Este ano, o Simpósio almeja trazer à tona uma reflexão a respeito dos desenvolvimentos da fortuna crítica a respeito de sua obra. Para isso, a Casa das Rosas planejou três mesas de diálogo, associadas, respectivamente, a três campos abrangentes da atuação de Haroldo. O evento abre com a palestra de Lucia Santaella que foi interlocutora privilegiada de Haroldo. As mesas reúnem pesquisas em torno de áreas fundamentais da atuação do poeta de Galáxias: Teoria e Criação, Crítica e História e Criação e Tradução. Os participantes são pesquisadores de grande destaque e investigadores de sua obra. Na última mesa, haverá a presença de Inês Oseki-Dépré, outra importante interlocutora de Haroldo. O Simpósio se encerra com o lançamento de um livro que resultou da edição do Simpósio de 2015.
Confira a programação:
Sexta-feira, 31 de agosto 19h
Palestra de abertura: CRIAR E TRANSCRIAR PARA A ETERNIDADE
Por Lucia Santaella
As multifacetadas realizações de Haroldo de Campos como poeta, prosador, tradutor-transcriador, ensaísta, teórico e crítico da literatura e da arte são fartamente conhecidas e reconhecidas em nível nacional e internacional. Considerando que a trajetória poética de Haroldo de Campos é inseparável de seu genial conceito de tradução poética como transcriação, esta apresentação irá colocar ênfase na maneira pela qual o poeta introjetou no ato tradutório a radicalidade do fazer poético.
Abertura da exposição: MENINOS EU V!
Nos 15 anos da morte de Haroldo, esta exposição revisita seu poema “Meninos eu vi”, publicado no livro Crisantempo (2004), para explorar as memórias intelectuais e afetivas de sua trajetória. A abertura da exposição se dará no evento de abertura do Simpósio Haroldo de Campos 2018.
Sábado, 1º de setembro 10h30
Mesa: TEORIA E CRIAÇÃO
Com Antonio Vicente Pietroforte e Gonzalo Aguilar (Mediação: a definir)
Título: Concretismo: redes semióticas e circulação social
Autor:Antonio Vicente Pietroforte (FFLCH – USP)
Enquanto poética, o Concretismo pode ser definido tanto em relação a outras propostas poética – sua interdiscursividade –, quanto em suas polêmicas constitutivas – sua intradiscursividade –, dando forma à rede semiótica responsável por suas significações estéticas. Entretanto, para compreender melhor sua importância histórica, há de se considerar, também, sua inserção social e seus desdobramentos políticos.
Título: Haroldo de Campos e o Paraíso Perdido
Autor: Gonzalo Aguilar (UBA-CONICET)
O primeiro texto de autoria de Haroldo de Campos intitula-se “Poesia e Paraíso Perdido” e está datado de 1955. Quase cinqüenta anos depois, em 2004, é editado postumamente Edén, com a tradução do “Genesis” e o trecho sobre o Paraíso. O Paraíso (e o seu complementar, o Inferno) aparece uma e outra vez na obra de Haroldo de Campos: na ReVisão de Sousândrade, no poema Signântia quase coelum, na transcriação de Dante, na crítica de Hélio Oiticica, para nomear só alguns exemplos. Que aconteceu entre 1955 e 2004: que aconteceu com a ideia de Paraíso Perdido, qual é o sentido operativo desta categoria na poética de Haroldo de Campos? Esta palestra quer dar uma resposta a estas interrogações.
15h Mesa: CRÍTICA E HISTÓRIA
Com Diana Junkes e Max Hidalgo Nácher (Mediação: Julio Mendonça)
Título: Entre a pós-utopia e o neobarroco: articulações da história em Haroldo de Campos
Autor: Diana Junkes (UFSCar)
Haroldo de Campos escreve, na década de 1980 – ou seja, é no período entre a anistia e a primeira eleição presidencial democrática no país – , os seus ensaios mais relevantes sobre literatura e cultura brasileiras: “Da razão antropofágica: diálogo e diferença na cultura brasileira” (1980); “Poesia e modernidade. Da morte do verso à constelação: o poema pós-utópico” (1984) e “O Sequestro do Barroco” (1989). Nessa mesma década, publica Galáxias (1984) e A educação dos cinco sentidos (1985). O objetivo desta apresentação é elucidar as relações entre os ensaios, os textos criativos e o período em que foram escritos; Haroldo articula duas forças que, a meu ver, são a pedra angular de seu pensamento: pós-utopia e neobarroco.
Título: Redes intelectuais e constelações textuais: a biblioteca de Haroldo de Campos como espaço de crítica e de criação
Autor: Max Hidalgo Nácher (Universitat de Barcelona)
A biblioteca de Haroldo de Campos, constituída por mais de 21.000 volumes, está ao serviço de um projeto de crítica e de criação. O seu estudo permite reconstruir parcialmente a inserção do autor nas redes intelectuais internacionais. Porém, a sua descrição não pode ser simplesmente material, pois para entender o seu valor específico é preciso entender como, pela sua mediação, Haroldo mobiliza o arquivo da cultura e insere nele a sua obra de um modo original e produtivo.
17h Mesa: CRIAÇÃO E TRADUÇÃO
Com Eduardo Sterzi e Inês Oseki-Dépré(Mediação: Marcelo Tápia)
Título: O trans- contra o pós-: teoria e prática da história em Haroldo de Campos
Autor: Eduardo Sterzi (Unicamp)
Transluciferação, transparadização, transtextualização, transgermanização, transhelenização, transluminura, transcriação etc. São muitos os nomes que Haroldo de Campos elaborou para dar conta das operações tradutórias que se caracterizam pela hýbris e pelo excesso. Estamos diante de uma teoria e prática da língua, mas também de uma teoria e prática da história. Comum a todas essas formulações, há o prefixo trans-. Este prefixo indica uma atitude diante do presente e da história que é fundamentalmente diversa daquela referida por meio do prefixo pós- . Essa atitude, nascida no âmbito da tradução, terminou por definir toda a obra de Haroldo de Campos – também sua poesia e seu ensaísmo.
Título: Haroldo de Campos entre tradução e criação
Autora: Inês Oseki-Dépré
A presente comunicação tenciona mostrar a maneira pela qual Haroldo de Campos conseguiu, de maneira tentacular, associar sua produção poética de vanguarda ao patrimônio universal : cada poema, cada tradução tem como fundamento um trabalho analítico (de leitura sincrônica e diacrônica) e crítico (de articulação com a literatura e as artes mundiais). A autora – tradutora de Galaxias para o francês – documenta sua fala na correspondência que trocou com Haroldo e nos trabalhos críticos precursores – que também traduziu para o francês – reunidos no livro La Raison Anthropophage.
19h LANÇAMENTO DO LIVRO “QUE PÓS-UTOPIA É ESTA?”
Mesa com Diana Junkes e Eduardo Sterzi
O livro teve origem no Simpósio Haroldo de Campos de 2015, organizado e realizado pelo Centro de Referência Haroldo de Campos, da Casa das Rosas, cujo tema fazia referência ao título de um famoso ensaio de Haroldo publicado no livro O arco-íris branco: “Poesia e modernidade: da morte do verso à constelação. O poema pós-utópico”. No texto, o poeta repensa a situação da poesia em sua trajetória de conflito com a modernidade. Para tratar de diferentes aspectos implicados no texto de Haroldo, foram convidados pesquisadores de grande relevância: Celso Lafer, Maria Esther Maciel, Eduardo Sterzi, Alexandre Nodari, Antonio Risério, Raúl Antelo, Diana Junkes e Jasmin Wrobel. Uma publicação Casa das Rosas/Giostri.
*INSCRIÇÕES:
Inscrições presenciais ou pelo e-mail crhc@casadasrosas.org.br, até o preenchimento das vagas. Será fornecido certificado de participação (com 75% de presença no total de mesas e palestras)