Alunos da Campos Salles participaram do Projeto Arte e Ciência no Parque

Professores, estudantes e comunidade do bairro São João Clímaco tiveram contato com experimentos produzidos no Instituto de Física da USP

sáb, 25/08/2007 - 13h00 | Do Portal do Governo

“A universidade começa a desempenhar o seu verdadeiro papel de mostrar que a Ciência não é um bicho-de-sete-cabeças”, afirma Braz Rodrigues, diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Campos Salles, localizada no bairro São João Clímaco, zona sul da capital. A frase tem endereço certo: o Projeto Arte e Ciência no Parque que, sábado passado, das 9 às 13 horas, levou aos alunos, aos professores e à comunidade da região experimentos científicos produzidos no meio acadêmico. Coordenado pelo professor Mikiya Muramatsu, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o evento recebeu a visita de 1,2 mil pessoas interessadas em conhecer as curiosidades do mundo da Ciência. Além das oficinas de arte e de fotografia, o público foi recepcionado pelos monitores que demonstraram e explicaram os experimentos.

Quem participou da exposição aprendeu como a luz do sol se decompõe, como as imagens se formam, como enxergamos, como funciona o corpo humano e como os espelhos esféricos e cilíndricos são capazes de enganar a visão ao distorcerem as imagens. Ao refleti-las, criam a ilusão de que os objetos estão ao alcance das mãos quando, na realidade, estão longe delas. A grande atração – que fez a alegria da criançada – foi a bicicleta que transforma energia mecânica em energia elétrica e faz uma televisão funcionar.

“O projeto teve início em abril e até agora visitamos três parques em São Paulo e duas escolas estaduais. Nosso objetivo é popularizar e difundir a ciência e a tecnologia”, informa Muramatsu.

Equipe afinada – A equipe que acompanha o professor aos locais públicos tem 12 pessoas – professores, bolsistas do CNPq e alunos da graduação da USP. São eles que auxiliam na montagem e nas demonstrações dos experimentos focados na Física, na Biologia e na arte. Conforme declara o monitor Marcos Melo, estudante do quarto ano de Física e bolsista da USP: “O que falta no ensino são atividades experimentais. Esse projeto humaniza a Ciência, que fica mais atraente. No caso da Física, você deixa de resumir essa Ciência, que é belíssima, a números e formas”.

Marcos considera que, apesar de os materiais utilizados nos experimentos serem bastante simples, trazem uma bagagem teórico-científica capaz de despertar o interesse das pessoas pela Ciência: “As crianças podem utilizar esses materiais em casa para fazer brinquedos. Por meio dos experimentos você consegue transportar o universo vivido pelos cientistas nos laboratórios ao alcance de todos”, explica.

Teoria e prática – A professora Inês Nogueira, do Instituto de Ciências da USP, participa do projeto desde o início. Ela diz que a exposição na Campos Salles também esclareceu aos estudantes conceitos das neurociências presentes no dia-a-dia das pessoas.  Para que os visitantes tivessem acesso a esse tipo de informação, foram organizadas oficinas de arte e diversas atividades lúdicas centradas no funcionamento dos órgãos dos sentidos e ritmos biológicos; na formação da imagem, ilusão de óptica e perspectiva; na discriminação e triagem da acuidade visual e cores, entre outras. Além disso, o público recebeu noções de higiene bucal e aprendeu sobre a anatomia do corpo humano.

A estudante Liliam Fernanda Freitas, de 12 anos, acompanhou atentamente as explicações sobre o funcionamento do corpo humano. “O que mais chamou a minha atenção foi entender como funcionam o fígado e o coração. A explicação foi muito boa, vai me ajudar nos estudos”, diz a jovem, que cursa a 6a série na Campos Salles.

Inês informa que mais três colaboradores participam da iniciativa, como voluntários, auxiliando nas diversas atividades do projeto. “Temos um artista plástico, uma arte-educadora, um oftalmologista e uma dentista”, informa a docente.

Cultura científica – O diretor da escola, Braz Rodrigues, conta que a vinda do Arte e Ciência no Parque à escola partiu de um convite da União de Núcleos, Associações e Sociedades dos Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas), que enviou 13 participantes à oficina de fotografia na lata. “Integram os núcleos socioeducativos da Unas e atuarão como agentes multiplicadores. Ensinarão o que aprenderam às crianças”, diz Rodrigues.

Considerando-se o número de pessoas atraídas pelos experimentos e curiosas em aprender um pouco da ciência oficial, por meio das demonstrações do professor e seus assistentes – o primeiro evento, realizado no Parque Presidência, quilômetro 12 da Rodovia Raposo Tavares, reuniu mais de 500 pessoas no fim de semana –, o projeto cumpre sua principal missão: viabilizar a compreensão de que uma cultura científica pode interferir de forma significativa na qualidade de vida das pessoas e garantir mais elementos para o desenvolvimento da cidadania nos diversos âmbitos de sua atuação. Nas palavras do professor Muramatsu, “levar a universidade ao público e não esperar pelo contrário”.

Para fazer isso, o docente informa seu próximo passo: “Embora o projeto tenha duração de dois anos, está nos nossos planos contratar, mediante concurso, um técnico que exercerá a função de gerente do Arte e Ciência no Parque. A ele caberá coordenar nossa equipe e ser responsável pela montagem dos experimentos”.

Marilia Mestriner

Da Agência Imprensa Oficial

SERVIÇO

Próximo Projeto Arte e Ciência no Parque está programado

para os dias 15/16 e 22/23 de setembro, no

Parque da Independência, Ipiranga, zona sul da capital,

de manhã e à tarde

(R.A.)