Alunos da USP montam empreendimentos com base em dados reais

Disciplina do curso de Administração da Universidade de São Paulo propõe desafios aos estudantes em metodologia inovadora

seg, 16/07/2018 - 20h26 | Do Portal do Governo

Na Universidade de São Paulo (USP), a disciplina Planejamento e Controle Financeiro, para alunos no 5º semestre do curso de Administração, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), promove inovações no conteúdo proposto ao estudante, por meio do trabalho da professora Liliam Sanchez Carrete.

“Os alunos não querem mais apenas ficar sentados ouvindo um docente falar. Estamos propondo aqui uma nova metodologia de ensino, com a proposta de inovar cada vez mais”, ressalta a professora.

Vale destacar que as aulas ocorrem no Laboratório de Ensino de Decisões em Negócios, que surgiu a partir de um edital feito pela reitoria da USP, em 2012. Durante os seis meses de curso, os alunos desenvolvem todo o modelo financeiro de uma empresa fictícia, porém inserida em um cenário real.

Atividades

Nas aulas iniciais, os graduandos aprendem a avaliar uma empresa, estudam investimento, diferenças de taxas de juros e custos de capital. Em seguida, os estudantes realizam cálculos sobre o que é necessário para abrir o negócio. A disciplina envolve planejamento de vendas, de compras de matérias-primas, de estoque, de custos operacionais, custos indiretos, recursos e mão de obra.

Após montar o planejamento, os alunos realizam o fluxo de caixa e demonstração de resultados. Os graduandos analisam quanto a companhia vendeu, a receita bruta, o lucro líquido e até mesmo o prejuízo. Todos os cálculos são feitos em uma planilha elaborada pelos próprios alunos ao longo do curso.

“Montar uma organização financeira é muito difícil. Como você faz isso? Como se proteger e se prevenir? Você pode ser mais conservador e mais arriscado. Cada aula é algo novo”, revela o estudante Michel Juelss, que cursou a disciplina no primeiro semestre deste ano.

A diferença de uma aula convencional para uma atividade no laboratório é que a teoria e a prática são analisadas ao mesmo tempo. De acordo com a professora Liliam Sanchez Carrete, estudar o mesmo caso ao longo do curso possibilita que o aluno tenha a visão global do negócio.

É importante frisar que os estudantes são responsáveis por tomar decisões de administração. Eles, inclusive, devem optar por uma postura mais agressiva ou mais conservadora.

Decisões

Aluno da disciplina, Marco Aurélio Fernandes avalia que, em finanças, existem sempre o risco e o retorno. “É a metáfora do pássaro na mão e dos dois voando. Na teoria, podemos entender a lógica, o raciocínio. Mas aqui vemos a magnitude do impacto de cada decisão. O laboratório facilita muito esta análise”, enfatiza.

Ao tomar as decisões, além de conceitos teóricos, os graduandos devem considerar a incerteza política no Brasil, a taxa cambial, que pode afetar a compra de matéria-prima, e a pressão inflacionária, que pode fazer com que a taxa de juros aumente.

Futuramente, a professora pretende instalar simuladores nos computadores do laboratório e criar uma disciplina eletiva totalmente aplicada. “Será apenas simulação, cada aula terá um cenário e os alunos terão que decidir quanto aplicar em cada empresa”.

A docente Liliam Sanchez Carrete tem planos de transformar o laboratório em um espaço aberto, para que os alunos possam utilizá-lo para desenvolver as próprias atividades e projeto paralelos. O Laboratório de Ensino de Decisões em Negócios está localizado no prédio da FEA, no campus Cidade Universitária, em São Paulo.