Unicamp oferece infraestrutura para pesquisadores e docentes empreendedores

Universidade conta com diversas capacitações para alunos e professores que pretendem desenvolver tecnologias inovadoras

qua, 19/09/2018 - 14h31 | Do Portal do Governo

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estimula continuamente o surgimento e a evolução de iniciativas que se transformem em novos negócios. Um dos exemplos é o de Efraim Albrecht, que, quando fazia mestrado na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da universidade, sempre se envolvia em projetos além da pesquisa de mercado.

“Já nessa época eu comecei a ter contato com empresas que buscavam a Feagri para desenvolver soluções na área de equipamentos”, explica. De acordo com Efraim Albrecht, foi a partir do apoio que tiveram dos professores e, especialmente, da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), que ele e os colegas Guilherme Ribeiro Gray e Domingos Guilherme Cerri fundaram, em 2005, a Agricef Soluções Tecnológicas.

A empresa, que atua no desenvolvimento e produção de equipamentos agrícolas, tem sede própria na cidade de Paulínia, com cerca de 50 funcionários. “O ingresso na Incamp mudou tudo para nós. Lá, tivemos contato com conceitos de gestão, recursos humanos e marketing. Os três anos de incubação deram a base para estruturar o negócio e criar uma empresa de fato”, salienta o empresário.

Capacitação

Vale destacar que a Incamp foi criada em 2001 e incorporou-se à Inova em 2003. Ela oferece infraestrutura e capacitação tecnológica e gerencial para novos empreendedores. “É uma capacitação que ajuda essas empresas nascentes de base tecnológica porque boa parte dos empreendedores não tem esse perfil de gestor. Aqui, eles passam por treinamentos com consultores, palestras e processos de mentoria sobre temas como vendas, negociação e planejamento estratégico”, ressalta a gerente do Parque Científico e Tecnológico e da Incamp, Mariana Zanatta Inglez.

O programa de capacitação da Incubadora é viabilizado por meio de parcerias com o Sebrae e a Federação Brasileira das Empresas de Consultoria e Treinamento (Febraec). Com atuação global, a Agricef atende empresas como Raízen, Basf, Suzano, Syngenta, Granbio e Sumitomo. Um dos projetos em desenvolvimento é um equipamento para automatizar o plantio de cana-de-açúcar no sistema de mudas pré-brotadas (MPB), que tem sido aplicado mais recentemente em substituição dos colmos para o replantio da cana. “Nosso equipamento permite soltar cada muda em uma distância precisa, garantindo que, no fim do plantio, o terreno tenha o número certo de plantas por hectare, sem desperdício de mudas e de terreno”, afirma Efraim Albrecht. A máquina para plantar cana é um dos projetos sob demanda atendidos pela Agricef.

Pré-incubação

É importante frisar que a Incamp também oferece um programa de pré-incubação. “Com duração de um ano, é uma etapa que serve para validar uma ideia ou um projeto, para checar se é viável montar um protótipo ou se o negócio é, de fato, promissor”, explica Mariana Zanatta.

A Bioxthica é uma das empresas que passou por essa etapa. Hoje, já como incubada, a companhia desenvolve soluções na área de neuroreabilitação baseada em realidade virtual. “Quando um paciente sofre um acidente vascular cerebral, ocorrem lesões no cérebro que comprometem movimentos da pessoa. Nossa expectativa, com essa tecnologia, é estimular que novas áreas do cérebro possam reaprender aquele movimento perdido”, enfatiza Alexandre Brandão, sócio-fundador da Bioxthica.

A empresa é uma spin-off de um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (Brainn). Em uma das aplicações da tecnologia em desenvolvimento na empresa, sensores fixados nas pernas de um paciente enviam sinais para uma placa controladora quando esta faz um movimento de caminhada. Então, a placa se conecta com um ambiente de realidade virtual por meio de óculos especiais.

“O usuário visualiza um ambiente que simula uma cidade com prédios, ruas, veículos, faixas de segurança nas ruas etc. e que responde às ações desse usuário. Isso permite que um movimento limitado de um paciente possa ser reproduzido como um movimento completo. No ambiente virtual, o paciente visualiza o movimento perfeito e não deficitário”, explica o sócio-fundador. De acordo com Alexandre Brandão, a ideia é que o novo produto esteja no mercado em médio prazo, tendo como público-alvo o profissional que trabalha com reabilitação.

Inovação

Outra empresa que surgiu no Brainn foi a Hoobox, que atua na área de robótica e inteligência artificial. Incubada desde 2017, a startup criou o “Wheelie”, primeiro programa de computador do mundo capaz de traduzir expressões faciais em comandos para controlar uma cadeira de rodas e computadores. “A tecnologia dispensa o uso de sensores corporais e qualquer tipo de treinamento”, revela o engenheiro Claudio Pinheiro, um dos fundadores da companhia.

Assim, a Hoobox combina o perfil empreendedor dos fundadores com a pesquisa de ponta realizada na Unicamp. “Temos uma relação muito próxima com a universidade. Nossos colaboradores são alunos de mestrado e doutorado que têm a vivência da pesquisa e, ao mesmo tempo, a experiência do trabalho na startup”, acrescenta. Segundo Claudio Pinheiro, foi a capacitação na Incamp que possibilitou à empresa eleger seu mercado de atuação, os veteranos de guerra norte-americanos para a tecnologia de mobilidade em cadeira de rodas.

A Hoobox já tem um escritório em Houston, nos Estados Unidos, em parceria com o Laboratório de Inovação da Johnson & Johnson, empresa norte-americana da área de farmacêuticos e cuidados pessoais. O potencial da empresa também chamou a atenção do Hospital Albert Einstein, o maior hospital da América Latina, que se tornou um parceiro investidor.