas Daniel dos Santos Lima, assessor da diretoria de operações da CPTM, informa que a operação é feita sempre às sextas-feiras, das 9 às 15 horas, em cinco pontos diferentes, para atender a todas as linhas. Participam da limpeza aproximadamente cem pessoas, selecionadas no Programa Frente de Trabalho, promovido pela Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert).

O engenheiro conta que o ponto com maior acúmulo de lixo está entre as estações Luz e Barra Funda, onde passam as linhas 7 Rubi (Francisco Morato – Luz) e 8 Diamante (Itapevi – Júlio Prestes). No trecho entre o Viaduto Rudge e a Estação Júlio Prestes as duas linhas se distanciam e deixam um espaço entre elas. Neste local, um enorme moinho abandonado há décadas e seus arredores se tornaram uma favela populosa e os moradores jogam lixo nas duas vias da CPTM.

A mais limpa – O segundo ponto mais atingido se encontra na Linha 12 Safira (Brás – Calmon Viana), no trecho entre as estações São Miguel e Itaim Paulista, onde também há favela. O terceiro é na Linha 7, entre as estações Piqueri e Pirituba. A linha mais limpa da CPTM é a 9 Esmeralda (Osasco – Grajaú). Silas explica que a maior parte da Esmeralda foi construída entre o Rio Pinheiros e sua marginal, local onde não há moradores e as janelas dos trens dessa linha são fixas, o que impossibilita ao passageiro atirar lixo. “Antes da operação Dengue a sujeira era maior”, lembra.

Silas informa que a CPTM também realiza constantemente campanha de conscientização dos passageiros. Além disso, a proibição de vendedores ambulantes nos vagões ajuda na redução da sujeira.

“Joga-se tudo nos trilhos”, lamenta o engenheiro. Na Favela do Moinho, funcionários da CPTM já retiraram sofá, guarda-roupa, geladeira, fogão, aparelhos eletrônicos, cadeira, animal morto, e muitos sacos plásticos cheios de lixo, que deveriam estar na grande lixeira instalada dentro da favela, onde o caminhão da prefeitura recolhe.      

Sorriso no rosto – Edson Cândido, coordenador de frentes de trabalho na CPTM, conta que a parte reciclável do lixo é recolhida separadamente. Do grupo de pessoas que trabalham nas vias, duas só pegam material reaproveitado. O lixo comum é entregue à prefeitura e o outro a cooperativas de reciclagem. Edson diz que a CPTM colabora com três cooperativas, em Osasco, Jardim Pantanal (perto de São Miguel) e Lapa.

No final do mês passado, a CPTM doou 54,5 mil garrafas PET, retiradas de seus trilhos, à Cooperativa de Reciclagem Coopermundi, de Osasco. O material foi recolhido ao longo da Linha 8 Diamante.

As garrafas estavam acondicionadas em 606 sacos plásticos de 100 litros. Para levar até Osasco, foram necessários seis caminhões basculantes com capacidade individual de 6 metros cúbicos de carga. “Cada vez que entregamos material à cooperativa, presenciamos o sorriso no rosto dos catadores. É gente pobre que vive dessa atividade”, afirma Edson.  

Entre pedras e dormentes

A CPTM utiliza mão-de-obra do Programa Frente de Trabalho há vários anos. Homens e mulheres trabalham na limpeza das vias, jardinagem (poda e plantio), pintura, aplicação de herbicida nos trilhos para matar ervas daninhas e outras funções. Ganham bolsa de R$ 210 reais por mês durante contrato de nove meses, cesta básica e condução. O turno semanal é de seis horas diárias, de segunda a sexta-feira, sendo que um dos dias é dedicado a curso de qualificação, de acordo com a aptidão de cada trabalhador. Aproximadamente 380 pessoas trabalham na CPTM no Frente de Trabalho. 

Shirley Romão Zechmeister começou a trabalhar em julho. Às sextas-feiras, ela anda sobre pedras e dormentes, de olho em algum trem que passa e de

ouvido no assovio do seu encarregado, que zela pela segurança de todos. “Mesmo assim, não acho cansativo recolher o lixo das vias e estou ajudando minha família”, garante Shirley, de Carapicuíba.    

Residente em Caieiras, Eliaide da Silva Araújo está na CPTM há dois meses. Foi com surpresa que recebeu o telegrama convidando-a a procurar a empresa para ser incluída no Frente de Trabalho. Agora, ajuda o marido, frentista, “nas compras de casa e na educação de nossos filhos”, afirma Eliaide.

O encarregado da turma de 12 pessoas que trabalham às sextas-feiras na Linha 8 é Armenegildo Francisco dos Santos. Sua função é observar a circulação dos trens na linha, de ambos os lados, e apitar para alertá-las. “Converso muito com elas, para entender seus problemas e necessidades. Elas precisam de incentivo para trabalhar e viver melhor”, diz Armenegildo.

Otávio Nunes, da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)