Alunos descobrem novo mundo no Planetário do Ibirapuera

Estudantes da Escola Estadual Samuel Klabin visitam e se entusiasmam com o Planetário

ter, 14/10/2008 - 10h20 | Do Portal do Governo

Passageiros de primeira viagem ao espaço, os 33 alunos da 2ª série do ensino fundamental da Escola Estadual Samuel Klabin (localizada na Vila Dalva, na periferia da zona oeste da capital) não contiveram o entusiasmo e aplaudiram efusivamente o aparecimento do céu noturno repleto de estrelas e astros projetados no Planetário Aristóteles Orsini, no Parque do Ibirapuera. Nos rostos voltados para o teto da sala, as expressões de espanto e de curiosidade testemunharam o prazer da descoberta do mundo da astronomia. Durante o passeio pelo Sistema Solar, os sussurros e risos fizeram pano de fundo aos novos conhecimentos apresentados.

“Nossa, parece de verdade!”, “Que lindo!”, “Queria morar aqui!”, exclamavam as crianças diante da simulação da noite estrelada. “Olhar para o céu e observar sua beleza e mistérios encantam o ser humano de todas as idades desde a Antigüidade”, afirma a professora da classe, Clarice dos Santos Carvalho. “Os alunos têm curiosidade sobre os astros, estrelas, céu, planetas e também querem conhecer o que oferece o Planetário.” No preparo da visita, assistiram ao vídeo da instituição para “saber o que encontrar lá e ajudar no projeto pedagógico”, salienta a professora.

Além da Samuel Klabin, outras escolas estaduais fizeram o percurso didático rumo ao universo no mesmo dia. Todas visitavam a instituição como parte do Programa Cultura é Currículo, da Secretaria Estadual da Educação. Ao todo, o programa possibilita que um milhão de estudantes estaduais visite 27 instituições culturais. A mais nova a entrar no circuito é a Fundação Cultural Ema Gordon Klabin. O lanche e o transporte (ônibus fretado) são custeados pelo governo paulista. Até o final de setembro, quase 107 mil estudantes já haviam visitado uma das instituições parceiras.

Viagem à Via Láctea – Por fora, o Planetário se parece com a “casa de caramujo” e também com “um olho fechado”, compara Gabriela dos Santos, oito anos, que espera encontrar milhares de estrelas em seu interior e muitas coisas diferentes. Na sala escura, as crianças acompanharam atentas a localização da galáxia Via Láctea (“rio de leite”), as linhas do Equador, Câncer e Capricórnio, as constelações (grupos de estrelas como as Três Marias e o Cruzeiro do Sul, que está estampado em nossa bandeira) e observam as cores e brilhos das estrelas (Sírius é a mais brilhante).

Foram informados de que o Sol está localizado nesta galáxia e assistiram ao seu alvorecer e poente. Na saída do Planetário, Tiago Silva de Oliveira, oito anos, responde sem vacilar que o Sol é uma estrela. O Sol é uma dos 200 bilhões de estrelas da Via Láctea e a mais próxima da Terra. Mas antes da apresentação, a confusão das crianças com temas básicos da Astronomia era tão grande quanto à curiosidade em conhecer o local. A pergunta “quantos planetas há no Sistema Solar?” provocou uma loteria: 110, 92, 14, 4. Alan Cerqueira de Souza pensou um pouco e respondeu: “São oito, né?”

Ao enumerar os planetas que receberam nomes de deuses romanos, Gisela Araújo do Nascimento, começou bem: Terra, Marte, Júpiter. Ao parar para pensar, Paulo Gabriel continuou: Saturno, Netuno. Outros emendaram: Água, Gelo, Azul.  Esqueceram de Urano, Mercúrio e Vênus. Desde agosto de 2006, Plutão perdeu o status de planeta. Houve quem respondesse que a cor da Terra vista do espaço era marrom. Gabriela foi a primeira a dizer que é azul porque “tem muita água” (71%). O Sistema Solar tem oito planetas, 89 luas, 878 cometas e dois cinturões e milhares de asteróides, meteoróides e cometas que giram em torno do Sol, informou a narrativa.

Aguçando a criatividade – A professora Clarice disse que os alunos com livros em casa sobre o assunto têm mais noção do Sistema Solar. Já os demais, estão descobrindo agora. Outro problema é a alfabetização. “A maioria escreve recados simples, mas alguns têm muita dificuldade para ler”. Pelos últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do total de 24,8 milhões de crianças de 8 a 14 anos, no Brasil, 1,3 milhão não sabem ler e nem escrever. A diretora Edna Rodrigues disse que a escola está entre as três piores no Instituto de Desenvolvimento Econômico-Social (Idesp) (nota 2,65), por problemas de fluxo e de alfabetização.

Por isso ela considera “importante a criança visitar essas instituições e conhecer outras realidades. Os pais não têm condições de levá-las”. Dos 950 alunos do colégio, boa parte mora nas favelas da região. Situada próximo ao Parque dos Príncipes, condomínio de classe média alta, tem grande área verde. O corte da grama da escola é feito por voluntários do condomínio, já que vários pais de alunos trabalham lá. A diretora vai fazer parcerias e criar uma horta e praça de leitura para os alunos.

Clarice destacou que o passeio é fundamental para o aluno vivenciar, esclarecer e ilustrar os conteúdos ensinados em sala. A professora de artes da escola, Juliana Novelli, afirmou que um ambiente novo facilita a aprendizagem e aguça a curiosidade e a criatividade. A aluna Victoria Hengler disse ter gostado de saber que a Terra e Vênus são planetas “irmãos”, e ficou encantada com as constelações dos signos do zodíaco. Fez questão de dizer que vai pedir ao tio para trazê-la novamente com seu irmão menor.

Tiago também disse que “foi bem legal”, só estranhou a sensação de que as “estrelas faziam a cadeira subir”. Deve ser pelo fato de que o projetor (Carl Zeiss) exibe o céu visto de qualquer ponto do universo e ter feito várias “viagens” pelos pontos cardeais e até ao Stonehenge, observatório estrelar primitivo localizado na Inglaterra.  “Mas não fiquei com medo”, garantiu.  Para Gisela, tudo era novidade, até o Parque Ibirapuera. “Nunca tinha vindo aqui”, conta.

A garota se disse surpresa com a quantidade de estrelas e a distância entre os astros. Alan se impressionou com o centauro e a cabeça-de-boi, desenhos formados por constelações. Após a visita, os alunos contarão o que viram aos colegas, esclarecerão dúvidas e farão exposição (desenho a partir das observações, recorte, colagem) do que aprenderam. A professora de artes pretende usar placa de isopor para os alunos fazerem uma maquete dos planetas.

Serviço

Planetário – Avenida Pedro Álvares Cabral
Portão 10 – Parque Ibirapuera – São Paulo
Número de lugares: 280, sendo 7 para cadeirantes
Há elevador para o mezanino e rampa de acesso
Ingresso: R$ 5. Estudantes, maiores de 65 anos e aposentados pagam meia
Mais informações, ligue (11) 5575-5425

Claudeci Martins – Da Agência Imprensa Oficial