Competição estimula estudantes a ingressar em universidades paulistas

USP conta com vários estudantes que conquistaram prêmios na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas

seg, 06/08/2018 - 11h43 | Do Portal do Governo

Diversos alunos premiados em edições da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) tornam-se estudantes de instituições de Ensino Superior de referência, como a Universidade de São Paulo (USP). A competição tem o objetivo de despertar nos jovens da educação básica o gosto pela matemática e pela ciência em geral.

É importante frisar que a motivação a esses alunos pode auxiliar na escolha profissional pelas carreiras científicas. Este ano, a iniciativa reuniu 18,2 milhões de estudantes das redes pública e privada. Na última quinta-feira (2), o total de 575 jovens de todo o Brasil receberam as medalhas de ouro em uma cerimônia especial realizada durante o encontro mundial de matemáticos, o ICM 2018, realizado no Rio de Janeiro até a próxima quinta-feira (9).

Oportunidade

Vale destacar que a OBMEP possibilita a muitos alunos ter o primeiro contato com as universidades públicas, pois os alunos premiados podem participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC). Quem mora em São Carlos tem a oportunidade de participar de encontros, que são realizados aos sábados, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP.

“Uma das coisas que a Olimpíada e o PIC fazem é levar esses jovens a descobrir que podem fazer uma universidade pública e passar”, explica a professora Ires Dias. A docente do ICMC é uma das coordenadoras orientadoras do PIC no interior do Estado e acompanha, há 13 anos, a trajetória de estudantes da região de São Carlos premiados na OBMEP.

De acordo com a professora, ao participar do programa, o estudante aprende a raciocinar e a escrever, o que contribui para que sejam estimulados a optar por carreiras em diversas áreas do conhecimento. “Não estamos formando só matemáticos e candidatos à Medalha Fields. Estamos colaborando com todas as áreas”, acrescenta. A Medalha Fields é oficialmente conhecida como Medalha Internacional de Descobrimentos Proeminentes em Matemática, em uma premiação realizada a cada quatro anos.

Estímulo

Um dos casos de vencedor da OBMEP que se transformou em aluno da USP é o de Heitor Sousa Borges, que ingressou neste ano no curso de Relações Internacionais. Aos 17 anos, com a medalha de ouro no peito, o aluno relata que participa da competição desde o 1º ano do Ensino Médio, quando conquistou a medalha de bronze.

No ano seguinte, foi a vez de ele ganhar a prata. O garoto revela que o estímulo da família foi fundamental. “Meu pai sempre esteve ao meu lado, ensinando Matemática e me incentivando a participar de todas as olimpíadas que eu pudesse”, ressalta Heitor Sousa Borges.

A relação da família do estudante com a USP é bastante estreita. O pai, Herivelto Martins Borges Filho, é professor no ICMC e a irmã cursa Arquitetura no Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP, em São Carlos, no interior paulista.

“Considerei que relações internacionais é o que eu quero levar para minha vida, mas não necessariamente eu vou excluir Matemática. Sempre dá para incorporar, independentemente da profissão. Acho que hoje em dia é muito importante você construir habilidades em várias áreas”, completa o aluno. Tanto que Heitor pretende continuar estudando Matemática, já que receberá uma bolsa da OBMEP concedida aos medalhistas que desejam fazer iniciação científica depois de ingressar na universidade.

Heitor Sousa Borges também explica que a disciplina que se aprende na OBMEP é muito diferente do conteúdo comum, ensinado nas escolas de modo geral. A mãe do estudante, a analista de sistemas Elizabeth Sousa, relata a importância do desenvolvimento em diversos setores. “Ter esse raciocínio lógico bastante desenvolvido possibilitou ao Heitor estabelecer relações entre diferentes áreas do conhecimento. Por exemplo, quando ele vai estudar História, consegue compreender por que as coisas aconteceram daquela forma e isso o estimulou a ir para o lado das Humanas”, revela.

Para Herivelto Martins Borges Filho, pai de Heitor, é fundamental que a família e a escola estimulem os jovens a participar da OBMEP. “A Matemática é um bicho-papão não só no Brasil. O analfabetismo matemático é um fenômeno mundial. É essencial trabalharmos em direção à superação do medo e eliminar esse estigma negativo da matemática. A experiência mostra que, quando os alunos têm uma bagagem matemática, é natural que eles se saiam bem nas demais disciplinas”, ressalta o docente, que integra o comitê organizador do ICM 2018.

Transformação

Durante o tempo em que atua na OBMEP, a professora Ires Dias já perdeu a conta de quantos estudantes ingressaram na USP depois de participar do PIC. “Trabalhamos com mais de 80, 90 alunos por ano na região de São Carlos. Você não muda a vida de todos eles, mas se transformarmos a vida de 10% já é um sucesso”, comemora.

É importante frisar que a OBMEP é organizada desde 2005 pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada, com apoio da Sociedade Brasileira de Matemática. A partir do próximo ano, a competição será ampliada e poderão participar estudantes das 4ª e 5ª séries do Ensino Fundamental.