Durante evento em SP, cientistas debatem emissões globais de metano

Pesquisadores de 14 países e estudantes de pós-graduação participaram de ações da Escola São Paulo de Ciência Avançada

qua, 31/10/2018 - 18h34 | Do Portal do Governo

Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a Escola São Paulo de Ciência Avançada em Metano promoveu atividades em Ilhabela, entre 16 e 23 de outubro, com encerramento na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, na última sexta-feira (26).

Além de palestrantes brasileiros e estrangeiros, participaram da Escola 73 alunos de pós-graduação e pesquisadores de pós-doutorado de 14 países. Vale ressaltar que a iniciativa contou com a participação de diversos pesquisadores de instituições paulistas de ensino.

Segundo especialistas, as dificuldades para fazer medições do que é emitido pelos oceanos e as mudanças sobre a compreensão a respeito do comportamento do gás metano podem ter feito com que as emissões globais tenham sido subestimadas. As consequências da emissão grande podem englobar o aumento ainda mais acentuado nas temperaturas globais.

“A ideia da escola foi tentar avançar nas novas fronteiras do conhecimento dessa área da ciência, sobretudo quanto aos microrganismos que produzem metano”, salienta a professora Vivian Pellizari, do Instituto Oceanográfico da USP e organizadora do evento.

“Para poder controlar as emissões, é preciso conhecer a parte básica do metabolismo dos microrganismos e dos hospedeiros. Novos grupos de microrganismos têm sido descritos nos últimos anos e ainda precisam ser compreendidos”, completa a docente.

Brasil

No território brasileiro, os maiores responsáveis pelas emissões de metano são a criação de gado e as áreas alagadas, sobretudo na Amazônia e no Pantanal. Isso ocorre porque as regiões acumulam matéria orgânica em decomposição, o que reduz a concentração de oxigênio e gera o gás.

Os animais emitem metano como resultado do processo de digestão. Ainda de acordo com pesquisadores, as mudanças no uso do solo também causam impacto na proporção entre o metano liberado na atmosfera e consumido.

“O metano é um elemento-chave para conhecermos mais sobre a origem da vida”, avalia Ken Takai, da Jamstec, agência japonesa para ciência e tecnologia marinha e terrestre, um dos participantes das atividades da Escola São Paulo de Ciência Avançada.

A aplicação do conhecimento em produção de bioenergia, gerenciamento de resíduos e em agronomia também foi tema de debates entre os pesquisadores. “Quando há desequilíbrio entre produção e consumo, acaba havendo liberação do gás para a atmosfera. Para agricultura e solo, essa é uma das principais discussões colocadas aqui”, enfatiza o professor da Esalq Fernando Dini Andreote.

Medições

Além da quantidade de hidrato de gás, a emissão de metano dos oceanos como um todo é apenas estimada. Apesar de métodos para fazer as medições já sejam conhecidos, especialistas presentes no encontro alertaram que seriam precisos mais pontos de medição.

“Para esse tipo de levantamento precisamos de navios, robôs e engenheiros. É um esforço de muita alta tecnologia. Logo, poucos países no mundo têm condições de fazer esse trabalho, embora devessem medir emissões pelo menos em sua própria zona econômica exclusiva. Por isso, temos muito poucos dados”, afirma a pesquisadora Antje Boetius, do Instituto Max Planck de Microbiologia Marinha, em Bremen, na Alemanha.

É importante frisar que os participantes fizeram visitas técnicas à Esalq e ao Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), também da USP, em Piracicaba, além de acompanharem palestras e apresentarem trabalhos na área.