Parcerias entre Unicamp e iniciativa privada estimulam pesquisas inovadoras

Diversos projetos de cientistas da Universidade Estadual de Campinas contam com acordo com o setor empresarial

seg, 10/09/2018 - 10h09 | Do Portal do Governo

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) promove parcerias com o setor empresarial para acelerar o desenvolvimento de produtos inovadores para as indústrias e estimular a criação de recursos humanos qualificados. Atenta ao potencial da pesquisa em colaboração, a universidade encerrou o ano de 2017 com 49 convênios, 14 com empresas federais e 35 com a iniciativa privada, segundo com dados da Agência de Inovação Inova Unicamp, órgão responsável por intermediar as parcerias com o mercado.

Os acordos envolvem 16 unidades ou centros de pesquisa, totalizando R$ 64 milhões em investimentos no setor. Foi para buscar soluções para um desafio estratégico e global que a Shell, multinacional do setor petrolífero, firmou um convênio com a Unicamp para a criação do Centro de Inovação em Novas Energias (Cine).

O espaço, que também reúne pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas (IPEN), deve receber investimentos de R$ 110 milhões ao longo de cinco anos.

Cenários

Vale destacar que o principal objetivo do Cine, sediado na Unicamp e sob coordenação do professor Rubens Maciel Filho, da Faculdade de Engenharia Química, é desenvolver pesquisas para conversão de energia solar em produtos químicos e o armazenamento de energia, além da transformação de gás natural em combustíveis que produzam menos gases do efeito estufa ao gerar energia.

“Trabalhamos com um cenário futuro de crescimento da demanda energética e, ao mesmo tempo, em que a manutenção da qualidade de vida, especialmente nas cidades, dependerá da redução da dependência de combustíveis fósseis e da ampliação da participação de fontes renováveis na matriz energética mundial”, salienta.

“Nesse cenário, um dos objetivos estratégicos da Shell é fornecer energia mais limpa, que gere menos impacto no meio ambiente”, ressalta o gerente regional de pesquisa externa e inovação da Shell, Giancarlo Ciola. “Entendemos que somente um programa com abordagem multidisciplinar é adequado para enfrentar um desafio altamente complexo como a transição energética. Fazer isso internamente demandaria muito tempo. A parceria com a universidade permite à empresa multiplicar sua capacidade de solucionar problemas”, acrescenta.

Chamada

É importante frisar que a parceria com a Shell surgiu a partir de uma chamada de propostas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), lançada em 2017. Segundo a gerente da área científica e pesquisa para inovação da Fapesp, Patrícia Tedeschi, a interação entre universidade e empresa oferece desafios e oportunidades de visibilidade internacional.

“Esses projetos são uma ferramenta importante de transferência de tecnologia já que permitem que o conhecimento desenvolvido pela universidade seja aplicado a novos produtos, processos e serviços que poderão ser colocados à disposição da sociedade”, explica.

Por meio da Diretoria de Parcerias, a Inova Unicamp teve um papel fundamental para consolidar o convênio de pesquisa com a Shell. “Desde o início do processo, entendemos que o intuito da empresa não era desenvolver um projeto único, mas estabelecer uma parceria de longo prazo com a universidade que pudesse trazer recursos, gerar conhecimento, acima de tudo integrando os dois atores. A partir daí, com apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa, fizemos um mapeamento na universidade, buscando pesquisadores e grupos que poderiam atender o edital”, enfatiza a diretora de Parcerias da Inova, Iara Ferreira.

Na avaliação do diretor-executivo da Inova Unicamp, Newton Frateschi, a atuação da agência cria um ambiente seguro para empresas e pesquisadores. “A partir do conhecimento que desenvolvemos no sentido de estabelecer os termos de cooperação, podemos antecipar aspectos críticos que envolvem os convênios com empresas, como as questões de sigilo, propriedade intelectual e transferência de tecnologia”, afirma.

Energia

Vale destacar que um bom contrato de parceria pode ampliar as possibilidades de ganho para os atores envolvidos e à sociedade como um todo. Isso foi o que aconteceu na iniciativa da Unicamp com o Grupo CPFL. A empresa buscou a universidade para o desenvolvimento de equipamentos para mensuração do consumo de energia elétrica baseados no conceito de internet das coisas (IoT).

Uma das pesquisas é desenvolvida no Departamento de Sistemas Elétricos da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), sob a coordenação do professor Luiz Carlos Pereira da Silva e alguns de seus alunos. “Nesse convênio, está previsto que a CPFL utilizará as tecnologias desenvolvidas nos sistemas e que os pedidos de patente serão feitos em cotitularidade. Além disso, acordamos o licenciamento da tecnologia para a startup Time Energy que poderá comercializar o novo equipamento”, explica Iara Ferreira.

Doutorando na FEEC, Leandro Vieira é um dos sócios-fundadores da Time Energy, que atua no fornecimento de tecnologia e equipamentos para empresas do setor elétrico. “O monitor poderá ser instalado pelo próprio usuário para medir o consumo de energia elétrica de todos os aparelhos da casa. Com isso, o cidadão pode tomar medidas de economia de energia, identificar desperdícios ou defeitos, estimulando um uso mais racional da energia elétrica”, afirma o empreendedor ao Jornal da Unicamp. Segundo Vieira, a tecnologia está em fase final de desenvolvimento e o novo equipamento deve ser lançado em 2019.