No livro especialmente escrito para a Coleção Aplauso, editada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, a atriz Nydia Licia afirma que foi no TBC, como ficou conhecido o Teatro Brasileiro de Comédia, que ganhou disciplina, respeito pelo trabalho, honestidade em cena e coleguismo; lições que lhe serviram de guia para o resto da vida.
Em uma época em que os palcos fervilham em São Paulo, é importante lembrar que a cidade deve a Franco Zampari, um engenheiro italiano que chegou ao Brasil em 1922, grande parte desta efervescência teatral. Foi este admirador da arte dramática quem fundou, em 1948, o Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC, do qual também seria o diretor administrativo. No livro Eu Vivi o TBC, da Coleção Aplauso, editada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, a atriz Nydia Licia rememora a época em que a cidade só contava com três grupos amadores e o público só estava acostumado a dramalhões ou comédias leves.
A inauguração do TBC trouxe para o palco textos clássicos e modernos, diferentes, de autores como Luigi Pirandello, Tennessee Williams, Oscar Wilde e Anton Tchekov, relata a atriz. Para ela, trabalhar no Teatro Brasileiro de Comédia era um privilégio; além do salário mensal Franco Zampari fornecia todo o guarda-roupa, algo incomum nas companhias da época.
Com a experiência de quem viveu o TBC de corpo e alma, Nydia Licia traça a história da companhia desde que ela foi fundada até ser extinta, no início dos anos 1960. A atriz refaz o percurso do cenógrafo italiano Aldo Calvo, que viria a se tornar diretor técnico do TBC, e dos diretores teatrais, também italianos, que trabalharam na companhia: Luciano Salce, Flaminio Bollini Cerri, Ruggero Jacobbi e o exigente Adolfo Celi, que imprimiu um ritmo intenso de trabalho e entusiasmou os atores. Em 1950, a companhia já se tornara 100% profissional.
Escrito em primeira pessoa, Eu vivi o TBC é um tributo aos atores que se forjaram na grande escola que foi o Teatro Brasileiro de Comédia, como Rubens de Falco, Paulo Autran, Cacilda Becker, Sérgio Cardoso, Walmor Chagas, Cleyde Yaconis e a própria Nydia Licia, entre tantos outros.
Sobre a Coleção Aplauso
Com 115 títulos já lançados que contam a história do cinema, da televisão e do teatro brasileiro por meio de seus principais protagonistas, a Coleção Aplauso foi idealizada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo em 2004. Nesses três anos, a coleção retratou a trajetória e o trabalho de artistas consagrados e contemporâneos como Sérgio Cardoso, Anselmo Duarte, Aracy Balabanian, Bete Mendes, Eva Wilma, Fernando Meirelles, Gianfrancesco Guarnieri, Leonardo Villar, Maria Adelaide Amaral, Paulo José, Raul Cortez, Sílvio de Abreu e Zezé Mota.
A coleção é coordenada pelo crítico de cinema Rubens Ewald Filho e traz sobretudo livros no formato pocket e com preços populares. Os textos são leves e escritos em primeira pessoa por jornalistas a partir dos depoimentos dos biografados. Além dos perfis, são publicados roteiros de cinema, muitos deles comentados e acrescidos de crítica e ficha técnica, compondo documentação inédita sobre a filmografia nacional dirigida ao público em geral, mas que interessa, sobretudo, a estudiosos e pesquisadores.
A idéia de fazer a coleção partiu de Hubert Alquéres, presidente da Imprensa Oficial do Estado. “A proposta é lançar livros com informações que corriam o risco de se perder por falta de recursos, interesse comercial e até pela inexistência de uma política voltada para resgatar, valorizar e consolidar a rica trajetória da produção brasileira nas artes cênicas”, comenta.
Teatro Brasileiro de Comédia – Eu vivi o TCB
Nydia Licia
Coleção Aplauso/Série Teatro Brasil
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
384 páginas
R$ 15,00
Da Agência Imprensa Oficial
(M.C.)