Música afinada, auto-estima elevada

O grande desejo de Brenda Lossávaro, 9 anos, é apresentar-se em público. “Porque acho bonito, vejo os artistas na televisão e vi também minha amiga se apresentando”, explica. Mas a […]

sáb, 07/07/2007 - 11h42 | Do Portal do Governo

O grande desejo de Brenda Lossávaro, 9 anos, é apresentar-se em público. “Porque acho bonito, vejo os artistas na televisão e vi também minha amiga se apresentando”, explica. Mas a garota ainda precisa atingir o nível avançado do curso de violão do Pólo Guri de Murutinga do Sul, na região de Araçatuba, para conseguir realizar o sonho. Além desse instrumento, o projeto na cidade oferece aulas de percussão. São 64 alunos.

Com cerca de 4 mil habitantes, Murutinga do Sul não dispõe de cinema nem de teatro. Um dos principais passatempos dos jovens é se reunir na rua principal ou em algumas lanchonetes das imediações. A primeira exibição do Guri na cidade ocorreu no dia 17 de junho, no Murutinga Esporte Clube, para aproximadamente 200 pessoas.

O pólo funciona num espaço com outros projetos. A orientadora do Guri na localidade, Andréia Rangel Cuelhar, conta que só uma das três turmas tem alunos carentes. São jovens provenientes dos assentamentos existentes na cidade.

Filha de professora e motorista da prefeitura local, Brenda tem mais dois irmãos por parte de pai. Diz que está sendo bom participar do projeto porque ele a ensina a ser alguma coisa. “Se mais para frente você quiser ter uma carreira na música, você pode”, argumenta.

Da cidade de Vargem Grande do Sul, região de Campinas, Rárita Talbate da Silva, 15 anos, havia estudado acordeão em Corumbataí (na mesma região) e flauta, em Vargem Grande do Sul, ambos em escola particular, mas foi a primeira vez que se apresentou em público. A menina, que toca viola erudita, disse que entrou no projeto porque sempre foi apaixonada por música e “um dia isso pode servir de alguma coisa”.

Desenvolvimento social

Diferentemente de Murutinga do Sul, a cidade de Rárita, com cerca de 36 mil habitantes, tem uma oferta mais freqüente de atividades culturais. Há um cinema, peças teatrais eventuais (apresentadas no clube local) e festas como a das Nações, entre outras. No final de 2006, ganhou uma casa de cultura. Também tem uma banda.

O pólo do Guri abriga 150 alunos. Oferece cursos de bombardino, canto coral, clarinete, contrabaixo, flauta transversal, percussão, sax alto e tenor, trompete, trombone, violino, viola erudita e violoncelo. A orientadora Tânia Helena da Silva Andrade calcula que 40% dos alunos são de famílias de baixa renda. A inauguração da iniciativa foi no dia 20 de junho.

Para o município de Santa Lúcia, o pólo significa desenvolvimento social, segundo a orientadora Lúcia Elena Carvalho Castelucci. “A gente trabalha a sociabilidade das crianças, desenvolvendo a sua auto-estima”, explica. O pólo, na sua opinião, faz muita diferença na localidade. Isso porque mesmo aqueles que têm mais condições teriam de se deslocarem até Araraquara para aprender violão e percussão, os cursos oferecidos.

A cidade tem dois corais e banda marcial. Parceria com o Sesc leva shows, peças teatrais e narração de histórias a Santa Lúcia. Além disso, há festas e alguns cursos oferecidos pela prefeitura e por oficina cultural de Araraquara. A unidade do Guri tem 70 jovens inscritos