Visita ao mundo da ciência e da tecnologia

Iniciativas como criação de projetos de acessibilidade e promoção do conhecimento do Universo incentivam alunos a perceber a importância de desenvolver a ciência

qui, 25/10/2012 - 10h27 | Do Portal do Governo

Orgulhosos, os alunos da Etec Rosa Perrone Scavone, de Itatiba, Bruno Biraí e Matheus Prado, exibiam o resultado do TCC (Trabalho de Conclusão) do curso de Projetos Mecânicos, que ganhou prêmios e tem foco na inclusão social.

Eles desenvolveram o Tutor de Marcha, equipamento para a locomoção de paraplégicos e terapias de reabilitação, inspirado num projeto americano de custo elevado, em torno de R$ 20 mil. “Nosso objetivo era desenvolver uma versão acessível do produto, com a mesma funcionalidade”, conta Biraí, 17 anos, um dos integrantes do grupo.

A iniciativa foi um sucesso, já que o modelo custou R$ 300. “Utilizamos material reciclado, como a estrutura, que foi achada num ferro-velho e recuperada e os apoios para os pés, feitos de skates”, diz o estudante. “Esse projeto aumenta a autoestima, tanto de quem usa quanto a nossa”.

O diretor da escola, Anderson Serafim, explica que desde 2009 os alunos são incentivados a criar projetos de acessibilidade e desenvolvê-los como trabalho final. “O próximo passo é registrar o tutor e disponibilizar o projeto na internet, para que as pessoas possam baixar e
produzir por conta própria”, revela.

Alunos das 6ª e 7ª séries do Sesi Asimov de São Carlos também usaram os conhecimentos adquiridos no curso de robótica para produzir um instrumento de inclusão. Ingrid, Lucas, João e Michele estavam no estande para divulgar o protótipo em lego da escada de acessibilidade para idosos no transporte público, que criaram em conjunto com mais quatro colegas.

Ingrid explica o funcionamento, que permite o acionamento, pelo motorista, de três degraus extras para o acesso da pessoa de idade ao transporte. Para garantir a segurança do usuário, adotaram de sensores de presença, tanto na escada como no corredor do veículo, para que a escada seja recolhida apenas no momento certo.

O analista de suporte de informática e professor dos jovens, Alexandre Bueno de Oliveira, explica que iniciativas desse tipo, com possibilidade de serem aproveitadas pela sociedade, ajudam os estudantes a perceber a importância de desenvolver a ciência. E rendem reconhecimento também. No ano passado, o grupo foi campeão regional do First Lego League, que premia projetos científicos do mundo todo criados com lego, e pretende disputar vagas para o mundial.

Observação e conhecimento
Compreender o Universo fascinava os povos antigos e continua a intrigar o mundo atual. E não foi diferente com alunos da EE Professor Gabriel da Silva, de Atibaia, ao conhecer o Parque de Ciências e Tecnologia da USP (CienTec). “Vim ver coisas que nunca vi e aprender o que ainda não sabia”, diz entusiasmada Isabella Rufino. Sua turma, de 40 alunos, com idade entre 13 e 14 anos, veio conhecer inventos criados para compreender os mistérios da existência cósmica e interagir com os equipamentos.

Gabrielle Oliveira quer aprender “novos jeitos de economizar (papel, energia) para achar um modo de vida sustentável”. Para a feira de sua escola, a garota remodelou embalagem de ração animal e a transformou em sacola retornável. “Dobramos, costuramos, furamos para fazer a alça”. A participação na feira foi o principal motivo da seleção da turma para a visita, informa a professora de ciências Solange Camargo.

Promovida pela Secretaria da Educação em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia e a USP, a iniciativa levou 800 alunos (do ciclo II do ensino fundamental e ensino médio) de 120 escolas estaduais da Grande São Paulo. Curiosa sobre os planetas, Gabrielle viu-os na ntrada do Cientec (alameda do sistema solar) e em cartazes de um dos estandes montados por instituições de ensino e de pesquisa durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

Viagem planetária
Estava ansiosa para visitar o planetário digital. A Via Láctea com cerca de 200 bilhões de estrelas, os planetas, os buracos negros e algumas descobertas feitas pelas sondas espaciais Voyager e o telescópio Hubble são mostrados aos participantes durante as sessões do planetário. Entre os mistérios revelados nas visitas aos planetas, está a impossibilidade de haver vida humana no planeta Vênus que antes era visto como “planeta irmão” da Terra. Sabe-se que Marte é inóspito e seco. Resta o mistério de onde foi parar a água que haveria em seus lagos, agora desaparecidos.

Como quer ser bióloga, Isabella aproveitou para tocar em animais e insetos que podiam ser manuseados com o auxílio de monitor. Pegou em baratas, “sem sentir nojo nem medo” e no bicho-da-seda. Ficou impressionada ao saber que um casulo tem de 500 a 2 mil metros de fios de seda. Participou de concurso de dança, feito para animar a garotada que acompanhou com palmas e gritos de apoio, e levou kit do parque.

Com a ajuda de um microscópio, Vitória Regina Lobo viu de perto as “paredes” de uma folha e os cloroplastos. Depois de ouvir a explicação do monitor, resume: “Entendi que se não fossem os cloroplastos a gente não estaria aqui hoje. Eles fazem a fotossíntese”. Mateus Vinícius Novaes, olho grudado no telescópio, via árvores, nuvens e o Sol. “Sei que foi feito para ver estrelas, planetas”, comenta. O garoto gostou da corrida jogos 3D, do estande de dinossauro e da colmeia de insetos.

Luneta e esfera de granito
Quatro alunos da EE Francisco Ferreira Lopes, de Mogi das Cruzes, aproveitaram a oportunidade de observar o céu pela luneta Zeiss, instalada há quase 80 anos no CienTec. A observação dos astros é feita à noite, esclarece a monitoria. De dia, explicam o funcionamento da luneta e dão orientação sobre os planetas a alunos de escolas públicas e particulares que visitam o local. Jaqueline Toledo, 19 anos, diz que tinha olhado por uma luneta bem menor no museu da sua cidade. Gostou especialmente dos estandes de insetos vivos e do que explicava a estrutura do DNA.

Esther Dessimoni apreciou ver “as células da folha no microscópio, os brinquedos da física (branquinho com pregos, choques), insetos empalhados e feto de animal (vaca e cavalo), conservados em formol”. Gabriel Vitor Figueiredo esperava mais experimentos de tecnologia, especialmente de informática, carreira que pretende seguir. Mas aproveitou a visita para observar insetos em microscópios, inventos da física e os fetos de animais.

Ana Carolina Ribeiro se encantou com a esfera de granito. Ao ver garotos movendo a esfera, foi empurrá-la também. Mas não conseguiu por mais força de fizesse. Afinal, a esfera (de 70 cm de diâmetro) pesa 500 quilos e está apoiada por rocha análoga de 4 toneladas. É que a água (responsável pela movimentação por pressão) tinha sido desligada. Só depois de religada, pode rolar a bola com a ponta dos dedos,sem esforço. O experimento científico serve para demonstrar o efeito da lubrificação hidráulica.

Entre palestras, jogos interativos, experimentos e exposições, destaca-se a Oficina do Desafio, da Unicamp. O participante é instigado a encontrar solução de travessia de alunos para a escola depois que forte chuva, com inundação, derruba a ponte por onde teriam que passar. A alternativa à ponte é caminhar 1,5 km. O desafiado dispõe de martelo, prego, madeira e recebe ajuda de monitores para montar as peças. As soluções propostas foram refazer a ponte caída, construir ponte suspensa, fazer barco e contratar ônibus para percorrer o percurso.

Da Agência Imprensa Oficial