Motorista vai cruzar SP de leste a oeste em rodovias duplicadas

Até início de 2009, com a duplicação de Raposo Tavares, será possível trafegar por todo o Estado em pistas duplas

qui, 14/02/2008 - 9h14 | Do Portal do Governo

Um sonho de mais de meio século dos motoristas que atravessam São Paulo do Pontal do Paranapanema à Baixada Santista se tornará realidade no início de 2009. Pela primeira vez desde que as rodovias Raposo Tavares (SP-270) e Castello Branco (SP-280) saíram do papel será possível cruzar todo o Estado em pistas duplas.

A boa nova veio com o anúncio da duplicação do trecho entre Assis e Maracaí, feito pelo governador José Serra no final de janeiro. “Finalmente a gente vem para dar o pontapé inicial em uma obra que eu sei que é muito reivindicada aqui na região”, disse Serra no local das obras, lembrando que a duplicação será feita pelo Estado.

Depois de encerrada a ampliação dos 25 quilômetros que separam as duas cidades, a estrada será incluída na segunda etapa do programa paulista de concessões rodoviárias, que prevê a concessão de 389 quilômetros da Raposo Tavares. “Com a concessão ia demorar muito a duplicação. Então resolvemos fazê-la e depois incluir na concessão, naturalmente com um ônus para a concessionária por receber uma obra pronta”, explicou o governador em Assis.

Traçado

A obra vai permitir aos motoristas um feito inédito: cruzar os 727 quilômetros que separam extremos como Santos, no litoral, e Presidente Epitácio, na divisa com Mato Grosso do Sul, em pistas duplicadas – mais seguras, espaçosas e em melhores condições de tráfego. Para tanto, o traçado a seguir, sentido interior, compreende as rodovias Anchieta-Imigrantes, Castello Branco e Raposo Tavares.

O motorista vai deixar a Baixada Santista pelo binário Anchieta-Imigrantes, atravessar a capital e seguir pela Castello Branco até o quilômetro 315, na altura de Espírito Santo do Turvo (até 2010 o motorista usará o Rodoanel, na região da Capital, reduzindo consideravelmente o tempo gasto). Em seguida, poderá entrar na SP-327 e seguir nela até o município de Ourinhos. Lá, o motorista vai pegar a Raposo Tavares e seguir até Assis.

Dali em diante começam as novidades: o trecho de 25 quilômetros que separa Assis de Maracaí será duplicado até o mês de outubro deste ano. O governo vai aplicar cerca de R$ 100 milhões na obra. Vai faltar a duplicação dos 72 quilômetros entre Maracaí e Taciba. Este trecho, previsto no programa de concessões, deve ser entregue em 2009 a um custo em torno de R$ 322 milhões.

Para completar o trajeto, o motorista deve seguir em Taciba pela Raposo Tavares, já duplicada, passar por Presidente Prudente e rumar até Presidente Epitácio, na divisa do Estado com  o Mato Grosso do Sul. Ao todo o trajeto leva cerca de nove horas para ser percorrido.

Raposo Tavares

Inaugurada em 1954, a Raposo Tavares tem 660 quilômetros de extensão, da capital até Presidente Epitácio, no Pontal do Paranapanema. Na Grande São Paulo, o DER (Departamento de Estradas de Rodagem), administrador da rodovia na região, registra o fluxo diário de 165 mil veículos – 70% deles de passeio e o restante de transporte de carga e coletivos. O motivo? Dada a proximidade com a capital, o que se nota é a presença de moradores da região em deslocamento para o trabalho. O perfil dos usuários se inverte na região de Assis: são oito mil veículos por dia, 70% deles de carga e o restante de passeio. Isso se explica pelo fato da região ser rota de caminhões, transportando principalmente grãos e cana-de-açúcar, para os portos de Santos e Paranaguá, no Paraná.

No dia 14 de janeiro o governador fez o anúncio da segunda etapa de concessões rodoviárias do estado. Durante a solenidade, Serra citou diversas obras a serem tomadas pela vencedora do edital na Raposo Tavares. Dentre elas, a construção de 127 quilômetros de acostamentos, 22 trevos e retornos, três passarelas e nove quilômetros de faixas adicionais. Também está prevista a duplicação do trecho urbano da Raposo Tavares em Ourinhos.

Concessões

A segunda etapa de concessão é dividida em cinco lotes e totaliza 1.500 quilômetros. O valor de outorga a ser gasto pela iniciativa privada será de R$ 2,1 bilhões. As concessionárias terão de investir nos próximos anos na Ayrton Senna / Carvalho Pinto, Raposo Tavares, Dom Pedro I, na Marechal Rondon Leste e na Marechal Rondon Oeste.

No momento, as empresas interessadas estão fazendo o credenciamento para participar do leilão das rodovias. Nas próximas semanas, o governo deve anunciar um cronograma com as datas das audiências públicas a serem realizadas em torno das concessões.

O prazo de concessão é de 25 anos e a exploração dos trechos será feita pela cobrança de pedágio dos usuários. As praças de pedágio serão do tipo barreira e bi-direcionais. O reajuste das tarifas terá como referência o IPCA e data base fixada em julho de 2007. As obras chegarão a 94 cidades do Estado.

O programa de concessões foi iniciado em 1997 e hoje soma 3,5 mil quilômetros de rodovias operadas. Nestes dez anos as empresas injetaram R$ 8 bilhões em obras: já foram realizadas ampliações de 710 quilômetros de duplicações, 130 quilômetros de novas rodovias, 5.049 quilômetros de recapeamento, 93 quilômetros de marginais, 337 quilômetros de faixas adicionais, 548 dispositivos entre pontes, viadutos e contornos e 115 novas passarelas.

Manoel Schlindwein

(I.P.)