Salão de Belas Artes mostra novos talentos da arte figurativa do País

Inaugurado no domingo, 6, a exposição estará aberta ao público até o dia 27

ter, 08/01/2008 - 9h10 | Do Portal do Governo

Homenagens, revelação de novos talentos da arte figurativa no Brasil, diversas obras premiadas nas categorias pintura, escultura e arte decorativa. Dessa maneira, o Porão das Artes, da Fundação Bienal de São Paulo, no Parque do Ibirapuera, dá as boas-vindas ao 1º Salão de Belas Artes, promovido pela Secretaria Estadual de Cultura do Estado de São Paulo.

Inaugurado no domingo, 6, com a presença de convidados, artistas, apreciadores das artes plásticas de várias gerações, além de autoridades, a exposição estará aberta ao público em geral até o dia 27. Tem o objetivo de propiciar aos participantes a oportunidade de ascenderem na carreira e revelar aos visitantes os novos talentos, tornando-os reconhecidos tanto no cenário artístico de São Paulo e do Brasil.Foram três meses de mobilização na Associação Paulista dos Amigos da Arte, local das inscrições e onde se deu o processo de escolha das obras, comenta André Sturm, coordenador da Unidade de Fomento e Difusão Cultural, da Secretaria da Cultura. 

Adesão – “Nesse período, 357 artistas se inscreveram, chegando o número de obras a 904. Selecionamos 162 artistas e 262 trabalhos. Desse total, premiamos 44 obras. Vale ressaltar a abrangência do salão, espetacular, pois não se restringiu apenas a São Paulo, capital e interior. Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro compareceram em peso, assim como Brasília, Mato Grosso e Bahia”, diz Sturm.

Alexandre Reider, um dos três artistas premiados neste salão com medalha de ouro (os outros são Carmelo Gentil, na categoria pintura, com Vou começar, e Álvaro Teodoro Ronconi, pela escultura Família, início daliberdade), acredita que o evento constitui grande oportunidade para se discutir as questões artísticas, ganhar visibilidade e manter um laço entre os que praticam a arte figurativa. “É um lugar onde se acha delineado o panorama da boa arte figurativa brasileira”, diz Reider, autor de Vale do Paraíba. Reider, aos 34 anos, já foi premiado no Salão de Belas Artes em edições anteriores, com medalhas de bronze e prata. Segundo ele, é a premiação mais importante no Brasil, pela tradição. O artista Pedro Alexandrino, por exemplo, conquistou ouro nos anos 1930, quando o evento surgiu pela primeira vez, ressalta. “Hoje temos diversos salões de arte que oferecem até prêmio maior em dinheiro, como o de Piracicaba e o de Ribeirão Preto, mas ser premiado em São Paulo tem um significado especial: as portas das galerias se abrem mais facilmente, passam a reconhecer melhor nosso trabalho, chovem convites para eventos nacionais e internacionais, nossos ateliês ficam apinhados de alunos de todas as regiões do Brasil, enfim, trata-se de um certificado de qualidade”. 

Revelações – A professora aposentada da Escola Caetano de Campos e também artista plástica, Irene Thomassi Antonelli, acompanha as atividades do salão há mais de 70 anos. Primeiro como freqüentadora, depois, como coordenadora. Para isso, cursou três anos a Escola Panamericana de Artes e passou a fazer parte da Associação Paulista de Belas Artes, em 1942. Ela conta que o primeiro salão foi inaugurado em 25 de janeiro de 1934, na Escola de Belas Artes, que ficava próxima à Faculdade de Direito, na Rua 11 de Agosto. Naquela época, era freqüentado por artistas de renome como Oscar Pereira da Silva, Pedro Alexandrino (nomes revelados pelo evento), além de Vítor Brecheret, Eliseu Visconti, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Volpi e Clodomiro Amazonas. “Naquele ano, foram expostas 830 obras, um avanço para a São Paulo daqueles tempos”. Revelou, ainda, o impressionista colorista Djalma Urban, que ganhou todas as premiações outorgadas durante o salão. Por muitos anos ficou nesse endereço, depois passou para a Galeria Prestes Maia. A partir daí, foi objeto de várias disputas e endereços, sendo desativado de 1988 a 1999. Reeditado no ano seguinte, esteve na Assembléia Legislativa, no edifício dos Correios, de novo na Galeria Prestes Maia e, em 2003, no Museu do Imaginário. “Agora que volta à ativa, a nossa torcida é para que continue, como nos velhos tempos, em que a arte figurativa era muito respeitada”, comemora Inês.

Na sua casa, na Avenida Nova Cantareira, Djalma Urban fala dos velhos e novos tempos do salão. Com mais de 1,5 mil quadros pintados ao longo da carreira, aos 90 anos, recorda, ao lado da imensa tela sobre a estação da Luz: “O salão começou com um grupo de pintores que resolveram se unir, entre eles, Ianelli, Durval Pereira, Cimino. No meu caso, só me deu alegrias, me revelou ao mundo e ainda agora, nessa nova edição, recebo homenagem de reconhecimento pelo meu trabalho nas artes plásticas. Não posso querer mais nada, sou o homem mais medalhado do Brasil”, brinca.

Além de Urban, foi homenageada a artista Carlota Lopes de Oliveira pelo reconhecimento do seu trabalho, diversas vezes à frente da organização das inúmeras versões do salão paulista. 

SERVIÇO

Porão das Artes – Fundação Bienal de São Paulo – Parque do Ibirapuera (entrada pelo portão 3)

De terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas 

Maria das Graças Leocádio

Da Agência Imprensa Oficial