SP oferece centro referência no atendimento à população LGBT

Localizado na capital paulista, CRT-DST/AIDS é especializado na prevenção e diagnósticos de DST e Aids no Estado

qua, 30/05/2018 - 17h56 | Do Portal do Governo

Desde 1988, o Estado de São Paulo oferece um centro de referência especializado na prevenção, controle, diagnóstico e tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids. Localizado na capital paulista, o CRT-DST/AIDS é a sede do Programa Estadual DST/Aids.

A unidade, vincula à Secretaria de Estado da Saúde, prioriza ações e serviços voltados à população LGBT, que são mais vulneráveis à transmissibilidade das doenças. Por esse motivo, ela esteve empenhada nos últimos anos em desenvolver trabalhos de conscientização e prevenção diante à comunidade.

Com o CRT, a população pode encontrar serviços multidisciplinares focados em diversas questões de saúde que envolvam o público LGBT. Mais do que isso, a ideia é oferecer orientação e acolhimento aos pacientes.

Testagens Rápidas

Ações de testagens rápidas para diagnóstico do vírus HIV contemplam os serviços do Programa Estadual prestados à população. Uma das mais importantes medidas do CRT é a promoção de mutirões estratégicos de testes rápidos.

Além da identificação precoce da doença, a iniciativa procura reduzir o medo e o preconceito em relação às testagens. Entre os dias 28 e 29 de maio, na semana que antecede a Parada do Orgulho LGBT na capital paulista, o CRT promoveu ações de diagnósticos por fluído oral.

O resultado, que sai em aproximadamente 30 minutos, é igualmente eficaz aos testes tradicionais. Todo o processo é feito de forma cautelosa e sigilosa. No total, foram disponibilizados 2 mil procedimentos, mais de 30 mil preservativos e 10 mil panfletos com orientações sobre doenças sexualmente transmissíveis.

“Todos os dias, 7 paulistas morrem em decorrência da Aids. A testagem é gratuita e disponível em toda a rede pública de saúde. É fundamental que as pessoas com vida sexual ativa façam o teste. Se o resultado for positivo, é importante encaminhá-las para um serviço de saúde para avaliação e acompanhamento médico”, explica Artur Kalichman, coordenador do Programa Estadual DST/aids-SP.

No entanto, nem todos se conscientizam e aproveitam a oportunidade para realizar os testes, seja nos mutirões ou nas unidades de saúde. Pensando nisso, o Programa Estadual também desenvolveu uma alternativa de distribuição de autotestes para pessoas que não procuram o serviço, muitas vezes, por timidez ou vergonha.

O A Hora é Agora – SP é um projeto de pesquisa que envolve, além do CRT, o município de São Paulo e a Faculdade de Medicina da USP. Com ele, o cidadão pode solicitar o autoteste para diagnóstico do vírus HIV por meio de uma plataforma digital.

Após realizar o cadastro, o usuário pode escolher o local de retirada do teste (também oral), realizá-lo com mais privacidade e obter o resultado em 20 minutos. Vale ressaltar que o kit possui orientações e suporte telefônico em caso de dúvidas e até de positividade da doença.

Ambulatório especializado

O CRT também possui um ambulatório especializado para travestis e transexuais. Desde 2009, o Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais se tornou pioneiro no país ao oferecer serviços de acolhimento, avaliação médica e tratamento para saúde mental.

A unidade é referência na orientação de transformações corporais. Aqueles que procuram a redesignação corporal (como mudança de sexo ou mamoplastia) podem procurar o serviço e receber encaminhamento à hospitais estaduais especialistas na área. Ainda, ela oferece atendimento aos que procuram apenas tratamentos por hormônios.

“Nós acompanhamos todos os casos que envolvem transformações do corpo. Também damos assistência multidisciplinar a essas pessoas, como psiquiátrica e odontológica”, explica a médica infectologista e coordenadora-adjunta do Programa Estadual de DST/Aids, Rosa de Alencar Souza.

Desde então, a entidade tem desempenhado um papel importante para comunidade. De acordo com a médica, o Estado está cada vez mais ampliando esse tipo de atendimento no território paulista. “Somos a porta de entrada para essa população”, completa.

Juntos na prevenção

Por meio de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde e a de Educação, o ‘Juntos na Prevenção’ tem como finalidade estabelecer diretrizes para trabalhar questões de sexualidades e orientação de gênero dentro das escolas.

Sob comando do CRT, a ideia é reunir professores, diretores e até representantes de Grêmios Estudantis para levar esse conhecimento aos demais alunos das instituições de ensino. A estratégia é atingir uma população que ainda não iniciou (ou está iniciando) a vida sexual.

“Muitas escolas já disponibilizam preservativos aos alunos. Mas têm casos, por exemplo, que eles ficam dentro da sala do diretor e, por isso, muitos deles não vão pegar. O objetivo do projeto também é orientar sobre a importância de oferecer um cantinho aos preservativos e de se proteger das DST”, conta Ivone de Paula, gerente da Área de Prevenção do Programa Estadual DST/Aids-SP.

O programa pretende percorrer o Estado oferecendo esse serviço de capacitação. Por meio de oficinas, ele permite que o tema seja abordado dentro das escolas sem nenhum tipo de preconceito. No total, quatro regiões já foram contempladas.

A de Registro foi uma delas e reuniu oito municípios no último mês. Inicialmente, a ideia foi estabelecer alguns parâmetros para depois criar métodos a serem levados às instituições de ensino locais.

“Antes de tudo, o programa estabelece a prevenção da população mais jovem, que é mais vulnerável. E quando você trabalha com a escola, você também atinge um público LGBT”, comenta Maria Cecília Rossi de Almeida, interlocutora do Programa DST/Aids na região.