Exames preventivos e hábitos saudáveis podem evitar o câncer

No Dia Mundial de Combate ao Câncer, médica do Icesp comenta que a doença pode ser evitada através de ações preventivas

dom, 08/04/2018 - 8h06 | Do Portal do Governo

Cerca 600 mil novos casos de câncer deverão aparecer na população brasileira ainda neste ano. Esse número bastante espantoso estimado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) é suficiente para criar um alerta para a população e, sobretudo, para as políticas públicas de combate à doença.

O câncer, por sua vez, é um dos principais focos de estudos da medicina contemporânea. São eles os responsáveis por descobrirem que a grande maioria dos casos podem ser reduzidos através de iniciativas de prevenção. Pensando nisso, é importante que a população preste atenção e repense muitos hábitos e vícios desenvolvidos diariamente.

O Dia Mundial de Câncer, celebrado neste domingo (08), serve, portanto, para conscientizar sobre a necessidade de combater e evitar a doença, muitas vezes, através de pequenas ações. Isso quer dizer que a incidência pode ser menor se desde cedo o indivíduo desenvolver uma rotina mais saudável e pensada no seu bem-estar.

Diante disso, conversamos com a chefe de oncologia clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Dra. Maria Del Pilar Estevez Diz, para estabelecer um panorama geral desses casos mais frequentes e como eles podem ser, na maioria das vezes, prevenidos. Segundo a médica, a prevenção está associada a uma dieta variada e saudável, rica em frutas, verduras e legumes e muita fibra; pouco ou nenhum álcool; zero tabaco; manutenção do peso com atividade física regular.

Entretanto, há alguns fatores que nem sempre podem ser evitados. “Apesar desse conjunto ajudar no combate ao câncer, sabemos que há muitos casos relacionados a fatores genéticos, como o de mama, intestino, ovário e sarcoma. O que caracteriza as famílias que tem um risco genético aumentado é o histórico de muitos casos de câncer e o aparecimento da doença com idade mais jovem do que a população em geral”, explica a doutora.

Sendo assim, os exames médicos preventivos são de extrema importância para o diagnóstico precoce da doença, tanto para a população em geral, quanto para aqueles que possuem predisposição genética a ter a doença. Para este último grupo, de acordo com Pilar, os exames geralmente são feitos mais cedo do que os demais.

Pensando no crescimento do número de casos da doença em todo o planeta, o Governo de São Paulo esteve empenhado em desenvolver e ampliar ações que pudessem reduzir casos e, ainda, mortalidades. Hoje, os cânceres que mais afetam os homens e mulheres paulistas são, respectivamente, de próstata e de mama. Por isso, ambos ganharam programas especializados voltados para conscientização de acordo com seu público-alvo.

‘Mulheres de Peito’

Só neste ano, o Inca prevê cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama em todo país. Aqui no Estado, o programa “Mulheres de Peito” tem como objetivo de alertar sobre os riscos da doença, bem como viabilizar o acesso aos exames preventivos.

Todas as mulheres na faixa etária entre 50 e 69 anos podem realizar a mamografia gratuita a cada dois anos e sem necessidade de pedido médico. Basta ligar gratuitamente no 0800 779 00000 e agendar o exame em uma das 300 unidades referenciadas espalhadas por todo o Estado.

Além disso, o programa conta com quatro carretas que percorrem as estradas do interior paulista levando toda a estrutura necessária para a realização dos exames preventivos. As unidades móveis contam uma equipe multidisciplinar composta por técnicos em radiologia, profissionais de enfermagem, funcionários administrativos, além de um médico ultrassonografista.

“O grande diferencial das carretas é o acolhimento. Nossos profissionais procuram constantemente orientar as pacientes sobre a importância do exame, porque muitas delas têm medo do resultado. Além disso, é um procedimento realizado fora do hospital. O ambiente é outro”, comenta a gerente de operação das carretas, Andréa Almeida de Lima.

‘Filho que AMA, leva o pai ao AME’

Em março de 2014, o Estado lançou o programa “Filho que AMA leva o pai ao AME” com o objetivo de incentivar os homens a partir dos 50 anos a fazer todos os anos um check-up nas áreas de cardiologia e urologia.

No mês do aniversário, o paciente pode ligar para o call center da Secretaria de Estado da Saúde e informar seus dados e endereço. O procedimento é agendado na unidade do AME mais próxima de sua residência.

O processo é feito em dois sábados. O primeiro é realizado a consulta de triagem e exames gerais, enquanto o segundo é feita a retirada dos resultados e execução de duas consultas, uma com cardiologista e outra com urologista.

A maior rede pública de combate ao câncer do Brasil

Por meio dos programas, caso uma mulher ou um homem sejam pré-diagnosticados com câncer, eles serão encaminhados a acompanhamento e tratamento em uma unidade do Estado especializada espalhadas por todas as regiões.  É através da Rede Hebe Camargo que os paulistas possuem assistência integral, de qualidade e resolutiva qualquer que seja o tipo de câncer.

Inaugurada em 2013, a maior rede pública de combate à doença do país ganhou o nome da atriz e apresentadora Hebe Camargo, que lutou contra um câncer no peritônio (membrana do aparelho digestivo) e faleceu por complicações do quadro, em 2014.

Com base nas diretrizes do SUS, a Rede conta com um total de 76 hospitais e serviços de saúde. Com isso, 92% dos pacientes de câncer podem realizar o tratamento perto de casa e da família.

“Nós oferecemos estrutura altamente qualificada para tratamento dos pacientes oncológicos e com atendimento humanizado”, explica o secretário de Estado da Saúde, David Uip.

A regulação de oncologia do Estado de São Paulo teve início na Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (CROSS) em 2014. O objetivo foi oferecer um sistema de assistência às necessidades imediatas do cidadão através da equidade do acesso ao SUS. Para isso, os pacientes realizam o atendimento primário em uma unidade de saúde do município e, caso os exames apresentem algum indício positivo de câncer, são encaminhados para uma instituição especializada mais próxima por meio do sistema CROSS.

Para a coordenadora da Hebe Camargo, Sônia Alves, o sistema que o Estado adotou para combater a doença é bastante eficiente e capaz de reduzir complicações da doença. “Eu acho fundamental a existência da Rede no sentido de integrar e garantir o tratamento ao paciente da forma mais precoce possível. Nós temos uma rede robusta que proporciona oportunidade de fazer o melhor atendimento aos pacientes”, completa.