Acidente em Congonhas: técnica do IML diz que meta é identificar todos os corpos

“É muito remota a possibilidade de que algum corpo não seja identificado”. A afirmação é de Norma Bonaccorso

qui, 26/07/2007 - 10h44 | Do Portal do Governo

Atualizada às 17h29

“É muito remota a possibilidade de que algum corpo não seja identificado”. A afirmação é de Norma Bonaccorso, técnica responsável pelo laboratório de DNA do Instituto de Criminalística que trabalha na identificação das vítimas do acidente com o Airbus da TAM.

Em entrevista ao site da SSP, a doutora afirma que São Paulo dispõe de equipamentos de última geração e tem condições de trabalhar mesmo que o material genético esteja danificado. E faz uma ressalva: “O exame de DNA é uma tecnologia a mais. Não é nem mais nem menos eficiente que os outros recursos”.

Leia a entrevista abaixo.

Secretaria de Segurança – Já existe estimativa de quantos corpos vão precisar ser identificados por meio de exames de DNA?

Norma Bonaccorso – Não, ainda não há estimativa.

Secretaria de Segurança –  Alguns veículos de comunicação noticiaram que alguns corpos correm o risco de não serem identificados nem por exames genéticos devido à alta temperatura a que foram submetidos. Há risco de que algum corpo fique sem identificação?

Norma Bonaccorso – É muito remota essa possibilidade, porque os corpos não foram totalmente carbonizados, mas parcialmente. E nós dispomos de tecnologia que permite utilizar mesmo o material genético danificado.

Secretaria de Segurança – Embora o uso dos exames seja considerado como último recurso, a coleta de sangue dos familiares das vítimas já está sendo feita desde a semana passada. Por quê?

Norma Bonaccorso – Não apenas dos familiares como também dos corpos. Nós estamos adiantando isso, fazendo um trabalho paralelo. Normalmente, em grandes tragédias, o exame de DNA é tido como última instância porque é mais moroso. Não é nem mais nem menos eficiente que os outros recursos.

Secretaria de Segurança – A senhora tem o número de famílias que tiveram amostras coletadas até o momento?

Norma Bonaccorso – Aqui em São Paulo, no sábado, coletamos amostras de 84 famílias, totalizando 124 familiares. No domingo, foram seis famílias. Fora as amostras que foram coletadas pelas equipes técnico-científicas de outros estados.

Secretaria de Segurança – Existe diferença entre coletar material dos pais, dos irmãos e dos tios?

Norma Bonaccorso – A ordem de preferência genética é mãe, pai, filhos e irmãos.

Secretaria de Segurança – O número de amostras recolhidas de uma mesma família influi para a melhor composição do banco de dados? Quanto mais amostras, melhor?

Norma Bonaccorso – Não. É suficiente que um familiar apresente a amostra. Não precisa ser da família toda.

Secretaria de Segurança – Se a mãe de uma vítima estiver no Rio Grande do Sul, ela pode se dirigir a um laboratório da equipe técnico-científica e oferecer amostras de sangue. A senhora sabe quanto tempo demora para essa amostra chegar aqui?

Norma Bonaccorso – É praticamente on-line. O material é analisado no estado de origem e os resultados podem ser enviados via internet.

Secretaria de Segurança – Quanto de material genético das vítimas é preciso para a realização dos exames?

Norma Bonaccorso – Isso varia de acordo com o estado de conservação de cada corpo. Alguns dispõem de sangue, outros ossos, dentes. Nós vamos usar qualquer tecido que tenha células.

Secretaria de Segurança – Quanto tempo demora a análise do sangue dos parentes para compor o banco de dados?

Norma Bonaccorso – A análise do sangue dos parentes demora de seis a doze horas.

Secretaria de Segurança – Quanto tempo demora a análise do material biológico do corpo das vítimas?

Norma Bonaccorso – O processo é mais complexo porque é um material que sofreu intempéries.

Secretaria de Segurança – Os equipamentos e os materiais disponíveis para a realização desses exames são adequados? Se fôssemos colocar o Brasil em um cenário mundial em que patamar o país ficaria no domínio dessa tecnologia de análise de DNA?

Norma Bonaccorso – Os equipamentos e os materiais são absolutamente adequados. São de última geração. Tudo o que existe em outros estados do Brasil, São Paulo tem. Em um cenário mundial, os países que estão mais avançados na identificação óssea por meio do DNA são aqueles como a Croácia, a Colômbia, que têm muitos desaparecidos. Nós não estamos tão atrás. Aqui em São Paulo, o laboratório de DNA do Instituto de Criminalística recebe de 40 a 50 casos de identificação óssea por meio de DNA por mês.

Leia também:

Da Secretaria de Segurança Pública