Um método simples e rápido tem ajudado os médicos dermatologistas do Instituto Central do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, a combaterem o melanoma – câncer de pele com grande potencial de metástese: o mapeamento panorâmico corporal.
O exame tem reduzido significativamente o número de biópsias e cirurgias desnecessárias e possibilitado o diagnóstico de melanomas finos, difíceis de serem avaliados clinicamente. O mapeamento panorâmico corporal também tem permitido aos médicos detectarem outros tipos de câncer de pele, mediante uma análise mais profunda das imagens.
A técnica consiste em fotografar todo o corpo do paciente, com imagens digitais e em alta resolução. As pintas suspeitas são enumeradas e fotografadas por um dermatoscópio – aparelho com capacidade de ampliar a área lesada em até 10 vezes no tamanho e que se utiliza de imersão ou filtros polarizados de luz para tornar a epiderme translúcida e com melhor visualização de estruturas na profundidade da pele, não visíveis a olho nu.
As imagens são arquivadas em software específico que permite acompanhar e comparar as áreas, em intervalos de tempo pré-estabelecidos. Dessa forma, os médicos têm conseguido identificar precocemente o aparecimento de novas pintas ou alterações nas já existentes.
Segundo o dermatologista Gustavo Alonso, a diferenciação entre uma lesão benigna e maligna é muito difícil de ser feita no exame clínico. O aparecimento de novas lesões também pode passar despercebido, principalmente se o paciente apresentar múltiplas pintas.
O mapeamento é feito periodicamente nos pacientes com riscos elevados de desenvolverem melanomas. Num primeiro exame, as lesões consideradas suspeitas são refotografadas em intervalos de três em três meses, período em que a doença sofre mutações, para exatidão do diagnóstico.
Para colocar em prática o método, a Divisão de Clínica Dermatológica investiu na aquisição de modernos equipamentos e instalação de estúdio fotográfico. O procedimento leva, em média, de 20 a 40 minutos. Mensalmente, a clínica realiza o mapeamento corporal em cerca de 20 pacientes.
Melanoma
O melanoma é o câncer de pele mais perigoso. Sua incidência vem aumentando muito nas últimas décadas. Contudo, este aumento não é acompanhado de um aumento de mortalidade, o que mostra que o diagnóstico precoce possui um papel fundamental no tratamento da doença.
Os principais fatores de risco podem ser divididos em dois grupos: constitucionais e ambientais. Os fatores constitucionais são: pele clara, olhos claros, tendência ao aparecimento de sardas, múltiplas pintas (nevos melanociticos) e história familiar. O fator ambiental principal é a exposição à radiação ultravioleta do sol.
Nas mulheres, este tipo de câncer aparece nas costas e pernas. Nos homens, nas costas. Normalmente, inicia-se com uma pinta escura.
Do Hospital das Clínicas
(J.H.)
