Cego é referência para programas de inclusão do Poupatempo

Em busca do 'Escreve Cartas' e 'Voz Amiga', Petrúcio frequenta semanalmente a unidade de Itaquera desde 2010

ter, 26/06/2018 - 9h03 | Do Portal do Governo
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Voluntárias Ruth e Olívia do Programa Voz Amiga ao lado de Petrúcio, idealizador do projeto

Inclusão e solidariedade são focos de muitos projetos do Governo do Estado de São Paulo. Um dos maiores exemplos em todo território paulista é o Escreve Cartas, criado em 2001 com o intuito de atender cidadãos com dificuldades em ler e escrever que desejam redigir cartas, preencher formulários e até mesmo elaborar currículos.

O programa, voltado aos usuários do Poupatempo, está disponível nas unidades de Santo Amaro e Itaquera, na capital, e de São Bernardo do Campo. Desde então, já registrou mais de 300 mil atendimentos e ajudou muitas pessoas.

Petrúcio Ramos da Silva foi um deles, que perdeu a visão ainda pequeno. Nascido em Pernambuco e vítima de um glaucoma, o metalúrgico aposentado já passou a fazer parte da história do Poupatempo.

Mudou-se para São Paulo aos 20 anos de idade e, em 2010, com apoio da esposa Arlete (também cega) e dos filhos Simone e Vinícius, passou a procurar semanalmente os voluntários do Escreve Cartas na unidade de Itaquera para enviar mensagens a parentes e amigos do Nordeste e Rio de Janeiro. “Sempre gostei muito de me corresponder com as pessoas”, conta.

A voluntária Ruth Mora conta que Petrúcio sempre tem boas histórias para contar e boas sugestões de livros para serem lidos. Aos 63 anos, a professora aposentada cede duas horas da semana ao Escreve Cartas desde 2010. “Depois que me aposentei, senti falta de fazer alguma coisa para ajudar o próximo, depois de tantos anos ajudando os meus alunos”, comenta.

Olívia Maria de Ávila também é voluntária do programa em Itaquera e participa da ação há quatro anos. Assim como Ruth, a técnica de enfermagem aposentada de 66 anos se comove com as mensagem dos usuários. Segundo ela, a iniciativa tem um propósito muito maior do que apenas redigir cartas.

“Algumas pessoas parecem que chegam mais em busca de atenção do que realmente para escrever cartas. A gente sempre atende o que eles pedem, mesmo que seja alguns minutos de conversa sobre a vida. Isso faz bem para eles, mas sinto que faz mais bem para a gente”, explica.

Uma sugestão, um projeto

De lá para cá, Petrúcio teve papel fundamental para continuar aprimorando os serviços realizados pelo Poupatempo. “Um dia ele nos procurou e perguntou se não seria possível criar um serviço especial de leitura para cegos”, conta a Zulene Chagas Rodrigues Aguirre, uma das coordenadoras do da unidade de Itaquera.

O projeto chegou à Marcelo Pedrosa, então gerente do posto e atualmente superintendente de Novos Projetos do Poupatempo, que se interessou pela ideia. A partir da sugestão do metalúrgico, nasceu o Voz Amiga, um serviço de leitura de livros, cartas e documentos também para cegos e analfabetos.

Em abril de 2011, o programa recebeu Menção Honrosa no Prêmio Mario Covas e foi ressaltado como um grande incentivador de boas práticas de gestão pública que aprimoram a qualidade dos serviços e elevam o bem-estar dos cidadãos. Até hoje, Petrúcio frequenta semanalmente o programa às quintas-feiras, no Poupatempo Itaquera.

Sensibilidade do voluntarismo

A unidade atualmente está com uma exposição de fotos do fotógrafo Tiago Queiroz do jornal O Estado de S. Paulo. Na última quinta-feira (21), Ruth e Olívia fizeram questão de apresentá-la ao idealizador do Voz Amiga.

No mesmo dia, o Poupatempo publicou um vídeo em suas redes sociais no momento em que Ruth lia sobre a exposição para Petrúcio. A publicação chegou ao fotógrafo que se disse emocionado.

“Alguma coisa conspirou para que esse conjunto de imagens que fiz numa tarde chuvosa de janeiro de 2017 fizesse tanto sucesso!”, ressalta Queiroz. “O fato é que esse vídeo iluminou minha alma e tornou-se combustível para continuar a percorrer com coragem essa estrada!”