Conjunto Nacional se antecipou à Lei Antifumo para conseguir selo de ambiente livre do tabaco da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo
Público observa escultura de 2 metros de altura feita com 15 mil bitucas de cigarro no Conjunto Nacional em SP
Vilma Peramezza, gerente geral do Conjunto Nacional, diz que público recebeu bem as alterações da Lei Antifumo
Fumódromo do Conjunto Nacional costumava ficar lotado; com antecipação da Lei Antifumo, local permanece vazio
Namorados, Artur Barros e Juliana Elias aprovaram a antecipação da Lei Antifumo no Conjunto Nacional
Gerência geral do prédio espalhou cartazes, placas e banners nas áreas comuns do condomínio
O aposentado José Luís Rodrigues aprova o fundamento da Lei Antifumo, que entra em vigor no dia 7 de agosto
O Conjunto Nacional está substituindo todos seus cinzeiros por vasos de flores. Um dos principais pontos de referência da cidade de São Paulo, o estabelecimento vai trocar os grandes latões com areia, onde as bitucas de cigarro eram apagadas, por arranjos escolhidas a dedo. A iniciativa é uma das ações da gerência do prédio para a adaptação antecipada à Lei Antifumo. Embora a regra só entre em vigor no dia 7 de agosto, alguns bares, restaurantes e condomínios do Estado de São Paulo estão se adiantando às mudanças previstas na nova norma.
A intenção do Conjunto Nacional com a antecipação à Lei Antifumo é obter o certificado de ambiente livre do tabaco. “Nossa meta é conseguir o selo ouro do Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas)”, afirma a gerente geral do prédio, Vilma Peramezza. O Cratod é um órgão da Secretaria Estadual de Saúde que fornece o “Selo Ambiente Livre do Tabaco” a empresas, edifícios e outros espaços públicos (bares, restaurantes, indústrias, lojas e shoppings, dentre outros) que banirem definitivamente o fumo de seus recintos. O prêmio possui duas categorias: ouro, que prevê a extinção completa de fumódromos e a oferta de tratamentos para funcionários fumantes, e prata – quando a empresa possui ambiente livre do tabaco, com tratamento para fumantes e presença de fumódromo. A adesão é voluntária.
Além de eliminar os cinzeiros das portarias, o Conjunto Nacional vetou o uso do fumódromo e usou restos do próprio vilão da história – o cigarro – para conscientizar o público sobre a nova determinação antitabaco do Governo de São Paulo. Durante sete dias, os cerca de 200 funcionários do condomínio se juntaram para reunir as bitucas de cigarro dos 45 mil transeuntes que circulam pelo local todos os dias. Com as 15 mil ponteiras recolhidas, a administração do prédio, em parceria com a ONG Cooperaacs (Cooperativa Social de Arte Alternativa e Coleta Seletiva), elaborou uma escultura gigante de 2 metros de altura no formato de um cigarro.
Exposta em frente aos elevadores centrais do condomínio, a obra de arte tem o objetivo de mobilizar as pessoas que passam pelo local sobre o uso consciente do cigarro. “Esta é a primeira obra de arte com cheiro que conheço”, afirma Vilma Peramezza. “Nossa intenção com a antecipação à Lei Antifumo é preparar o público para estar do nosso lado quando a regra estiver em vigor. Desde que colocamos em prática [a Lei Antifumo no prédio], no dia 22 de julho, temos muito mais cumprimento que protestos em relação à Lei”, completa.
O próprio público fumante que freqüenta o Conjunto Nacional aprova o adiantamento da Lei Antifumo. “Acho que a iniciativa é boa porque ninguém é obrigado a suportar o cheiro de cigarro e a fumaça de outras pessoas, principalmente em ambientes coletivos”, afirma o universitário Artur Barros, de 20 anos, que fuma cerca de 20 cigarros por dia. “Outros estabelecimentos como bares e casas noturnas também já estão se adaptando à regra. Acredito que tanto o fumante como os que não fumam precisam ter bom-senso”, concorda a estudante Juliana Elias, de 23 anos, que não fuma e é namorada de Artur.
A ala daqueles que abandonaram o consumo de tabaco também é favorável à Lei Antifumo. “O fundamento da lei é corretíssimo porque inibe o hábito do cigarro. Acho que a lei vem no momento certo porque o consumo do tabaco vem sendo restringido gradativamente faz tempo. No geral, os benefícios são muito maiores que os prejuízos”, disse o aposentado José Luís Rodrigues, que foi fumante durante 20 anos e largou o vício há duas décadas.
Para conseguir o carimbo de local livre do fumo da Secretaria Estadual da Saúde, o edifício realiza outras ações pontuais como a medição da quantidade de monóxido de carbono do público, distribuição de bótons da campanha a favor da restrição ao fumo aos funcionários e a convocação do “Sr. Bituca”, boneco criado pela ONG SOS Praias Brasil, que vai perseguir fumantes que atirarem ponteiras de cigarro no chão nos dias 5, 6 e 7 de agosto.
Do Portal do Governo do Estado de São Paulo
