Método sugere mais precisão na manutenção de pistas de aeroportos

Pesquisa é do engenheiro de infra-estrutura aeroportuária Oswaldo Sansone Rodrigues Filho

dom, 19/08/2007 - 12h21 | Do Portal do Governo

Uma nova metodologia para análise da aderência em pistas de aeroportos permite tomadas de decisão mais precisas em relação à manutenção, conservação e projeto de misturas asfálticas. Entre 2001 e 2003, o engenheiro de infra-estrutura aeroportuária Oswaldo Sansone Rodrigues Filho realizou ensaios no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde aferiu as características de aderência da pista e propôs o novo método.

“A aderência entre os pneus de uma aeronave e a superfície das pistas é um fator importante quando se trata de segurança”, diz o engenheiro. Segundo ele, a contribuição de seu estudo foi principalmente no sentido de fornecer informações detalhadas que auxiliem em ações de manutenção mais eficientes.

Normalmente, a análise da aderência em pistas de aeroportos se resume a medições de atrito dinâmico com um aparelho chamado MuMeter. “Esta medição fornece um índice padronizado internacionalmente”, lembra Sansone. Esta aferição, segundo ele, é obrigatória e acontece em média a cada quatro meses, dependendo do volume de tráfego do aeroporto. As recomendações são estabelecidas pela ICAO, sigla em inglês para Internacional Civil Aviation Organization, órgão técnico da ONU para a aviação civil.

Sansone lembra que as medições com o MuMeter fornecem índices que são medidos em Mu. “Para aeroportos como o de Congonhas por exemplo, valores de atrito acima de 0,5 Mu são considerados satisfatórios. A ICAO admite até 0,4 Mu, mas com algumas restrições”, conta.

Novos parâmetros Além das aferições com o MuMeter e devidamente regulamentadas pela ICAO, Sansone adicionou outros três parâmetros para enriquecer as informações técnicas: medições de microtextura, macrotextura e de drenabilidade da pista.

Para tanto, o engenheiro se utilizou de aparelhagens relativamente simples. No caso da microtextura ele usou um Pêndulo Britânico, padronizado por norma internacional, disponível no laboratório da Escola Politécnica da USP. Para os ensaios de macrotextura, Sansone utilizou o ensaio de mancha de areia, uma técnica bastante comum, criada pela agência espacial norte-americana NASA. Este ensaio também é normatizado por especificação internacional. Para análise de drenabilidade, Sansone usou um outro equipamento igualmente simples, o drenômetro, que é semelhante a um tubo de ensaios, réplica de equipamento suíço para uso em campo.

Esses três tipos de aferições aliadas à convencional ofereceram um retrato mais detalhado das condições de atrito da pista do aeroporto de Congonhas. Os resultados constam no estudo Características de Aderência de Revestimentos Asfálticos Aeroportuários – Estudo de Caso do Aeroporto Internacional de São Paulo/ Congonhas apresentado no final de 2006 como sua dissertação de mestrado. A pesquisa foi orientada pela professora Liedi Légi Bariani Bernucci, do Departamento de Engenharia de Transportes da Poli.

As análises de Sansone foram realizadas em quatro faixas da pista de acordo com os graus de uso. “A faixa central é a mais utilizada. Além dela, avaliamos também locais sem tráfego intenso, nas faixas laterais à central”, conta, lembrando que uma outra faixa, sem qualquer tipo de tráfego e também sem grooving foi analisada.

As aferições do engenheiro forneceram dados estatísticos importantes que podem sugerir, de acordo com a situação, outras técnicas de manutenção além das convencionais. “Em geral, se usa a lavagem com jato d´água de alta pressão ou abrasão com limalha de ferro para retirada de resíduos de borracha da pista”, conta. “Os resultados dos ensaios de macrotextura e drenabilidade podem servir de subsídio para o projeto de misturas asfálticas com melhores características de aderência”, diz Sansone. Segundo ele, os resultados de medições em regiões da pista submetidas a diferentes intensidades de tráfego e diferentes ações de manutenção permitem melhor avaliar como estas atividades influem no resultado da aderência pneu-pavimento. “Nosso estudo sugere caminho para outras pesquisas que venham a favorecer a segurança, de modo que esta seja cada vez maior”, conclui Sansone.

Da USP Online