Desde 2011, comunidades remanescentes de quilombo fazem parte do “Projeto Microbacias II – Acesso ao Mercado” da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. Por meio dele, muitos paulistas recebem auxílio do Governo paulista para aprimorar e ampliar a produção agrícola.
De lá para cá, 26 comunidades já foram beneficiadas pelo projeto e totalizam quase R$ 13 milhões de investimento. No último dia 20 de junho, durante o evento de comemoração de 51 anos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), órgão responsável pelo programa, mais uma comunidade passou a fazer parte do Microbacias.
O encontro reuniu diversos representantes do Estado e da agricultura familiar na sede do órgão, em Campinas. Um dos participantes foi Jeferson dos Santos Martins, da Associação dos Produtores Rurais do Quilombo Jaó, no município de Itapeva. Atualmente, a comunidade possui 60 famílias, com cerca de 300 pessoas.
“Fomos beneficiados com o sistema de irrigação, mas antes disso tínhamos muita dificuldade para irrigar nossas hortas. Cada um tinha que possuir sua motobomba de água, agora é tudo por gravidade e ajudou muito”, conta. Além disso, ele revela que por meio da ajuda do Estado será possível criar rotas de turismo para aumentar a renda local.
De maneira geral, os recursos disponibilizados permitiram que essas comunidades adquirissem equipamentos, maquinários, veículos utilitários, barcos, assim como construíssem centros comunitários e fomentassem o turismo.
“Para nós, enquanto quilombolas, esse Projeto é o reconhecimento da luta dos povos e o trabalho do Microbacias II tem fortalecido e organizado as comunidades para acessar o mercado”, afirmou Nilse Pontes Pereira Sanos, representante da Coordenadoria Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conac) e presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombo do Ribeirão Grande/Terra Seca, em Barra do Turvo.
A cerimônia da CATI também foi um momento para lembrar todas essas conquistas e ressaltar o desenvolvimento da agricultura paulista, responsável por 20% do PIB do agronegócio de todo o país. Os vídeos e depoimentos apresentados no dia sensibilizou grande parte do público presente.
“Quando ouvi e vi a mudança da realidade dessas comunidades e a pureza de cada depoimento, me emocionei, pois trata-se de uma vitória para essas comunidades. Muito mais do que o valor monetário investido, é o valor do reconhecimento como cidadão”, conta Eliseu Aires de Melo, diretor da CATI Regional Avaré.
É importante ressaltar também o trabalho que a Fundação Instituto de Terras (Itesp) tem desempenhado diante a essas comunidades. A entidade, que planeja e executa políticas agrária e fundiária no Estado, é responsável pelo reconhecimento dos Quilombos. Hoje, mais 1.400 famílias quilombolas em diversos municípios recebem assistência técnica do órgão.
“Me sinto muito feliz pela homenagem, pois isso é reconhecimento. Estendo essa homenagem aos meus companheiros de trabalho também”, afirmou o responsável técnico da Fundação Itesp, Valmir Mariano Ribeiro, que recebeu uma placa de reconhecimento ao lado de outros técnicos da CATI.