Com muita música, alegria e descontração, a trupe Doutores da Alegria aborda um assunto sério. Os personagens Balão, São João Juiz, casal de namorados, bombeiro e Joaninha foram criados especialmente para encenar a peça Balão Beleza Perigosa, direcionada aos alunos do ensino médio.
A exibição ocorreu no dia 26 de maio, no Teatro Municipal de Santo André, e marcou o lançamento da segunda fase da campanha Balão Não. A Vida em suas Mãos, da Associação das Indústrias do Pólo Petroquímico do Grande ABC (Apolo) com apoio da Polícia Ambiental.
Os Doutores da Alegria contam a história de um palhaço apaixonado que presenteia sua amada com um balão; porém, o presente literalmente “chamusca” a relação. Joaninha reclama que o criminoso caiu do céu, queimou seus familiares e a floresta. “Mas a culpa não é minha. É de quem me fez!”, afirma o balão. O julgamento determina que ele se trate em clínica de reabilitação. “Se ainda assim queimar, você será destruído no fogo do inferno”, avisa São João Juiz.
Palestra – A palestra do cabo Marcelo Fonseca, da Polícia Ambiental, debateu o lançamento de balões, as conseqüências dos incêndios e a legislação vigente. “Se o criminoso for menor de idade, abre-se inquérito policial para seu responsável”, frisa. Alerta que quando este jovem disputar vaga de emprego não terá prioridade de contratação porque constará histórico de crime ambiental em seu atestado de antecedentes criminais. “É melhor conscientizar e prevenir as pessoas do que puni-las”, observa o cabo Fonseca.
Mais estragos – Sobre a Lei Federal nº 9.605/98, que trata de crimes ambientais, o cabo Marcelo Fonseca informa aos estudantes: “Se integrar grupo que faz balão, mesmo que não produza nada, será punido com os demais”. E enumera os prejuízos nas áreas vegetais: empobrecimento do solo, alteração da qualidade da água e desmatamento da fauna e flora. O clima seco dessa época do ano, com pouca chuva, favorece incêndio, que invade a malha viária, dificulta a visibilidade do motorista e gera acidentes.
Os baloeiros ainda causam outros estragos. Monitoram o percurso do balão e tentam resgatá-lo invadindo residências, empresas e provocando brigas. Na expectativa de que o público jovem torne-se multiplicador contra os balões, o policial fez um apelo: “Vocês representam a perspectiva de um amanhã melhor”.
O programa da Apolo pretende conscientizar 2,8 mil alunos de nove escolas públicas de ensino médio, próximas ao Pólo Petroquímico (Santo André, São Paulo, Mauá e Rio Grande da Serra). Estão programadas sete apresentações em Santo André, que incluem exibição do Doutores da Alegria e palestra da Polícia Ambiental.
As brigadas de incêndio do Pólo Petroquímico do ABC informam que neste ano cinco balões caíram em dez indústrias petroquímicas associadas. Em 2007, caíram 47 balões nas empresas, contra 27 em 2006.
“Não sabia que o incêndio compromete a qualidade da água. Já vi jovens soltando balão perto de casa, no Jardim Adolfo Pirani, zona leste da capital. Avisei a polícia, mas não sei se eles foram detidos”
Patrícia Barbosa Alves, aluna do 2º ano do ensino médio da EE Professora Silvana Evangelista“Usarei o que aprendi no evento para desenvolver projeto de meio ambiente na escola. Cada vez me conscientizo mais. Já vi soltarem balão com imagem do senhor Madruga. Achei bonito, mas é prejudicial”
João Paulo dos Reis, 16 anos, mesma turma de Patrícia“Na sala, seriam necessárias muitas aulas para ensinar o que compreenderam aqui em 40 minutos. Aprenderam brincando”
Professora de Química, Ligia Mara Mencarelli Santos
Doutores da Alegria na defesa do meio ambiente
Apesar de o foco dos Doutores da Alegria ser divertir pacientes infantis internados, o coordenador nacional de criação Ângelo Brandini diz que a trupe participa da campanha contra os balões, pois se trata de ação de cidadania. Pela primeira vez o grupo faz trabalho sobre meio ambiente.
Brandini escreveu a peça sobre balões em apenas um mês e acredita que houve boa receptividade do público: “Adolescente é bastante participativo. Não é platéia fácil, mas somos descolados”.
O grupo Doutores da Alegria foi criado em 1991. Hoje, os 56 artistas apresentam-se em 16 hospitais de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte. Seus 17 anos de atuação resultou em visitas hospitalares que devolveram a alegria a 650 mil crianças internadas. SERVIÇO
Como denunciar
Secretaria de Estado de Meio Ambiente: 0800 113 560
Polícia Militar: 190
Corpo de Bombeiros: 193
Disque-Denúncia: 181
