Segundo OMS, atividade física pode prevenir casos de câncer

No Brasil, dez mil casos por ano poderiam ser evitados se fosse cumprida a recomendação de 150 minutos de atividade por semana

qui, 02/08/2018 - 13h34 | Do Portal do Governo

Uma pesquisa feita no Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em parceria com a Universidade de Harvard, Universidade de Cambridge e Universidade de Queensland, aponta que cerca de 10 mil novos casos de câncer, entre eles o de mama e o de cólon, poderiam ser evitados no Brasil se a população aderisse mais à prática da atividade física.

A revista científica internacional Cancer Epidemiology  publicou em julho de 2018 um artigo sobre o assunto com dados alarmantes. Na última pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013, aproximadamente metade das pessoas sequer atingiu a recomendação mínima recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de 150 minutos de atividade moderada ou 75 minutos em ritmo mais intenso por semana.

Entre as mulheres, cerca de 51% não se exercitam, enquanto nos homens o índice é de 43%. Um dos autores do estudo, Leandro Fórnias Machado de Rezende diz que a pesquisa utilizou dados fornecidos a prática de atividade física no Brasil, dados sobre risco de câncer associados à falta de atividade física de uma extensa revisão de literatura, além de dados sobre a incidência de câncer publicados pelo Inca e pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer. A partir desta análise, foram feitas diferentes estimativas de prevenção de câncer por meio da atividade física.

Segundo o Inca, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, respondendo por cerca de 28% dos casos novos a cada ano. Em 2018, há uma estimativa de aproximadamente 60 mil novos casos.

Já no câncer colorretal, os tumores acometem parte do intestino grosso (o cólon) e o reto. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso e se tornarem malignos. Em 2018, a estimativa é de 36 mil novos casos.

A prática regular da atividade física influencia no controle de peso e no nível de gordura, além de atuar diretamente sobre hormônios e marcadores inflamatórios. Já a falta de atividade física aumenta o risco de incidência de alguns tipos de câncer, principalmente os que foram objetos de estudo, o de mama e o de cólon.

O estudo revela ainda que que até 8.600 casos de câncer em mulheres e 1.700 casos de câncer em homens poderiam ter sido evitados simplesmente com o aumento da atividade física semanal. Segundo Rezende, esses casos correspondem à 19% da incidência de câncer de cólon e 12% de câncer de mama no Brasil.

Analisando os dados do ponto de vista geográfico, o Rio de Janeiro teria 1.244 casos evitáveis e São Paulo, outros 2.587 casos, se as pessoas se mantivessem mais ativas fisicamente. “Claro, falta tempo para se exercitar porque o estilo de vida mantido nas metrópoles quase que não permite conciliar trabalho, estudo e afazeres domésticos com prática regular de atividade física”, opina Rezende .

Segundo ele, os pesquisadores que trabalharam nesse estudo acreditam que as estimativas possivelmente podem estar subestimadas porque há estudos recentes sugerindo uma possível relação de atividade física com a redução do risco de até 13 tipos de câncer.

Com informações da Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina.