Cepam: CD de cantos revela modo de vida Guarani

Evento de lançamento acontece dias 1 e 2 de julho

qui, 29/06/2006 - 21h32 | Do Portal do Governo

A tradição musical dos índios Guarani é o tema do Cd duplo Ñande Arandu Pyguá – Memória Viva Guarani que será lançado nos dias 1º e 2 de julho no Teatro do Sesc Pinheiros, em São Paulo. O disco foi produzido pelos índios através do Instituto Teko Arandu – Memória Viva Guarani e tem como participantes cerca de 250 crianças e jovens de aldeias Guarani e uma Tupi Guarani localizadas no Rio de Janeiro e São Paulo. Em parceria com a Fundação Prefeito Faria Lima (Cepam) e Sesc São Paulo, o Instituto realizará na capital um espetáculo musical inédito com trechos dramáticos sobre o cotidiano dessas comunidades que reunirá 136 representantes das aldeias no palco. Também são parceiros do Projeto o Ministério da Cultura e a Secretaria de Estado da Cultura.

Ñande Arandu Pygua é o segundo disco com registros de cantos Guarani. O primeiro, Ñande Reko Arandu, lançado em 1999, alavancou o movimento Memória Viva Guarani, que tem no atual cd um desdobramento. Em Ñande Arandu Pygua as lideranças indígenas continuaram suas pesquisas e a produção de novas músicas, sempre no sentido de fortalecer a identidade dos Guarani. No repertório foram incluídos temas de flauta feminina Kunhã Mimby, prática em processo de extinção nas aldeias; Mitã Monguea (acalantos), incluindo cantos e a fala do cacique e xamoi (pajé) da aldeia Sapukai (RJ), João Silva Verá Miri, e um tema da Dança do Tangará. A maioria das faixas são cantadas pelos onze corais infanto-juvenis que representam cada uma das aldeias envolvidas no trabalho.

VIDA GUARANI 

Na tradição Guarani os cantos associados às brincadeiras das crianças menores e os de ninar surgem de Nhanderu, que é considerado o Deus criador de tudo o que existe. A palavra e o canto são a ponte entre o homem e o divino. Durante a vida Guarani os índios buscam desenvolver a palavra e o canto como forma de atingir um estágio de elevação espiritual. Nesse contexto de cantos sagrados há o canto infantil que tem o poder de fortalecer a comunidade dos males desse mundo. Quando a criança canta traz luz e eleva a capacidade de comunicação dessa comunidade com Nhanderu.

O roteiro do espetáculo pretende desvendar um pouco desse modo de vida Guarani, rituais e crenças. As seqüências dramáticas que introduzirão os cantos foram criadas pelos índios que também são os atores. A experiência é inédita para a maioria e o único profissional do ramo contratado foi um cenógrafo. Será reproduzido no palco um dia numa aldeia Guarani, práticas cotidianas e a chegada de parentes de outras aldeias. Essas visitas acontecem durante as cerimônias religiosas praticadas por ocasião do arapyau (tempo novo Guarani) que corresponde às estações da primavera e verão.

RESISTÊNCIA CULTURAL 

Dos povos que tiveram o contato mais antigo com o europeu é possível que os Guarani sejam os que mais preservaram a identidade cultural. Mesmo em contato intenso com a vida urbana, foram preservados a língua, as tradições religiosas e vários outros costumes. O cd Ñande Arandu Pygua traz um recorte de um aspecto essencial dessa identidade cultural preservada. O canto, sobretudo os corais infantis, são praticas estimuladas pela tradição religiosa, que é parte fundamental da vida Guarani e responsável pela resistência desses povos a outras culturas.

Ñande Arandu Pyguá – Memória Viva Guarani

Aldeias participantes: Rio Silveira, Aldeia Itaoca, Pindoty, Tekoa Pyau, Ubatuba, Peguao Ty, Rio Branco, Sapukai, Tenondé Porá, Krukutu, Piaçaguera

  Do Cepam