A cerimônia de inauguração da Biblioteca Lourival Gomes Machado, do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da Universidade de São Paulo (USP), foi marcada pela doação do acervo de Walter Zanini, professor do Departamento de Artes Plásticas (CAP) da Escola de Comunicações e Artes (ECA), com mais de 10 mil exemplares.
Segundo a bibliotecária Lauci Quintana, desde quando a Biblioteca Lourival Gomes Machado saiu da Cidade Universitária, em 2016, para o prédio do MAC, não havia sido realizada uma inauguração. Com a doação do acervo Walter Zanini e a abertura da Livraria Editora da USP, a cerimônia foi finalmente organizada.
Doação
O equipamento cultural recebeu a doação da família de Walter Zanini após um longo processo, que teve início em 2013, ano de falecimento do docente. Naquele ano, houve o lançamento do livro “Walter Zanini: Escrituras Críticas”, de Cristina Freire, professora do MAC, e uma exposição dedicada ao homenageado.
“Com essa doação, sua memória ficará presente e, assim, perpetuada nesse museu, onde, como primeiro diretor, dedicou com grande experiência e inovação uma parte importante de sua vida”, foram algumas das palavras da família Zanini.
Walter Zanini foi professor, historiador, curador e crítico de arte. Ele se graduou e doutorou pela Université de Paris VIII, sendo considerado o primeiro curador da Bienal de São Paulo. O docente participou da criação do Comitê Brasileiro de História da Arte, do qual foi presidente, e organizou dois volumes do livro “História Geral da Arte no Brasil”.
Vale ressaltar que Zanini foi o primeiro diretor do MAC, de 1963 a 1978, e fundador do Departamento de Artes Plásticas da ECA, onde atuou como professor de graduação e pós-graduação. O docente orientou estudantes que se destacaram no cenário histórico-artístico, como Aracy Amaral, Daisy Peccinini e Carlos Scarinci.
Valorização
Entre 1984 e 1988, o professor também foi diretor da ECA. “Walter Zanini está na base do Departamento de Artes Plásticas. Ele lutou, durante muitos anos, para a criação do Instituto de Artes, para a separação entre Comunicações e Artes, no sentido de valorizar as duas áreas”, explica Domingos Tadeu Chiarelli, professor do CAP, que foi aluno de Zanini.
“Acho que ele tem essa presença notável na USP porque seu nome está associado a um curso de formação na área de artes na universidade”, avalia a professora Sônia Salzstein Goldberg, do CAP. O curso em uma universidade pública trouxe o horizonte da pesquisa, alternativa ao mercado, destaca a docente.
“Então, o professor Zanini foi pioneiro na USP por ter trazido essa iniciativa”, completa. Sônia Salzstein Goldberg acrescenta que a ideia de inserção do ensino de arte na instituição de ensino vinha da formação internacional que o professor teve.
A bibliotecária Lauci Quintana enfatiza que, no material doado, com 12,5 mil livros e 800 revistas, há itens sobre história da arte, filosofia, pintura, sociologia da arte europeia e americana, monografias de artistas modernos e contemporâneos, entre outros.
Também integram o acervo obras de filósofos e críticos, como Henri Matisse, Constant Permeke, Marcel Duchamp e Theodor Adorno. “Tem coisa desde quando ele era aluno”, diz a bibliotecária.
