Assentados da região de Araçatuba produzem para biodiesel

Pinhão-manso é alternativa à mamona por ser produtivo em terras pouco férteis

qui, 10/05/2007 - 14h25 | Do Portal do Governo

Famílias de assentamentos da região de Araçatuba já dedicam parte das plantações a culturas voltadas para o biodiesel. A mamona apareceu como primeira opção, mas, por vários motivos, o pinhão-manso foi se impondo como alternativa, informa Milton Oliveira Gonçalves, técnico de desenvolvimento agrário do Itesp.

A cultura é considerada promissora devido à facilidade de adaptação da planta. O pinhão-manso tem boa produtividade em terras pouco férteis, em diferentes condições de solo (arenoso, calcário, salino, pedregoso) e em climas secos ou úmidos.

Mais: em meio às plantas de pinhão-manso, agricultores ainda podem manter outra cultura ou pastagem. Aliás, o responsável técnico Clóvis Marinheiro, do Itesp, vê a produção do pinhão como uma forma de poupança para os produtores, devido à possibilidade de plantio de mais de uma cultura ao mesmo tempo. Até colher as primeiras frutas – o óleo destinado à fabricação do biodiesel é extraído das sementes delas, num ciclo que leva dois anos – o produtor mantém seu sustento com outras culturas.

No assentamento Orlando Molina, em Murutinga do Sul, o lavrador Alberto Braga, proprietário de 14 hectares no assentamento, pretende manter, em meio às árvores do pinhão, pastagem para o gado. Ele foi orientado a deixar a planta atingir pelo menos 30 centímetros antes de soltar os animais em meio ao cultivo. Com baixa toxidade, o pinhão não provoca danos ao gado caso ele venha a ingerir suas amargas folhas. Já o lavrador José Paulo de Oliveira, prepara a terra para plantar feijão entre as árvores oleaginosas, cultura típica da agricultura familiar – foco que não pode ser perdido.

Para Marinheiro, a comercialização do pinhão-manso é garantida. Segundo estimativas, a produção de 2 mil a 3,5 mil litros de óleo por hectare pode garantir uma renda média anual de até R$ 4,5 mil. A tonelada é comercializada por um preço médio de R$ 300. Mas a política do Itesp não é de monocultura, lembra o coordenador regional Marco Aurélio Pilla: “o incentivo só acontece pela possibilidade do pinhão servir como uma diversificação de produção e alternativa de geração de renda para a agricultura familiar”.

Um selo de combustível social, a ser criado na esfera federal, deverá trazer vantagens ao produtor de biodiesel, como crédito. Já há uma linha de crédito adicional do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) para o cultivo de oleaginosas.

Da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania