Estímulo à transferência de tecnologia é uma das marcas da Unicamp

Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas se destacou em projetos em 2017

qua, 15/08/2018 - 14h37 | Do Portal do Governo

Reconhecida pelo incentivo à inovação no ambiente acadêmico, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) continua a estimular alunos e o corpo docente em iniciativas ligadas à área. Vale destacar que um dos principais destaques na transferência de tecnologia no ano passado foi a Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC).

Das 13 patentes licenciadas para empresas em 2017, seis foram a partir de tecnologias desenvolvidas na FEEC. “O resultado reflete uma cultura presente desde o início da criação da Faculdade de Engenharia. Sempre houve um forte envolvimento em projetos inovadores e com empresas estatais e privadas”, explica o diretor da FEEC, professor João Marcos Travassos Romano.

De acordo com o docente, na década de 1970, diversos grupos de pesquisa da então Faculdade de Engenharia da Unicamp foram formados a partir de dois projetos ligados a empresas estatais: o da digitalização das telecomunicações (junto ao Sistema Telebrás) e às atividades de automação do Metrô de São Paulo.

Abrangência

A unidade está organizada em cinco grandes áreas e um dos fatores que impulsionou o destaque no número de licenciamentos, segundo João Marcos Travassos Romano, é a abrangência dos setores de pesquisa. É importante frisar, ainda, que todos os professores são credenciados na pós-graduação. “Criamos um ambiente acadêmico diverso, no qual convivem pesquisadores de várias gerações. Isso cria um ambiente criativo e culturalmente diverso, que propicia o surgimento de bons projetos”, acrescenta.

A diversidade e a convivência possibilitaram o licenciamento da FEEC, em 2017, para o “Sistema de controle de escorregamento de fases em sistemas ópticos”, destinado à empresa Padtec, especializada no desenvolvimento, fabricação e comercialização de sistemas de comunicações ópticas.

A inovação é resultado de uma pesquisa desenvolvida em uma parceria do professor Darli Mello, na FEEC há cerca de quatro anos, com Dalton Arantes, docente aposentado, mas que segue atuando como colaborador no Departamento de Comunicações (Decom). O estudo foi motivado pela deficiência das técnicas para estimar os chamados escorregamentos de fase em sistemas de comunicação por fibra óptica, que pode ser comparada a uma estrada por onde passa a informação.

“Nos receptores desses sistemas existe uma etapa em que o processamento digital de sinais é muito intenso. É justamente aí que podem ocorrer esses escorregamentos. A tecnologia que desenvolvemos permite estimar a probabilidade de o problema ocorrer e checar se os receptores estão funcionando bem, otimizando o sistema”, ressalta o professor Darli Mello.

Na avaliação do docente, o processo de licenciamento foi rápido porque os termos do negócio já tinham sido acordados no escopo do projeto com a empresa. Ele apontou ainda que foi fundamental a agilidade da Inova Unicamp no depósito da patente. “Isso garantiu que pudéssemos publicar os resultados sem perder a originalidade da nossa pesquisa e sem ferir os termos acordados com a Padtec”, afirma.

Aproximação

Já a diretora de Parcerias da Inova Unicamp, Iara Ferreira, esclarece que a agência desenvolve uma atividade proativa para aproximar as empresas da instituição de ensino e facilitar as negociações desde o início do projeto até a fase de licenciamento da tecnologia.

“Cuidamos do plano de trabalho, propriedade intelectual e termo de sigilo, buscando estabelecer uma negociação que possibilite o melhor retorno para a universidade. Com isso, o pesquisador fica liberado para se dedicar à pesquisa e ao desenvolvimento”, enfatiza a diretora. “Estamos melhorando nossos processos, apoiando os pesquisadores e buscando agilizar os trâmites dentro da Unicamp”, acrescenta.

De acordo com o professor Evandro Conforti, pesquisador da FEEC envolvido em projetos de pesquisa que resultaram em licenciamentos, um dos fatores que colaboraram para a liderança no número de licenciamentos foi a cooperação de longo prazo com empresas e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de são Paulo (Fapesp), ligada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.

“Só com a Padtec, já temos dez anos de parceria em projetos de pesquisa. Foi por meio dessa relação que conseguimos adquirir um osciloscópio de última geração, equipamento utilizado no desenvolvimento de três tecnologias licenciadas”, revela.

“Não podemos perder de vista que a verdadeira missão da universidade é formar recursos humanos. Mas não é simplesmente um tipo de pessoa que vai repor a força de trabalho que está atuando agora. Temos que formar um tipo de profissional inovador e flexível, capaz de criar soluções para o mundo moderno”, avalia o diretor-executivo da Inova Unicamp, Newton Frateschi.

“Nós acreditamos que é possível fazer isso expondo essas pessoas à pesquisa e ao ensino de ponta, tratando de problemas interdisciplinares, com conhecimento de fronteira de todo tipo, desde o mais fundamental ao mais aplicável. É essa diversidade que estimula pessoas mais criativas”, completa.