Ciclo de palestras debate o impacto das fake news na ciência

Evento com especialistas ocorrerá na próxima segunda-feira (25); inscrições, gratuitas, podem ser feitas pela internet

ter, 19/03/2019 - 11h59 | Do Portal do Governo

As notícias falsas propagadas sobretudo por meio das redes sociais, conhecidas como fake news, não poupam nem mesmo as áreas do conhecimento. Na ciência, elas podem comprometer a difusão de informações científicas, prejudicar o desenvolvimento do conhecimento e até afetar negativamente políticas públicas em setores fundamentais.

Por isso, os impactos das notícias falsas na ciência serão discutidos no primeiro evento do Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação de 2019. A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Instituto do Legislativo Paulista (ILP) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Vale destacar que o evento acontecerá na próxima segunda-feira (25), das 15h às 17h, na Assembleia Legislativa de São Paulo, e contará com a participação de quatro palestrantes.
As palestras do Ciclo ILP-FAPESP são abertas ao público e têm inscrições gratuitas, pela internet. As vagas, porém, são limitadas.

Saúde

A diretora técnica da Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, a médica Helena Sato, participará do evento com o tema “Os impactos das fake news nas campanhas de imunização”.

A abordagem tem ligação com as notícias falsas que atingiram, no ano passado, as campanhas de vacinação contra doenças como a febre amarela, o sarampo, a poliomielite e o HPV, vírus que pode causar câncer de colo de útero, segundo levantamento feito pelo Ministério da Saúde, a partir de monitoramento na internet.

A constatação levou o Governo Federal a lançar uma ação contra a disseminação de notícias falsas, com vídeos didáticos sobre como identificar essas informações. O Ministério da Saúde também adotou, no próprio site, uma seção exclusiva para combater as notícias falsas da área da saúde.

Divulgação

O jornalista Francisco Rolfsen Belda, professor do Departamento de Comunicação Social e vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), abordará a “Divulgação científica, desinformação e indicadores de credibilidade jornalística”.

A apresentação do docente refletirá sobre as relações entre as práticas de divulgação científica, os fenômenos de desinformação nos meios digitais e a busca por critérios capazes de indicar a credibilidade de conteúdos jornalísticos distribuídos na internet.

“Com a profusão de notícias na internet e, sobretudo, nas chamadas mídias sociais, é cada vez mais difícil distinguir a informação de qualidade do ruído. Quando se trata de informação científica, essa distinção é ainda mais complicada”, afirma o professor.

“Muitas vezes, os leitores acabam tomando como verdade a posição de fontes pouco confiáveis ou formando sua própria opinião a partir de relatos mal apurados ou de informações de qualidade duvidosa”, acrescenta.

Pseudociência

O professor Peter Schulz, da Faculdade de Ciência Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também participará dos debates e ministrará a apresentação “Quando a ciência dá lugar à pseudociência e vice-versa: como evitar prejuízos à sociedade”.

“A ciência, que por construção deveria ser imune à pós-verdade e à produção de notícias falsas, é um território do conhecimento humano que também está sendo invadido por opiniões e crenças que se sobrepõem ao rigor científico”, salienta o docente.

Também comparecerá ao evento a pesquisadora e uma das fundadoras do Instituto Questão de Ciência, Natalia Pasternak Taschner, com a apresentação “Consulte um cientista! Como formular políticas públicas baseadas em evidências”.

O Instituto Questão de Ciência tem a missão de apontar e corrigir a falsificação e a distorção do conhecimento científico, além de promover a educação científica e apoiar o uso de evidências na formulação de políticas públicas.

Ciclo

O Ciclo ILP-FAPESP busca promover eventos de divulgação científica voltados à sociedade, legisladores, gestores públicos e outros interessados.

Neste ano, como ocorreu em 2018, o evento terá ainda mais sete edições, entre abril e junho e entre agosto e novembro. Os próximos temas a serem abordados neste primeiro semestre são big data e machine learning, além de álcool e drogas na adolescência.