Banco de Leite do HC de Ribeirão Preto exporta modelo para a América Latina

O primeiro curso será em Tegucigalpa, capital de Honduras

sáb, 11/10/2008 - 16h40 | Do Portal do Governo

As doadoras do Banco de Leite Humano do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (BLH) estão em festa. A instituição, referência para 27 bancos de leite humano do interior de São Paulo, foi indicada para ser membro integrante de uma missão internacional para a adoção e implementação de bancos de leite humano na América Latina. A boa notícia foi dada às voluntárias e ‘amigas do peito’ da instituição no dia 1o de outubro, quando se comemorou o Dia Nacional da Doadora de Leite Humano.  Para celebrar a data, o BLH realizou evento e premiou as maiores doadoras pela boa ação. 

“Estou orgulhosa por participar dessa corrente e de ter ajudado tantas crianças com o meu leite”, afirma Solange Reis Tobias, mãe de três filhos: Stefany (53 dias), Heitor (oito anos) e Wesley (13 anos). Solange, 38, é campeã de doação de leite. “Sempre amamentei meus filhos e doei o excedente para o Bando de Leite. Com a Stefany, bati o recorde. Foram 50 litros desde o nascimento. Em uma semana, doei 10 litros”, diz orgulhosa.

Essa e muitas outras histórias de sucesso, como a de Luciana Miguel Tornich, fizeram com que a instituição ‘exportasse’ seu modelo para diversos países da América Latina. “Quando minha filha Luiza nasceu não conseguia amamentá-la. Com a ajuda das funcionárias do Banco de Leite consegui em seis meses tornar-me doadora”.   

De acordo com Anália Ribeiro Heck, “a missão é resultado de um projeto desenvolvido pelo Ministério da Saúde, por meio da Fundação Oswaldo Cruz e da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, com o apoio e participação do Ministério das Relações Exteriores. Nesta missão, o corpo constituído por representantes desta rede brasileira ministrará cursos para transferir conhecimentos tecnológicos”.

O primeiro país a ser visitado será Honduras. Na capital, Tegucigalpa, será ministrado um curso de 40 horas sobre todo referencial teórico para montagem e funcionamento dos bancos de leite. Na semana seguinte será realizada a parte prática, com os profissionais de Tegucigalpa e em outras cidades do país.

Cuba, Argentina, Venezuela, Colômbia, Uruguai, Costa Rica também receberão a comitiva que ajudará na instalação e aperfeiçoamento de bancos de leite. “Todos assinaram protocolo de cooperação técnica. O Brasil irá transferir conhecimento inclusive para os países onde existem bancos de leite, mas que não funcionam nos moldes brasileiros, considerados os de melhores resultados”, explica Anália Heck.

Reconhecimento internacional – A rede de banco de leite humano brasileira é considerada a maior e melhor do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2001, recebeu o prêmio Sasakawa pelo melhor trabalho científico de aplicação prática para redução da morbimortalidade infantil no mundo. A premiação foi outorgada na 54a Assembléia Mundial da Saúde.

Doar é um ato de cidadania

“A mulher que realiza a atitude solidária de doar o leite excedente sofre menos risco de câncer de mama e de ovários e osteosporose”, informa Francisco Martinez, médico pediatra e um dos responsáveis pelo berçário do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. O processo de conscientização das mães para que doem o excedente do leite ou mesmo que amamentem seus filhos tem início logo após o parto. Aline Cardoso Juazeiro, mãe de Isabelly, de oito meses, é doadora. “Meu ginecologista incentivou a amamentar minha filha e explicou que o excedente poderia ser doado para bebês prematuros. É uma experiência indescritível”.

Mulheres saudáveis em período de amamentação podem seguir o exemplo das mães de Ribeirão Preto e doar o excedente de leite materno nos postos de recolhimento, localizados na Grande São Paulo e interior. “Contamos com a colaboração e solidariedade das mães que estão amamentando e podem doar. O que para você pode ser apenas leite, para a criança é vida”, argumenta Maria José Guardia Mattar, coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital Maternidade Estadual Leonor Mendes de Barros.

Na capital, o banco desta instituição procura novas doadoras para manter o estoque que está em queda por causa da proximidade do final do ano, quando as mulheres viajam de férias. 

A equipe do Banco de Leite, em parceria com o Corpo de Bombeiros, faz a coleta diariamente. Em visita às mães, os técnicos orientam sobre higiene, procedimentos de retirada, conservação e armazenamento do produto.

Quando chega ao banco, é pasteurizado e submetido a exames de controle de qualidade físico-químico e microbiológico. Destina-se aos recém-nascidos prematuros ou aos bebês impedidos de amamentar. 

Consulte os endereços dos bancos de leite na capital e interior no site www.fiocruz.br/rededlh

Benefícios da amamentação

Para a mãe – menor risco de câncer de mama e de ovários e osteoporose, maior intervalo entre gestações, aumento do vínculo entre mãe e filho, praticidade e satisfação.

Para o bebê – alimento completo (nutricional e imunológico), proteção contra infecções, processos alérgicos e de doenças crônicas, maior vínculo afetivo e desempenho nos testes de inteligência, prevenção de problemas ortodônticos e fonoarticulatórios. A amamentação diminui a mortalidade infantil e o risco de maus-tratos e abandono.

Para a família – melhora da qualidade de vida e do vínculo familiar, mais praticidade e economia.

Para o hospital – menos internações por doenças infecciosas, menos infecções cruzadas e hospitalares e menos tempo de permanência hospitalar.

Maria Lúcia Zanelli, da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)