Atividades marcam 120 anos da antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás

Inauguração de café bistrô e novo cinema estão entre as novidades das comemorações dos 120 anos do prédio

qua, 16/05/2007 - 11h22 | Do Portal do Governo

De 1887 a 1978, quando encerrou suas atividades, 2,5 milhões de imigrantes, de 70 nacionalidades, passaram pela Hospedaria de Imigrantes do Brás. O prédio (próximo da estação de Metrô Bresser/Mooca), onde funciona atualmente o Memorial do Imigrante, completa 120 anos. Para marcar o aniversário, o Memorial – vinculado à Secretaria de Estado da Cultura – está preparando uma série de novidades para o público, como um café bistrô e novo cinema.

Outras novidades estão intimamente relacionadas à atual política museológica da instituição, que tem por base três frentes de atuação, segundo Ana Maria da Costa Leitão Vieira, diretora do Memorial do Imigrante. Uma delas é trabalhar conjuntamente com outros museus de imigração do mundo. As demais são aproximar a instituição da área acadêmica, intensificando seu papel como local de estudo e pesquisa, e destacar a imigração contemporânea como novo objeto de estudo.

Em termos de atuação com instituições congêneres, por exemplo, o Memorial participou, no ano passado, em Roma, da criação da Rede Internacional de Museus de Imigração. Em decorrência disso, está operando em rede e vai receber uma exposição do Arquivo de Imigração da Galícia, que será aberta dia 25. A instituição espanhola estuda os imigrantes que vieram para a América.

Parcerias

Ainda nessa parceria com órgãos similares, o Memorial do Imigrante passa a ter acesso ao acervo de alguns museus de imigração dos Estados Unidos. Um deles é o de Ellis Island, em Nova York. O prédio, situado numa ilha e com as mesmas características da antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás, serviu de ponto de desembarque para 12 milhões de imigrantes que chegaram aos Estados Unidos entre 1892 e 1954.

A instituição está em contato também com o Museu de Yokohama, no Japão. A finalidade é a assinatura de termo de cooperação, para troca de bancos de dados, realização de pesquisas em comum e intercâmbio de pesquisadores. Essa parceria poderá resultar em eventos para os cem anos da imigração japonesa no Brasil, comemorados no próximo ano.

Nos mesmos moldes da rede internacional, o Memorial prepara a conexão dos diversos acervos de imigração existentes no Brasil numa Rede Nacional de Museus de Imigração. “Atualmente, com exceção do Memorial – uma instituição museológica de estudo da imigração em São Paulo –, não há nos demais Estados um órgão específico para cuidar desse assunto”, observa Ana Maria. Por isso, o pesquisador, muitas vezes, não sabe onde buscar informações sobre documentos. O acervo dos imigrantes que entraram no País via Rio de Janeiro estão, por exemplo, no Arquivo Nacional. No Paraná, está no Arquivo do Estado do Paraná. Afora esses locais, há teses sobre imigração nas universidades, mas estão em bancos de teses das próprias instituições.

A Rede Nacional foi criada com 11 instituições, inclusive o Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. Para quem ainda não faz parte dela, o Memorial disponibilizará em seu site formulário, para preenchimento por órgãos interessados. As delegacias da Polícia Federal distribuídas pelo interior dispõem, por exemplo, da ficha modelo 19, o registro de estrangeiros. Com essa rede, será possível mapear esses e outros acervos, que estarão abertos a pesquisadores.

Restauro

O prédio do Memorial do Imigrante, tombado pelo Condephaat, órgão estadual que cuida da preservação do patrimônio, também deve ser preparado para as comemorações dos 120 anos. Os trabalhos de restauro da edificação aguardam aprovação de verba e outros procedimentos, devendo iniciar-se no final do ano.

E mais: estão previstos seminário internacional sobre imigrações contemporâneas, com presenças de importantes especialistas estrangeiros, lançamento de livro contando a história do prédio (da antiga hospedaria aos dias atuais), entre outras atividades. No Café Bistrô do Imigrante, com data de inauguração a ser marcada, a expectativa é que sejam servidas especialidades de alguns países. O cinema, que deve entrar em funcionamento em dois meses, com sessões aos sábados, exibirá filmes em DVD cujos temas sejam a imigração, como O Poderoso Chefão.

Em termos de imigrações contemporâneas, Ana Maria afirma que os museus de imigração têm papel importante para evitar o racismo, a xenofobia e no esclarecimento da sociedade acerca dos benefícios que os imigrantes propiciam aos países de destino.

Visitação

O prédio da antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás começou a ser erguido em julho de 1886. Um ano depois, mesmo com as obras inacabadas, passou a receber o primeiro grupo de imigrante, por causa do surto de varíola e difteria que acometeu os hóspedes da Hospedaria do Bom Retiro. As obras do atual Memorial do Imigrante só foram concluídas em 1888.

Segundo o museu, mais visitado da cidade de São Paulo, o Memorial do Imigrante recebe mais de 80 mil pessoas por ano. O local oferece exposições permanentes e temporárias (de objetos de época, trajes típicos e da história da cafeicultura no País), seminários, passeios de bonde e maria-fumaça, entre outras atrações. A instituição é procurada para a realização de pesquisas e para se conseguir documentos e certidões indispensáveis para a obtenção da dupla cidadania.

SERVIÇO

Memorial do Imigrante

Rua Visconde de Parnaíba, 1.316 – próximo ao Metrô Bresser/Mooca

De terça-feira a domingo, das 10 às 17 horas, inclusive feriados

Ingressos: R$ 4 e meia-entrada para estudantes

Entrada gratuita no último sábado de cada mês

Passeio de Maria Fumaça aos domingos e feriados – ingressos: R$ 4 a R$ 7

Passeio de bonde somente aos domingos – ingressos: R$ 4 a R$ 7

www.memorialdoimigrante.sp.gov.br – Tel. (11) 6692-1866

Paulo Henrique Andrade

Da Agência Imprensa Oficial