Participantes da Escola da Construção Civil têm aulas dois dias por semana, no Parque da Água Branca, na capital
A 29ª turma do curso de Pedreiro da Escola da Construção Civil do Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (Fussesp) realiza as atividades teóricas e práticas no Parque da Água Branca, na capital paulista. Com carga de 80 horas e duas aulas semanais, em meio período, os alunos estão divididos nas modalidades Pedreiro e Assentador de Pisos e Azulejos.
Os cerca de 20 participantes se inscreveram gratuitamente e colecionam histórias que demonstram a importância do aprendizado contínuo. Um dos exemplos é a dentista e professora aposentada Graça Maria Monteiro. “Tenho sede de conhecimento e acho fascinante o conteúdo abordado no curso. As pequenas e grandes construções são obras de arte”, ressalta a aluna de 71 anos.
“Espero poder administrar as obras que ainda pretendo fazer. Moro com minha irmã e minha vida é muito movimentada”, relata Graça Maria Monteiro, que é moradora de Embu das Artes, na Grande São Paulo, visitou o parque e confirmou a inscrição na iniciativa.
Atividades
Em 2017, o Fussep formou 1.245 pessoas. As atividades ocorrem desde abril de 2012. A definição de construção como obra de arte também faz parte das reflexões do guia de turismo Mario Charles, de 52 anos, para integrar a turma. O haitiano está no Brasil há quatro anos e começou a frequentar o Parque da Água Branca ao cantar em um coral.
Um dia, quando passou pelas instalações do Fundo Social, ele viu as instalações da Escola de Construção Civil e resolveu fazer a inscrição. “Sempre gostei de conhecimento e avalio a construção como uma arte. É interessante que o Governo do Estado de São Paulo promova ações do tipo”, analisa o participante.
Além disso, Mario Charles, que fugiu do Haiti em razão de perseguição política, demonstra admiração pela quantidade de mulheres que acompanham as aulas. São pelo menos quatro alunas na turma.
Uma das participantes é a arquiteta Karina Cáceres Gonzalez. Aos 44 anos, a chilena soube do curso por meio de uma amiga que se inscreveu em outra atividade do Fussesp e indicou a Construção Civil para ela. “Estou adorando, pois saberei se o material utilizado pelo profissional é bom ou não. Com o conhecimento, eu me sinto uma arquiteta mais completa”, enfatiza a profissional, que reside no Brasil há 42 anos.
Aprendizado
Ministrando aulas no curso de Construção Civil há três anos e meio, a professora Josilda Lima Xavier afirma que um dos principais desafios é conduzir um grupo com perfil diversificado e atender às expectativas de todos da melhor maneira possível. “Já lecionei para pessoas que não sabiam ler e até mesmo para advogados. O mais gratificante é ver a alegria do aluno ao aprender”, explica.
A docente se emociona ao falar sobre a transmissão de conhecimento para as turmas, que envolve, por exemplo, lições sobre Matemática e elaboração de orçamentos, entre vários tópicos.
Outro caso interessante é o do pedreiro Severino Luiz da Silva, de 52 anos. Natural de Alagoas e morador de São Paulo há 28 anos, o estudante conseguiu autorização do o engenheiro da obra em que trabalha e foi liberado para participar das aulas. “Estou achando o curso muito bom, pois trabalho na área há oito anos. Comecei como ajudante de pedreiro, levantando paredes e fazendo outras atividades. Quero aprender mais a administrar uma obra”, destaca.
Estrutura
Os participantes dos cursos da Escola da Construção Civil do Fundo Social recebem material didático, uniforme e lanche. As inscrições são realizadas diariamente das 8h30 às 16h. Os interessados devem comparecer à sede do Fussesp com RG e CPF, no Parque da Água Branca. O endereço é Rua Ministro Godói, 180 – Perdizes – Prédio 73.
O conteúdo está à disposição para qualquer pessoa a partir dos 18 anos de idade. Além da sede, os cursos também são ministrados no CIC Norte – Jova Rural, CIC Grajaú, CIC Guarulhos, CIC Feitiço da Vila e no posto Sol Nascente. As inscrições para os Centros de Integração da Cidadania (CICs) são realizadas nas próprias unidades.
